segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XVII

Capitulo XVII – A visita da minha mãe

Depois fiquei sabendo que meus irmãos contaram para minha mãe, pois em conversa com o Dr. Paulo, este havia dito que, apesar de ele ter feito tudo o que era possível fazer, eu não tinha mais do que cinco por cento de chance de sobreviver. Que meu estado físico estava complicado não pela cirurgia em si, que transcorrera normalmente, mas em razão da infecção hospitalar, associada a uma pneumonia, que estava difícil de combater. Agora dependia e muito da minha reação. Eles ficaram preocupados quanto a possibilidade de eu vir a falecer e minha mãe não saber o que aconteceu comigo.
Quando acordei e olhei à minha frente e vi minha mãe e minha tia Edy vindo em minha direção. Caminhavam devagar, com dificuldade. Apoiavam-se em tudo que encontravam pela frente, até chegar à minha cama.
Fiquei surpreso e emocionado. Meus olhos se encheram de lagrimas.
Eu não queria que minha mãe soubesse que estava internado no hospital, mas gostei que ela tivesse vindo.
A minha mãe se aproximou do meu lado esquerdo e a minha tia Edy do lado direito. Pegaram cada uma em uma das minhas mãos.
Comecei a chorar. Tinha dificuldades, pois a minha respiração estava difícil.
Olhei minha mãe e vi como ela estava velhinha.
Pensei: Elas estão velhinhas e tem disposição para vir me visitar. Que saúde. Não posso chorar. Senão elas vão ficar preocupadas.
- Eu estou chorando de alegria, mãe. De alegria por ver vocês duas aqui comigo.
- Nós também estamos alegres de te ver, Geraldo. - disse minha tia.
- José Geraldo, tu comes o que aqui? – perguntou minha mãe.
- Nada, mãe. Não posso. Tomo soro e essa coisa ai que vai pela sonda.
- Mas, tu não ficas com fome?
- Não, Maria José. O José Geraldo não pode comer nada. Não estás vendo? – disse minha tia Edy
- Eu estou só perguntando. José Geraldo, viste como a Edy implica comigo?
- Não, mamãe.
- Eu não posso perguntar nada? Tu és meu filho. Eu posso, sim. – disse minha mãe.
- Pode mamãe.
- Ele não está comendo nada, Maria José. Não pode. – disse Edy.
- Porque tu não podes comer? – perguntou curiosa minha mãe.
- Maria José tu não está vendo que ele foi operado. – falou Edy.
- Operado? De que? Eu não sei... Tu foste operado, José Geraldo?
- Fui mamãe. – disse mexendo a cabeça.
- De que?
- Do fígado, Maria José. Ele já está bem, não é, Geraldo? Olhe a fisionomia dele. Está ótimo. – interveio Edy.
 - O que é tu tivestes, José Geraldo?
- Nada, mamãe. Está tudo bem. – respondi.
- Ele está bem, Maria José – disse Edy.
- Como nada. Tu fazes o que aqui?
- Já está tudo bem, mamãe.
- Estou preocupada. Não posso?
- Pode, mamãe.
- Quero dormir aqui contigo? Tem um lugarzinho para mim? – perguntou minha mãe sorrindo.
- Maria José, aqui é uma UTI. – disse Edy.
- Porque não posso dormir aqui contigo? Sou tua mãe.
- Maria José, aqui é uma UTI. Acompanhante não pode dormir aqui. Se pudesse a Cris, que é mulher dele, estaria dormindo. – disse Edy.
- Estou preocupada contigo. Tu estás bem mesmo, José Geraldo? – perguntou minha mãe.
- Claro, Maria José. Está tudo bem, não é, Geraldo?
- Sim, Edy. O pior já passou.
- José Geraldo, o que tu comes aqui?
- Mamãe eu não posso comer nada.
- Mas tu não sentes fome?
- Não, mamãe.
Elas ficaram mais um pouco mais me olhando, me apalpando, como se me examinassem para confirmar se estava tudo bem. Em seguida minha tia decidiu ir embora, dizendo que precisavam sair para que minha mulher pudesse entrar para me visitar.
- Para que lado é a saída?  - perguntou minha tia.
- Para a esquerda. – respondi.
- Engraçado. Estou perdida. – disse minha mãe.
- Até logo, Geraldo. Nós vamos ficar pensando em ti para tu te recuperares logo. Um beijo.
- Obrigado, Edy. Um beijo para você também.
- Até logo, José Geraldo. Eu vou embora, mas estou preocupada contigo. Tu está bem mesmo?
- Estou bem, mamãe. Pode ir tranquila. Está tudo bem. Obrigado pela visita. Um beijo. – disse beijando a mão de minha mãe.
Elas saíram devagar, se segurando nas paredes.
- Edy, pede ajuda para uma enfermeira. – falei.
Uma enfermeira percebendo a fragilidade das duas correu para as ajudar.
Demoram um pouco, mas saíram da UTI.

