sábado, 14 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo I

                                                    Esclarecimento inicial

Bem o texto que vou publicar trata-se de um relato realque pode surpreender.
Resolvi escrever, apos ficar 45 dias em uma UTI.
Escrevi porque acho importante informar às pessoas, que estejam, ou que tenham algum familiar ou amigo, em situação semelhante e saibam como encarar o fato de se estar com câncer.
Dai o titulo Uma experiencia bio desagradável.
Alem disso, ha o relato da visão do que aconteceu nos bastidores de uma UTI, 
sob o ponto de vista de um paciente dopado e com o figado frágil.
Essa condição faz com que tenhamos alucinações.
Então, essa foi a minha realidade, naqueles momentos.
Enquanto vivenciei tudo aquilo e muito mais, que acabei não relatando, tudo me parecia muito verdadeiro.
Eu fiquei demasiadamente assustado naquela UTI.
Depois, quando sai, entendi que misturei fatos reais com alucinações. 
Como o texto total tem quase 100 paginas, vou apresentar editado, sob forma de texto-novela.
Sera em 30 capitulos.
Hoje, inicio explicando como tudo começou.

Capitulo I – A descoberta do câncer e minha visão filosófica sobre a vida

Naquela manhã ensolarada de setembro de 2.008, fui mais uma vez ao consultório do Dr. João Santiago, que era o meu médico clinico geral, para levar os resultados do exame de sangue, que ele havia solicitado dias antes.
Eu ia ao consultório dele pelo menos duas vezes ao ano, para fazer um check up quanto aos níveis de colesterol, triglicérides, glicemia, entre outros, pois tinha sobrepeso. 
Ao examinar o resultado dos exames, Dr. João verificou que a taxa de colesterol estava no limite superior e fez as recomendações de praxe, alertando que eu precisava perder peso, fazer uma dieta menos calórica, evitar frituras e gorduras.
Na verdade, ele me acompanhava há anos e sabia que a minha taxa de colesterol e triglicérides oscilava para menos e para mais.
Mesmo assim ele me perguntou se eu não queria tomar Zocor, remédio para diminuir o nível de colesterol e triglicérides, a base de sinvastatina. Respondi que não e lembrei a ele que há algum tempo atrás, quando utilizei o Zocor, que ele receitara, como me causava dor de cabeça, resolvi não tomar mais.
Em seguida, ele examinou meu abdômen, apertando suavemente suas mãos em diversos locais, sempre perguntando se sentia alguma dor. Como nada sentisse ele passou à medição de minha pressão arterial, que resultou em 11 por 7. Essa era a minha pressão habitual.
Finalmente, disse que eu estava bem de saúde, mas como eu não queria tomar a sinvastatina, ele insistiu para que eu tomasse cuidado com o nível alterado de colesterol, fazendo uma dieta. Explicou, o que eu já sabia, sobre os riscos do colesterol alto.
Quando ele falou que poderia entupir as veias e ter complicações cardíacas, lembrei-me que portava uma capa de gordura no fígado. Há oito anos atrás, quando realizei um exame de ultra-som abdominal descobri isso.
Perguntei a ele se não era a hora de ver como estava aquela capa de gordura, pois realmente não desejava ter futuras complicações cardíacas.
Em um primeiro momento ele não achou necessário, pois disse que, aparentemente, eu estava sadio. Mas, como eu insisti, ele acatou e preencheu uma guia do formulário do meu convenio médico, requisitando exame de ultra-som abdominal.
Realizei o exame. Quando fui pegar o resultado, como de costume, abri o relatório e o li. Achei estranho constar que havia duas manchas no lobo direito do fígado.
Pensei: O que será isso? Será coisa grave? Acho que não. Melhor nem pensar. Vou esperar o médico ver o exame e escutar o que ele tem para dizer. Eu nunca tive qualquer doença no fígado. Meu figado é bom. Deve ser alguma bobagem.
Mas, fiquei preocupado.
Imediatamente liguei para o consultório do Dr. João e solicitei um agendamento. Como a atendente não tinha uma data próxima, insisti argumentando que era um caso urgente de retorno, pois precisava esclarecer um resultado do exame que o Dr. João havia solicitado e que pela minha leitura parecia não ser nada bom. Consegui uma consulta de encaixe para o dia seguinte
Imediatamente, após a leitura do relatório e visualização das imagens, Dr. João demonstrou uma inquietação. Sem disfarçar, aconselhou-me a procurar, com urgência, um médico especialista em hepatologia.
Sai do consultório com idéias negativas. Pensei até que fosse uma hepatite ou cirrose. Meu avô paterno, Alcindo, que bebia muito pouco e sempre teve uma vida regrada, acabou tendo cirrose e vindo a falecer em decorrência disso.
Pensei: É a genética agindo.
Procurei o telefone do Dr. Djalma, que fora o médico que oito atrás havia me solicitado aquele meu primeiro exame de ultra-som abdominal. Consegui agendar uma consulta com ele uma semana depois, após muita insistência e ter que recorrer ao argumento de que se tratava de uma consulta de urgência, pois outro médico havia recomendado que procurasse imediatamente o Dr. Djalma, para esclarecer o resultado de um exame que o outro médico avaliara com preocupação.  
Após o Dr. Djalma estudar este exame, fez-me uma série de perguntas para tentar descobrir uma origem daquelas manchas. Perguntou se eu morava ou tinha morado em sitio ou fazenda. Não entendi o porque da pergunta. Ele me explicou que poderia ser alguma doença relacionada a animais e aves. Como respondi que sempre fui citadino, ele descartou essa possibilidade.
Pensei: Será câncer?
