Fui de uma época que o ensino público era de qualidade.
Para fazer o antigo ginásio tive que prestar um vestibular
que se chamava exame de admissão.
Havia ate cursinho, após o primário!
Se por um lado esse acesso era restrito a classe media
vigente, com poucas exceções entre os mais pobres, de outro conseguia manter um
nível de qualidade.
O resultado é que minha geração e as anteriores que
estudaram naquele sistema buscavam o conhecimento e retribuíram sendo profissionais
de excelência.
Isso gerou um mito.
O mito do diploma universitário.
Como se bastasse o diploma para se adquirir conhecimento por
osmose.
Ainda que possa parecer preconceituoso, questiono se a
universalização do ensino publico, como foi feita, ajudou ou não a melhorar o
pais.
O fato é que os professores que tive eram profissionais
advindos da própria classe media.
Isso proporcionou um ensino de qualidade.
Mas, com a universalização, foi preciso buscar professores
onde fosse possível encontrá-los.
Como o salário do professor é mais baixo, relativamente a
outras profissões, poucos da minha geração se dispuseram a ingressar nessa
profissão.
Daí que se abriu espaço para aqueles que emergiam das
classes mais humildes, cuja renda era mais baixa do que a de um professor,
enxergassem essa profissão de fácil acesso e com remuneração adequada.
Mas, faltava-lhes uma visão de mundo mais abrangente.
Faltava-lhes conhecimento mais amplo.
Faltava-lhes cultura mais evoluída.
Com raras exceções, surgiu uma massa de professores de baixa
qualificação.
Por outro lado, os estudantes vieram cheios de carências alimentares,
de carência cultural, de carência educacional básica.
Muitos desses viraram inclusive professores.
Renovando o ciclo de baixa qualidade no ensino.
O resultado é que grande parcela desses estudantes acabaram
chegando às portas das universidades.
Cheios de deficiências.
A numerosa quantidade de estudantes com nota de redação zero
no ENEM preocupa.
Não sabem se expressar.
É uma geração que se supõem terem estudado, mas são apenas
portadores de canudos.
A cereja no bolo é a permissão dessa massa nos bancos das
universidades através de cotas.
Ao invés de melhorar o ensino básico, resolve-se o problema
através da mentira.
Todos serão formados, mas nenhum estará capacitado para exercer
a função.
Serão os profissionais de mentirinha!
Mas, o mercado precisa deles, ainda que não sejam os
desejados.
O resultado imediato é que os salários caem.
Ao invés de contratar um bom profissional, contratam-se dois
ou três pelo mesmo valor de um bom e vai se levando o serviço do jeito que der.
Com isso a qualidade dos serviços cai.
Como se não bastasse o governo estadual de São Paulo
resolveu adotar o mesmo procedimento de contratação de pessoal desqualificado,
através de cotas.
Tiveram uma educação escolar ruim, tiveram acesso a
faculdades de qualidade duvidosa e agora fecham com chave de ouro, se pudermos
assim qualificar, empregando-os totalmente desqualificados.
Fico aqui na duvida.
Não teria sido melhor deixá-los onde se originaram?
Em suas origens, dentro de suas limitações, não teriam
melhor desempenho em suas funções?
E ao invés de acessá-los ao nível universitário, não seria
melhor que se lhes pagassem melhores salários, como acontece em outros locais
pelo mundo?