                                      continua no próximo capitulo

domingo, 29 de junho de 2014

Estatitisca de visualização do blog

Não sei se vocês tem acesso.
Então, vejam só o numero de visualizações no meu blog

Brasil 673
Estados Unidos 498
Rússia 73
Alemanha 41
Ucrânia 11
Austrália 7
Itália 2
Canadá 1
Japão 1

Legal, né?
Como moro no Brasil, fiquei intrigado como tem visualizações de outros países.
Na Austrália, tenho um primo la.
Nos Estados Unidos também tenho primos, amigos. Mas não tantos.
Agora, russos, ucranianos...como estão lendo? Não conheço ninguém de la.
Agora do Canada, já começaram me zoando, dizendo que a visualização foi da Luiza....


Agradeço o prestigio de todos por estarem presentes aqui.
Não nego que estou curioso. 
Quem puder se identificar, mesmo que seja restrito, se manifeste.
Gostaria de saber como conheceram o blog, sua opinião, sua sugestão. 
Fiquem a vontade para se manifestar. 
As criticas, de qualquer natureza, sempre serão bem vindas.
Auxiliam e muito, para o continuo aprimoramento deste meu projeto.   

Bom domingo!

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XVI

Capitulo XVI – Distensão

Quando acordei, vi o Flávio. Estava calmo, mas apreensivo.
- Zé. Que confusão é essa ai? O nosso negócio complicou. Tem um advogado ai querendo contestar a sua divida.
- Flavio, não sei de nada. Estou preso aqui dentro. Não sei de nada.
- Precisamos resolver nosso acordo.
- Depois a gente vê isso. Quero saber onde está minha filha?
- Fica frio. Está tudo bem com ela.
- Eu quero falar com ela.
- Espera ai, que já vai começar a visitação. Ela deve estar ai fora.  
Começou a visitação aos pacientes na UTI.
Havia um anão que recepcionava as pessoas. Muito simpático. Quando ele me via, perguntava como estava. Minha mulher dizia que ele a ajudava a quebrar as regras do hospital nas visitas. Deixava ela ficar mais tempo do permitido, após o término do horário de visita. Ele me perguntou:
- Posso mandar entrar sua visita?
- Sim. Por favor.
Meu irmão entrou sorrindo. Aproximou-se de mim, deu-me um beijo no rosto, sentou-se em uma cadeira ao meu lado e foi logo perguntando:
- Ge, que negócio maluco é esse que você fez? A tua mulher não esta sabendo de nada. Quem é esse seu sócio? A gente tentou ligar para falar com ele, mas não o achamos. Disseram que está viajando. Quem é esse cara? Onde voce conheceu esse cara, Ge?
- Lu, depois eu explico. Quero saber como está a Michelle?
- Ela está bem. Está ai fora com a tua mulher. Quando eu sair ela entra.
- A Michelle está bem mesmo?
- Lógico, Ge. Está ai fora, esperando para entrar e ver voce.
- Que alivio!
- Esta tudo bem, Ge. Fica calmo. Relaxa.
Fiquei mais calmo.
Pensei: Minha filha está bem. Escapou do maluco. Mas, quem era então a moça que estava naquela salinha? Tenho certeza que ele a estuprou. Coitada. Mais uma.
- Ge, conta para mim. O que é que aconteceu? Estou com um advogado ai para cancelar tudo.
- E o banco?
- A gente vai conseguir uma liminar ainda hoje. Tem um advogado cuidando do caso. Vamos desbloquear a tua conta bancária. Mas, na justiça, continua a cobrança. A justiça é assim, demorada. Para você é até bom. Dá tempo de você se recuperar e ter tempo para se defender. O importante é a gente conseguir desbloquear a tua conta bancária. Depois a gente resolve tudo.
- Está certo, Lu. Obrigado.
- Ge, conta para mim. Que negócio maluco é esse que você se meteu, cara? Perder a grana que você perdeu. Não é fácil. Você sempre foi bom de negócio. O que é que aconteceu? Explica direitinho.
- Não tem explicação. Fui vitima de extorsão aqui dentro.
- Como assim, Ge. Conta isso para mim.
- Está vendo aquele cara ali.
- Aquele enfermeiro?
. Sim.
- É o Paulo armadura.
- Lembro dele. É o irmão do Fernandinho, não é?
- É.
- Oi.. Paulo.. – chamou Luis, levantando-se da cadeira.
Flávio estava conversando e não ouviu.
Segurei o braço de meu irmão e pedi:
- Não! Não chame ele. Por favor.
- Ele pode nos ajudar. É irmão do Fernandinho, nosso amigo, Ge. Deixa eu falar com ele. O Paulo armadura... Quanto tempo!
- Não. Ele está no rolo.
- Como assim?
- Depois eu explico, Lu. Não fale nada com ele. Ele está no rolo.
- Ge, fica tranqüilo. Pode ser quem for.  A gente entra na justiça e tudo vai ser resolvido. A Michelle tem vinte anos. É menor de vinte e um. Portanto ela é inimputável. Vamos usar isso como argumento. Está na lei.
Naquele momento nem lembrei que minha filha tinha trinta e dois anos e não vinte.  Também não lembrei que acabou a maioridade com vinte e um anos, como existia na lei anterior.  Também nem quis entender o que ela tinha a ver com a estória, pois o cartão era meu.