Resolvi perguntar. Ele respondeu que não tinha certeza desse diagnóstico. Disse que só com esse exame não conseguia afirmar se era ou não era câncer e solicitou uma tomografia do abdômen e outros exames de sangue.
O resultado do exame de sangue confirmou que não era portador de hepatite A, B ou C, assim como os marcadores de tumores cancerígenos estavam dentro do padrão de normalidade.
A tomografia confirmou a existência de dois tumores e no relatório recomendava uma ressonancia magnética do abdômen. O Dr. Djalma decidiu realizar esse exame e o solicitou.
Com os resultados da ressonância magnética em mãos, o Dr. Djalma explicou-me que agora o próximo passo seria investigar o tumor. Decidiu que eu deveria realizar uma biopsia aspirativa do fígado, com agulhas finas.
Devido a minha preocupação com a possibilidade de internação e ter que realizar alguma cirurgia para realizar esse exame, ele me informou que era um exame muito simples. Recomendou-me que fizesse com a equipe do Dr. Paulo Carneiro, especialista nessa área e que fazia parte do meu plano de saude. Explicou-me que seria introduzida uma agulha muito fina no abdômen, na região do fígado, que coletaria o material para análise. Disse que era um procedimento indolor, que não demandava anestesia e que, inclusive, não iria atrapalhar minhas atividades profissionais no dia do exame.
Apesar da possibilidade de estar com câncer, isso não me abalou.
Em um primeiro momento, fiquei mais preocupado em como contar o problema para minha mulher, meus filhos e para minha mãe, que era viúva de meu pai, que morrera em conseqüência de um câncer na próstata.
Pensei: Como eles vão reagir a isso? Será que eles terão a mesma tranqüilidade que eu estava conseguindo ter?
Eu me achava novo para morrer, pois tinha 57 anos. Em toda a minha vida nunca tive problemas graves de saúde. Sempre me cuidei para evitar doenças.
Pensei: Vou enfrentar mais esse desafio em minha vida. Sem medo. Sem desespero. Sem me vitimizar junto aos outros. Isso só atrapalha. Tenho que me manter calmo e confiante. Afinal, o pior fim já está traçado. O que eu conseguir a mais é lucro.   
Eu tenho uma filosofia prática de vida: um dia, todos vamos morrer. Ninguém sabe de antemão do que, mas uma coisa é certa: de alguma coisa vamos morrer.
E mais, eu não estou participando de nenhuma olimpíada de longevidade. Portanto, se eu for morrer agora, não faz menor diferença.
Eu não sou fatalista, portanto não acredito que o destino esteja traçado.
Acredito que quando as circunstancias para a ocorrência de um determinado evento estiverem conjugadas, certamente o evento irá ocorrer. Por exemplo, se eu estiver em um carro em movimento e passar por um sinal vermelho, em um cruzamento perigoso, certamente, se nada fizer para alterar o evento, irei bater em um outro carro. Entretanto, se eu alterar a circunstancia, freando o carro antes do cruzamento, não irei bater em ninguém.
 Então, no meu caso, o que é que poderia fazer? Esperar complacentemente a morte? Ou agir para tentar frear o câncer a tempo? Se quero alterar a circunstancia que muitos acreditam ser fatal, devo alterar as circunstancias. Assim, coloquei como minha missão lutar contra o câncer com todas as armas que tivesse.   
Entretanto, não construí ilusões. Iria lutar até o possível, sim, mas se a situação caminhasse para uma morte irreversível e com sofrimento, eu deixei bem claro que não me mantivessem vivo, até porque sou favorável à eutanásia.
Por outro lado, há uma determinação genética que nos impõe a resistência à vida, que é o instrumento da natureza que nos faz viver. Quando, por exemplo, uma gazela sai correndo na savana africana para escapar do leão que a ataca, é essa resistência à vida que faz com que a gazela corra até o ultimo minuto. Esperava, também, que essa minha resistência à vida fizesse com que meu organismo reagisse com todas as forças, contra o câncer.
Por outro lado, não tenho religião. Assim, não compartilho da idéia que haja um deus judaico cristão manipulando as nossas vidas e atendendo nossos pedidos, a seu critério e humor.
Aceito a idéia de que as coisas acontecem na natureza de forma aleatória e que o aparecimento do câncer ocorreu por uma razão biológica natural.
Aliás, as manifestações de vida ocorrem por tentativas e erros, gerando a evolução das espécies e a seleção natural. E essa evolução foi tal que a espécie humana se desenvolveu a ponto de alterar, ainda que parcialmente, a seleção natural. Quantas pessoas hoje sobrevivem graças à medicina!
Ainda que a medicina não nos torne imortal, ao menos prolonga a vida daqueles que no passado não tinham essa alternativa.  

                                      continua no próximo capitulo
Link https://resenhadoze.blogspot.com.br/2014/06/uma-experiencia-bio-desagradavel_15.html

Orientação de como voce pode acessar os demais capítulos.
Se voce estiver num computador, do lado direito tem Pesquisar este blog. Escreva: Uma experiencia bio desagradável capitulo II. Clica no botão PESQUISAR. Ele fara o acesso direto a esse capitulo. Depois, estando no Capitulo II, preencha: Uma experiencia bio desagradável capitulo capitulo III. E assim sucessivamente, colocando sempre o capitulo em algarismo romano ate o capitulo XXIX. O Ultimo, que é o XXX você deve colocar na busca: Uma experiencia bio desagradável - Ultimo capitulo.

2 comentários:

  1. Li o cap. 1. Obrigada por compartilhar. Você escreve muito bem, portanto consegue expor com clareza sua experiência.

    ResponderExcluir

Seu comentário é bem vindo!
Agradeço sua participação.