- Fique tranqüilo, Ge, que tudo vai ser resolvido. – disse meu irmão, querendo me acalmar.
- E a Cris?
- Está ai fora. Ela já vai entrar com a Michelle. Deixa eu sair para elas poderem entrar.
 Meu irmão levantou-se e saiu andando. Em seguida minha mulher entrou junto com minha filha Michelle. Estavam alegres.
- Chel, tudo bem com você? – perguntei eufórico.
- Sim, pai.
- Que confusão. O que foi que aconteceu?
- Nada. Está tudo bem, pai. Fique tranqüilo. Está tudo bem.
- É Ge. Não se preocupe com nada. Deixa que a gente está fazendo tudo certinho.
Pensei: O que importa é que a Michele está bem. Que alivio.
Enquanto olhava para ela para examinar se estava mesmo tudo bem, me lembrei do cartão de crédito.
- Cris.
- Fala, Ge.
- Cuidado... Tem câmera.
- Não, Ge. Imagina. Não tem câmera nenhuma.
- Está escondida.
- Mãe, deixa ele falar. – disse Michelle
Peguei uma folha e coloquei em frente da minha boca, para que se fosse filmado eles não conseguissem ler meu lábio, enquanto falava.
- Cancela... o cartão.
- O que? Eu não entendi.
- Cancela o cartão. – disse irritado.
- Por quê? – perguntou Cris, que não entendia.
- Mãe, não discute. – falou Michelle
Pensei: Não é possível. Ela se esqueceu que pegaram meu cartão de crédito? Ela precisa cancelar o cartão urgente. Se ela não cancelar eles vão fazer a festa com meu cartão.
- Cancela o cartão.
Olhei para os lados e vi um dos enfermeiros capangas olhando para mim e sinalizando para eu tirar o papel de frente dos meus lábios. Como já tinha falado o que quis, tirei o papel.
- Está bem, pai. Amanhã a mamãe cuida disso. Agora, fala de você. Como você está? O que é que você está sentindo?
- Estou bem. – disse piscando um olho.
Michele riu.
Pensei: Ela entendeu que é para cancelar o cartão.
- E a grana no banco? – perguntei preocupado, pois o pai do Roberto tinha bloqueado a minha conta bancária.
- Esta tudo certo. A gerente está me ajudando.
- E o bloqueio na conta?
- Ge, está tudo certo. Fiz os depósitos. Paguei as contas.
- A conta está bloqueada.
- Não, Ge. Está tudo certo.
Pensei: O meu irmão Luis conseguiu desbloquear a conta. Nada como ter um advogado na família. Ainda bem. Nem sei como a Cris iria fazer para pagar as contas. Um problema a menos.  
Elas falaram mais algumas coisas, mas estava muito sonolento e dormi.
Quando acordei vi que a UTI estava vazia. Tinha um ou outro enfermeiro cuidando de pacientes.  Fiquei preocupado com a reação que o Flávio poderia ter em razão da interferência do meu irmão. Estava suspenso nosso acordo. Ele poderia me matar.
Pensei: o Flávio e o Roberto devem estar na sala vigiando pelas câmeras. Eu preciso falar com eles. O negócio azedou, mas preciso garantir minha vida. Já sei, vou mostrar para eles que continuo amigo deles.
Olhei para uma câmera e falei vagarosamente, para que eles conseguissem ler meus lábios.
- Então. Vocês tem que transferir os pacientes para outro hospital. Transfere para outros da rede. Manda para o Iguatemi. Para o Jaraguá. Fica tudo em casa e vocês atendem a exigência dos procuradores.
Logo em seguida entrou um enfermeiro e disse:
- Boa idéia. É isso mesmo que vamos fazer.
- Então, tenho outras boas idéias. Estou aqui a sua disposição. O Flávio gostou?
- Sim, quer mais.
Olhei para a câmera e disse:
- Eu trabalhei com regularização fundiária. Sei que nessa área dá para ganhar muito dinheiro.
Flávio entrou na sala e disse:
- Não. Esse negócio eu não gosto. Que outra coisa você tem a propor?
- Bem, na sua área que é hospital, podemos fazer alguma coisa para cobrar mais dos pacientes. Precisamos elaborar uma proposta de uma nova UTI. Fazer a UTI parecer um hotel cinco estrelas. E cobrar por isso. Depois marketing em cima. Acabar com isso da família não ficar junto na UTI.
- Zé, os apartamentos são assim. Não dá certo. Precisamos monitorar os pacientes vinte e quatro horas. Em um apartamento não dá.
- Não, Flávio. Estou falando em fazer uma UTI luxuosa. Cobrar caro.
- Pensa ai e depois me fala. Agora vou ter que sair. Levar a família para a praia.
- Aonde você vai?
- Vou para a Riviera São Lourenço. Tenho casa lá.
- Quando sair vou lá te visitar.
- Será bem recebido.
Pensei: Pelo menos ele está calmo. E vai viajar. Ufa! Enfim, sossego! Mas, preciso inventar alguma coisa que ele goste, para quando ele voltar. 
Dormi.
Quando acordei já era hora da visitação.
Minha mulher estava aborrecida. Dizia:
- Os seus irmãos querem contar para sua mãe que voce está aqui no hospital.
- Não! Não deixa.
- Eles insistem.
- Não quero.
- Não tem jeito. O que é que eu faço?
- Não sei. Não consigo pensar. Diz que eu não quero.
- Eu já falei para eles que voce não quer que ela saiba.
- Quer saber? Deixa falar. Eu estou aqui há muito tempo.
Voltei a dormir.

                                      continua no próximo capitulo

sábado, 28 de junho de 2014

A politica dos interesses

Mais uma empresa quebra.
A fabrica de cadeiras Giroflex, com mais de 60 anos faliu.
Por que?
Porque não consegue competir com os preços dos concorrentes importados.
Custo Brasil!
Enquanto isso, o presidente da FIESP que foi eleito para defender os interesses das industrias brasileiras, faz o que?
Esta candidato a governador de São Paulo.
Mas, a coisa não fica por ai.

Graças a propaganda na TV, que vem ha meses mostrando as realizações da maquina do SESI e SENAI, como se fossem realizações do Skaf, ele se posicionou para concorrer a eleição. 
Na verdade, toda essa propaganda nada mais é do a prestação de contas do que foi feito com o dinheiro arrecadado pelo sistema "S". 
Sim, esse dinheiro é compulsoriamente arrecado das empresa quando estas pagam as guias de INSS.
A maquina do SESI e SENAI administram muito bem esses recursos. Sempre foi assim. Os recursos servem para manter e ampliar as escolas de formação de mão de obra. Os alunos que nelas passam e se qualificam vão trabalhar nas industrias. O Scaf não fez nada alem de sua obrigação.
Ate porque ele, como presidente da FIESP, tem por obrigação funcional defender os interesses da industria nacional, como o combate ao custo Brasil, que tanto prejudica as industrias nacionais.
Entretanto, ao inves de atender aos interesses nacionais o que o Scaf faz?
Une-se ao PT. 
É a primeira vez que, vamos chamar assim, um sindicato dos empresarios se une ao sindicato dos trabalhadores. 
Mas não para melhorar a vida de seus associados e sindicalizados.
Mas, sim para terem mais poder. 
Sabendo que Padilha não colou para a eleição de governador de São Paulo e que Skaf, do PMDB, aliado politico do PT, esta em posição de destaque nas pesquisas, o que fizeram?
Foram la e deram um aconchego no Kassab, que parece mais biruta de aeroporto, pois muda de posição ao saber dos ventos.
Ate dias atrás esse oportunista dizia que apoiaria o PSDB.
Agora debandou-se para apoiar o Skaf. 
O PT quer porque quer tirar o PSDB do governo do estado de São Paulo.

O Scaf quer porque quer ser governador para interesses proprios.
Cabe a nós não permitirmos.

Esse foi um dos legados do governo militar que mostraram para o mundo a pujança brasileira... E do atual?

Acesse o link:

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Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XV

Capitulo XV – Reviravolta nas negociações

Flavio estava sentado na cadeira da Dra. Kátia.
Virou-se para mim, girando na cadeira, com as pernas levantadas e disse:
- Zé a conta deu oitenta e cinco mil, quinhentos e trinta e quatro reais e setenta e dois centavos.
- Puxa!Tudo isso?...Olha, Flavio, até os centavos você cobra?
- Está bem, Zé.  Vou arredondar para você. São oitenta e seis mil.
- Hei! Espera ai. Você aumentou o valor.
- Você não pediu para arredondar?
- Sim! Mas, para baixo, meu.
- Eu só arredondo para cima.
Pensei: esse cara não é fácil...quer ganhar sempre.
- Flavio, escuta ai.  Isso é muito grana. Eu não tenho todo esse dinheiro. – disse.
- Roberto... Roberto, vem aqui. – chamou Flavio acenando para ele.
- Pois não, senhor Flávio.
- Roberto, teu pai não é o bam bam bam do Tribunal de Justiça? Desembargador, não é?
- Sim. Ele é desembargador e presidente do Tribunal.
- Então...Liga para ele... Pede para ele entrar na conta bancária do Zé.
- Sim, vou providenciar. E os dados dele?
- Pega ai no prontuário dele.
Pensei: Ai, ai, ai. O que é que esses caras vão aprontar?....Juiz entra na conta da gente “on line” e saca tudo. Isso eu sei. E presidente do Tribunal... vai fazer a festa.
Roberto entrou em uma sala, sentou-se em uma mesa.
Ouvi ele falar ao telefone:
- Oi pai, bom dia...Desculpe ligar cedo... Não, pai, esta tudo bem comigo.... Não, pai. Não aconteceu nada. Fica tranquilo, pai. Olha, so estou ligando porque surgiu um probleminha aqui...Não, pai, não é nada comigo. Fica tranqüilo...Então, pai,  é um probleminha aqui na empresa. Preciso de sua ajuda.  Coisa rápida.  Preciso que você consulte a conta bancária de um devedor aqui do Flavio...  É... O Flávio do Medial... Tem um cara que deve para ele e não quer pagar. Diz que não tem grana... É pai, devedor é tudo igual.  Alega sempre que não tem grana. Tudo pilantra....Pois é, pai  para não pagar alegam tudo... Então, pai, preciso que você entre na conta bancaria dele...Sim,.. é isso mesmo. Preciso que voce veja o saldo bancário dele.
Pensei: Esse cara vai descobrir quanto eu tenho no banco. Estou ferrado. Puta que te pariu! Esses caras são foda. Mafiosos!
Enquanto o Flávio acompanhava com Saschia o montante do meu débito no hospital, Roberto continuava consultando, pelo telefone, o pai dele.
Ouvi Roberto dizer:
- Como, pai?... Ele tem conta no exterior?
- Zé...escondendo o leite, não é? – falou Flávio rindo.
- Não! Eu não tenho conta no exterior coisíssima nenhuma. Se encontrar alguma coisa, pode pegar tudo.
Pensei: Eles estão malucos. Não tenho conta no exterior. Se eles acham que eu tenho então que peguem a de lá e deixem a daqui quieta.
Lembrei que Paulo Maluf, político, certa vez quando descobriram que ele tinha conta no exterior, afirmava que não tinha conta e falou a mesma coisa. Então repeti:
- Pode pegar tudo. Eu dou procuração.
Ri da coincidência de resposta, até porque no meu caso, realmente eu não tenho conta bancária no exterior.
Pensei: Será que eles trocaram o meu nome e estão entrando em conta de outra pessoa? So pode ser isso. Bem, melhor para mim. Não pegam meu dinheiro. Depois a outra pessoa resolve.
- Não, Roberto. Do exterior deixa quieto. Veja só aqui no Brasil. – falou Flávio. – Deixa a conta lá de fora para ele.
- Então, pai, bloqueia tudo.... Inventa que ele está com uma execução sumaríssima... Sim, pai, a gente prepara o documento... Está bem pai, a gente envia ainda agora pela manhã... Sim, pai,  a gente envia toda a documentação. Fica tranquilo... Obrigado, pai...bom dia pra você também - disse Roberto no telefone.   
Pensei: Agora perdi tudo. Mas, que enrascada que eu me meti. Os caras entraram na minha conta bancária. Bloquearam tudo. Como minha mulher vai pagar as contas de casa? Isso é uma injustiça. Deram poder para os juízes... agora eles estão super poderosos. Isso precisa acabar. Que loucura!
Estava inquieto. E preocupado. Precisava avisar minha mulher do bloqueio da conta.
Pensei: Vou tentar avisar minha mulher telefonando para minha casa, para ela tomar providencias junto ao meu irmão, meu tio Paulo, Marilu. Eles são da área e podem me ajudar.
- Flávio, eu preciso telefonar para minha mulher – disse.
- Para que?
- Para pedir o cartão.
- Não precisa. Dá o numero que a gente liga.
- É melhor eu falar...
- Que nada. Roberto, liga para casa do Zé.
- Como é que a tua esposa se chama, Zé?
- Cristina. – respondi.
- Então, Roberto, liga para a dona Cristina e avisa que o Zé vai mandar alguém ai na casa dele, para buscar o cartão de credito.
- E se ela perguntar do porque?
- Diz para ela que ele precisa pagar uma divida... Depois, manda alguém ir la na casa dele buscar o cartão.
- Quem eu mando?
- Roberto, manda a policia. Chama meus amigos lá na policia, meu.
Pensei: A coisa virou por completo... Estava me achando esperto, mas esses caras...São mais espertos ainda. Eles pensam em tudo. O que é que eu faço agora?
- Flávio, encontrei mais umas despesas, que não estavam contabilizadas. – disse Saschia.
- Zé a conta aumentou...
- Flávio, o que é que você quer que eu faça?
- Pague.
- Não é isso que vou fazer? Quanto agora deu a brincadeira?
- São mais dois mil e duzentos e cincoenta  reais. Do medicamento da semana, não é Saschia?
- Acrescenta na conta. – disse.
Vi os raios do sol entrando pela janela. A manhã chegou.
Eles não paravam de emitir contratos, de fazer contas. Parecia um escritório de negócios.
Pensei: Quando eles vão parar?
Enquanto isso ninguém era atendido pelos enfermeiros.
E  aquela máquina continuava imprimindo papéis e mais papéis.
De repente, escutei um barulho infernal de sirenes, vindo do andar térreo do hospital.
Pensei: Eles chegaram! A policia foi de manhã em minha casa. O que é que os vizinhos vão pensar?  E do jeito que o Flavio é amigo da cúpula da policia civil, eles mandaram a “Garra”. Deve ter sido um barulhão na minha rua.
Flávio e o Roberto sairam da UTI, para recepcionar os policiais.
Escutei mais barulhos de sirenes e brecadas, com os pneus cantando.
Como a televisão estava ligada, vi que havia um repórter dentro de um helicóptero de uma emissora de televisão, sobrevoando o hospital.
O reporter falava que havia muitos veículos da “Garra” e da “Rota”. Informava que havia uma disputa entre a policia civil e a militar em frente ao hospital.
Pensei: É coisa do Luis. A Cristina ou o Rodrigo devem ter ligado para a casa dele, quando a Garra chegou em casa. Ele trabalha junto ao comando da Policia Militar. Deve ter pedido para algum comandante, amigo dele, chamar a Rota. Agora vai neutralizar a força do Flávio. Empatou.
O barulho das sirenes não parava. Estava um alvoroço.
Pensei: Será que o Flávio não fica preocupado com toda essa bagunça bem na porta do hospital? Pega mal.
Passou-se uma meia hora e o Flávio retornou com meu cartão de crédito na mão dele.
 - A sua filha Michelle trouxe o cartão. – disse o Flávio, abanando o cartão.
- Ela está ai? – perguntei.
- Está.
- Quero falar com ela.
- Não! Agora não. Depois. Ela está em uma sala aguardando.
Flávio entregou meu cartão na mão da Saschia e disse:
- Saschia passa o cartão do Zé.
Pensei: Puta que pariu! Eles estão com meu cartão na mão. Atrás tem o código de segurança. Com esse código eles podem sacar quanto quiserem. Sem assinatura! Não era para minha filha entregar o cartão na mão deles. Que cagada que eu fiz. Devia ter dado o cheque. Pelo menos era o valor combinado. Agora com meu cartão dando sopa... eles vão fazer a festa.
Saschia me olhava com seus olhinhos azuis, com uma cara de ingênua, mas eu sabia que ela era pilantra. Fazia parte da gangue.
- Saschia, você já passou o cartão? – perguntei.
- Já.
- Quanto deu?
- Cento e vinte mil e pouco.
- Saschia, era bem menos...
- Fala com o Flávio, Zé. Não posso fazer nada. O valor é esse.
- Não! Era bem menos.
- É que eu descobri mais contas para você pagar.
- Saschia, como assim?  Que mais despesas você descobriu? Você já tinha fechado um valor. Era bem menor.
- O valor é esse, Zé. O cartão aceitou...eu passei...- concluiu ela.
Pensei: Que cambada de bandidos. Ladrões. Assassinos. Saindo daqui eu vou lutar para botar todos na cadeia. Ah!  Se vou. Custe o que custar.
Olhei para o canto direito e vi ao longe que havia uma salinha, que eu não tinha observado antes.
Olhei melhor e como a porta estava aberta, vi um vulto que parecia a minha filha Michelle, sentada, de costas para mim.
Pensei: Ela está lá. Aguardando eles devolverem meu cartão.
- Saschia, dá para voce devolver o meu cartão, por favor.
- Não posso, Zé. Isso é com o Flávio.
- Não... Sabe o que é? Minha filha está ali fora, esperando... – disse apontando para a salinha onde tinha visto minha filha.
- Zé, aguarda o Flávio voltar. Ai ele resolve tudo isso.- respondeu ela, que continuou fazendo o seu trabalho.
Uma enfermeira percebeu que eu estava olhando em direção da salinha onde estava minha filha. Rapidamente, ela fechou um pouco a cortina lateral da minha cama, impedindo que eu continuasse vendo.
- Deixa aberta, por favor – pedi.
- Não. Não pode. Tem que fechar. - respondeu a enfermeira, puxando a cortina ainda mais.
Pensei: Aqui todo mundo obedece ao Flávio. Que cambada. Ainda bem que agora vou sair daqui.
Tentei olhar para a salinha e vi tirarem da sala uma mulher desmaiada.
Pensei: Ai, ai, ai, ai. O Flávio vai estuprar a Michelle. E ela está grávida. Vai perder o bebe. O que eu é que eu faço?... Não. Isso não vai acontecer. Melhor nem pensar... Eu mato esse desgraçado. Eu mato...Não. Não, isso não vai acontecer. Pensamento positivo. Pensamento positivo.
- Saschia. Por favor, onde está minha filha? – perguntei assustado.
- Zé, não se preocupe. Está tudo bem.
- Não está não. Saschia, por favor, eu preciso falar com ela. Agora! Onde está o Flávio?
- Deu uma saidinha e já volta.
- Onde ele está?
- Como vou saber? Ele saiu e já volta.
- Não. Não. Chama o Flávio.
Estava desesperado.
- Senhor José. O senhor está muito agitado. Se o senhor não se comportar vou ser obrigada a amarrá-lo de novo. – sentenciou Saschia.
Pensei: Amarrar? Não. Não agüento. Vou ficar quieto.
Eu estava muito preocupado com minha filha. Não podia fazer nada. Tentei levantar da cama. Mas, não conseguia levantar. Bem que eu tentei.
Nisso vieram uns enfermeiros e me amarraram.
O telefone tocava sem parar. Um enfermeiro atendeu uma ligação e disse:
- Saschia é para você. Atende ao telefone. É da família do senhor José..estão querendo falar com o sócio dele.... Sócio? – perguntou o enfermeiro intrigado.
- Pode deixar que eu resolvo, obrigada.
- Alô! – atendeu Saschia. - Sim. É da importadora... Não, ele não está. Está viajando. Está na Europa... Não, eu não tenho outro telefone dele... O Senhor José? Sim, é sócio dele... Pelo que eu sei, ele deve sim....Esses detalhes não sei informar... Até logo. – conclui e desligou o telefone.
Pensei: Será que é a minha família no telefone? Deve ser. Eles devem estar querendo confirmar se sou sócio da importadora. É isso ai. Mas... Caramba. Ninguém desconfia que o mesmo numero do telefone da importadora é o da UTI?... Oooo gente que não pensa direito.  
Lembrei, então que fazia parte do acordo minha saída da UTI. Com toda aquela confusão havia me esquecido.
- Saschia, e a minha saída da UTI? – perguntei.
- Não, você não vai sair.
- Como assim? Lógico que vou sair. Fazia parte do acordo com o Flávio. – respondi nervoso.
- Voce não pode sair. Você ainda não está bem.
- Saschia, o Flávio prometeu. Eu pagava e eu saia.
- Senhor José, fique calmo. É para o seu bem. O senhor sabe que não está bem.
Pensei: Que filhos da puta! Pegaram minha grana e não me libertaram. Seqüestradores desgraçados!
Vi que Saschia mexeu em um dos refis no porta soro.
Pensei: Ela deve ter aumentado a dose de dormonid para me dopar. 
Dormi.

                                      continua no próximo capitulo

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XIV

Capitulo XIV – O calculo do valor da extorsão

Flávio voltou para continuar nossa negociação.
Estava quase concordando com o pagamento em cheques, quando raciocinei melhor.
Pensei: Espera ai.... Não. Esse cara não é bobo, não. Eu dou os cheques na mão dele...o que é que ele vai fazer? Ele vai pegar os cheques e vai sair correndo para ir no banco. Chegando lá, ele desconta todos os cheques pré datados na hora.
Olhei para o Flavio para certificar-me de sua personalidade.
Pensei: Claro que ele vai fazer isso...Pelo menos tentar ele vai. Olha so o jeitão dele. Ele não é bobo. E vai conseguir Eu tenho crédito, cheque especial.  Assim não vou ter tempo de sustar os cheques.  Alem de que sustar cheque não é tão fácil assim. Vou precisar ir a uma delegacia de policia, fazer um boletim de ocorrência. Enquanto isso, ele vai lá no banco, todo bonitinho e desconta tudo. É isso ai. Não posso dar cheques na mão dele. De jeito nenhum!
Dei uma respirada profunda, para ajudar a ficar calmo, virei a cabeça para os lados, procurando encontrar uma solução.
Pensei: O melhor é pagar com meu cartão de crédito. Não é a vista. Não pago na hora. Ele também não consegue receber assim rapidamente. Demora uns dias. Com isso ganho mais tempo. Posso sair e com tranquilidade cancelo a operação. É isso mesmo. Esse desgraçado não vai receber nada.
Aliviado com minha solução, dei uma risadinha marota. Estava me sentindo esperto. 
Chamei o Flavio acenando com as mãos e disse:
- Olha Flávio, estive pensando...Sabe, acho melhor pagar com cartão de crédito.
- Como assim? – reagiu Flávio indignado.
- É que eu não uso talão de cheque. Pago tudo com cartão de crédito.
- Você está querendo me enrolar, é?
- Não! Que é isso, meu. Veja bem...
- Você já está me enrolando...
- Flavio me escuta, por favor. Se eu tiver que pagar com cheque, tem um problema.... Eu não tenho talão de cheque em casa. O que eu tinha , acabou. Não tem uma folha. Acabou. Eu não pedi outro. Eu não uso.
Flavio so me olhava, desconfiado.
Continuei:
- Flavio,  pode perguntar para minha mulher. Ela vai confirmar.
Flavio continuava me olhando, coçando o queixo.
Continuei:
- Flavio, veja so. Ela vai ter que ir até o banco para solicitar um talão... Isso demora, você sabe.
Pareceu que Flavio estava aceitando meus argumentos.
Continuei firme:
- Flavio, você quer ou não resolver isso rápido?... Eu quero...Ah! O cartão também parcela.
Ele pensou um pouco e disse:
- Está bem. Então manda ela trazer o cartão.
Pensei: Legal. Ele entrou na minha.
Sorri de satisfação. Senti que, de certa forma, estava conseguindo administrar bem o problema. Isso me tranqüilizou um pouco mais.
Pensei: Sou mais esperto do que ele imagina.
Estava tão empolgado com minha esperteza que continuei a negociação me sentindo por cima.
Disse:
- E o valor? A gente ainda não falou disso.
- Você paga a conta do hospital.
- Como assim? Pagar a conta do hospital?
- Você paga a conta do hospital, ué?
Eu não acreditei.
Pensei: Pagar a conta do hospital? Esse cara está maluco? Essa conta deve estar alta. E tem mais, ele vai receber do plano de saude!
- Mas, Flavio e o meu plano de saude? – perguntei.
- Ele também paga, oras bolas. Recebo duas vezes. – disse Flavio rindo.
Pensei: Que ganância! Filho de uma puta. Quer ganhar dos dois lados. Que bandido. Salafrário.
- Quanto isso dá?  - perguntei, aborrecido.
- Preciso calcular. – falou Flávio, caminhando.
- Flávio, olha, eu não tenho muito dinheiro. Vai com calma. Não sou milionário. – falei sério.
- Roberto, chama a Saschia para calcular o débito do Zé.
Pensei: Bem esta tudo certo, mas...sempre tem um mas....
Dei uma risadinha por lembrar da frase sempre tem um mas .
Pensei: Mas, minha mulher não vai trazer o cartão de crédito assim... sem uma razão. Tenho que justificar.
Acenei para o Flavio e disse:
- Flavio, tem outro probleminha... Agora preciso pensar em como justificar para minha mulher trazer o cartão de crédito aqui.
- Porra Zé! Tudo é problema para você. Assim vou desistir do negócio.
- Não! Que é isso, meu. Estamos conversando, cara.
- Então... continuamos falando do negócio?
- Sim! Lógico! – disse.
- Esta certo, Zé. Como você vai justificar para a patroa?
- Calma, Flávio. Preciso pensar... E o valor, você já tem?
- Não se preocupe que a Saschia está levantando o valor direitinho.
- Pede para ela pegar leve.  – disse.
- Zé, não muda o assunto. Como você vai justificar?
- Flávio, eu preciso pensar com muita calma. Não vai ser fácil minha mulher trazer o cartão, assim sem uma razão. Preciso ter uma boa desculpa.
- Então, Zé, pensa ai, enquanto termino de fechar a conta.
E saiu andando pela sala, satisfeito.
- Você vai dar grana para esses bandidos? – perguntou o italiano.
- Vou fazer o que? Não tenho outra saída. – respondi.
- Sorte sua que tem grana. No meu caso eles me matavam na hora.
- Mas, você também não morre. – disse rindo.
- Vaso ruim não quebra fácil. – respondeu ele, rindo também.
- É...a gente tem que rir para não chorar.  E o seu pau, como está?
- Dá para eu fazer xixi. Depois que sair dou um jeito. Ponho uma prótese. Sei lá.
 - Hei, vocês dois ai. Que tanto conversam? Parecem comadres. – falou um dos capatazes do Flávio.
Flávio voltou para o pé da minha cama e perguntou:
- Zé, já pensou na justificativa para a patroa?
- Já.
- Então manda.
- Sabe Flávio, vi na televisão que houve uma maxidesvalorização. Então...vou dizer que fiquei sócio de um negócio de importação, antes da cirurgia. Sabe como é, precisava ter um negócio. Estou sem emprego, você sabe.
- Esta certo, Zé, mas qual é a idéia?
- Então, a empresa tinha crédito lá fora. Comprou a mercadoria. Ficou de pagar depois que vendesse aqui no Brasil. Compramos faturado...
- Estou entendo. Mas, e ai?
- E ai que a minha empresa recebeu a mercadoria importada. Vendeu com base no valor do dólar antes da alta. Agora precisa pagar. Como não compramos dólares antes e o dólar subiu, ficamos no prejuízo. Entendeu?
- Entendi.
- Eu agora, como sócio, preciso integralizar minha parte no prejuízo. Que tal? – conclui.
- Boa! Gostei, Zé. Você tem cada idéia... Vou preparar o contrato dessa empresa e da divida. Comigo é tudo no papel. Preto no branco.
Havia uma máquina um tanto esquisita que imprimia os contratos. Eram várias folhas. Nunca tinha visto um contrato tão longo. Coisas de advogado. O Flávio é advogado.