sábado, 17 de junho de 2023

O insucesso golpe de bolsonaristas


Antes da eleição de Bolsonaro em 2018 já ouvia amigos e conhecidos que manifestavam vontade de que surgisse um candidato a presidente que mudasse o status quo da politica nacional.
Eu mesmo buscava esse candidato, mas nunca encontrei.
Muitos citavam que fora perdido uma oportunidade quando da candidatura de Enéas, que, para estes, era considerado um gênio.
Para mim, era apenas mais um maluco com pretensões a herói nacional.
Como foi Jânio Quadros.
Felizmente o circulo que o adorava não foi suficiente para leva-lo próximo a uma vitoria.
Sempre entendi que essa mudança deveria ser através de um processo de conscientização.
Mas, também, não percebi uma evolução nesse processo, apesar de ter nascido uma esperança quando da instalação da Lava Jato.
Muitos acreditaram, como eu, que o Brasil finalmente entraria num processo de depuração.
Afinal vimos políticos e empresários corruptos sendo presos e obrigados a devolver parte do que roubaram.
Mas, pelo que se pode descobrir depois, os integrantes da Lava Jato buscavam algo mais alem da limpeza na politica.
Queriam virar heróis nacionais e trilhar o poder, como aconteceu com Moro, que abandonou sua carreira de juiz para integrar o governo de Bolsonaro, como Ministro.
Mas, sua ascensão foi interrompida com a denuncia da Vaza Jato que, ainda que por provas escusas, demonstrou que havia um conluio entre o juiz e procuradores do Ministério Publico.
Eu mesmo, apesar de ser legalista, o defendia com base na máxima militar que diz:
Na guerra vale tudo.
Tenho convicção de que para você derrotar pessoas corruptas, sem escrúpulo, poderosas e vingativas, a legalidade é insuficiente para derruba-las.
A questão é que ai cometemos os mesmos excessos que os acusados.
Apesar de querermos a limpeza na politica, não tínhamos nenhum outro poder alem do voto.
Foi nesse ambiente que surgiu a candidatura Bolsonaro, que logrou-se vencedor na eleição, sem precisar mostrar nenhuma habilidade de estadista.
Bastou ser anti PT, que naquele momento era uma onda forte.
Quando de sua posse, ouvi novamente de amigos e conhecidos que estavam certos de que agora Bolsonaro iria fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em um vídeo postado nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro, deputado federal  e filho de Bolsonaro disse que bastavam um soldado e um cabo para fechar o STF.
Havia muita gente acreditando que Bolsonaro iria dar um golpe no inicio de seu governo.
Ouvi isso com frequência.
Mas, não o fez.
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro soltou vários balões de ensaio de que um golpe estava na iminência de ser dado.
Mas, também nunca aconteceu.
Bolsonaro no ultimo ano de seu mandato estava na duvida se o golpe de estado seria realmente o melhor caminho.
Preferiu optar pela reeleição e se empenhou para isso.
Chegou quase la.
Por razões próprias, uma parte do grupo que elegeu Bolsonaro em 2018, optou em reconduzir Lula ao poder, engolindo-o com areia e tudo e lhe deram a vitoria apertada nas eleições de 2022.
Alguns decepcionados com a limpeza que não existiu.
Afinal Bolsonaro mostrou-se um desastrado e péssimo faxineiro na politica.
Outros indignados com atos, ações e falas de Bolsonaro durante seu mandato.
Mas, aquela parte do grupo que sempre acreditou em golpe de estado, continuou acreditando na viabilidade de faze-lo.
Reuniram-se nas portas dos quarteis, após o resultado das eleições, por dias a fio, acreditando que com seu apelo, finalmente as forças armadas tomassem o poder, como em 1964. 
Tentaram de tudo, inclusive com o uso de uma bomba, que felizmente foi encontrada a tempo de não explodir.
Igual tentativa de militares golpistas, no passado, no Rio Centro, mas que tiveram sorte diferente, com a explosão da bomba no colo de um militar.
Queriam dar razões para que as forças armadas combatessem o "comunismo", que poderia se instalar com Lula no poder, no Brasil.
Como se Lula nunca estivesse no poder no passado e isso não aconteceu.
Finalmente, partiram para a ultima cartada.
Em 8 de janeiro de 2023, invadiram e depredaram os prédios dos 3 Poderes da Republica. 
Ainda que num primeiro momento tiveram exito, na sequencia houve reação do governo e muitos acabaram presos.
A explicação para que essa tentativa de golpe não ter dado certo foi por falta de uma liderança explicita a frente da invasão.
Bolsonaro, ainda que no ideal desses invasores fosse a pessoa que eles conduziriam ao poder, que pretendiam instalar, estava fora do Brasil.
Por outro lado faltou um planejamento bem elaborado, faltou uma coordenação com excelência e, o principal, não teve respaldo do comando das forças armadas.
O que restou foi a depredação de patrimônio publico, que por si, não derruba nenhum governo.
Como demonstraram revelações de provas encontradas em investigações em curso muitos, que cercavam Bolsonaro, o motivavam para dar um golpe. 
Ele, até, ameaçava faze-lo, como por exemplo no evento de 7 de setembro.
Mas, na hora do vamos ver, ele desistia.
Afinal, Bolsonaro queria mesmo dar um golpe? 
Ou era apenas um oportunista que viraria um ditador se lhe caísse esse poder no colo?








sábado, 10 de junho de 2023

O calote como educação financeira




Qual a motivação para pagar as contas em dia?
Para regozijo do sistema financeiro a maioria paga suas contas em dia, para ter seu nome “limpo”.
Alguns atrasam, é verdade.
Mas, quando o fazem, pagam multas, juros e correções.
Alem disso, quando o atraso ultrapassa limites, também pagam os honorários dos advogados contratados para cobrar a divida.
A motivação ainda funciona.
Mas, ao longo dos anos, as dividas publicas puderam ser quitadas por anistias para que as pessoas físicas e jurídicas recuperassem o nome “limpo”.
Essas anistias reduzem os encargos financeiros a quase zero e alongam a divida por anos.
Com essa pratica alguns se sentiram atraídos a deixar de pagar suas dividas publicas e aguardar uma nova anistia.
Essa rotina de perdão do custo do dinheiro acaba por enriquecer ilicitamente esses praticantes, que investem o principal da divida e ganham rendimentos.
Ou gastam o excedente em seu prazer de consumir mais.
A ponto daqueles devedores, que alongaram suas dividas, as deixarem de pagar para receber uma nova anistia.
Assim, de anistia a anistia, nunca pagam o total que devem.
Se for pessoa física, com a morte a divida é quitada.
Se for pessoa jurídica, a falência faz o mesmo.
Outros nem mais se sentem atraídos para um acordo que a anistia propõe.
Simplesmente aceitam viver com o nome “sujo”.
Afinal, não muda nada em suas vidas, além de ficarem impedidos de ter uma conta bancaria.
Ate credito em determinados comércios são concedidos, pois o que importa é vender.
No final, acabam por receber e pagar tudo em dinheiro vivo.
Ou usam “laranjas” para as transações bancarias e ate contrações de novas dividas.
A contaminação da pratica do calote ganhou substancia no comercio e empréstimos bancários.
A inadimplência vem crescendo anos após anos.
É verdade que a oferta de credito também aumentou.
É verdade que muitas dívidas foram contraídas com juros escorchantes.
É verdade que combater juros altos não são preocupação do governo.
Os governos só combatem os juros da SELIC, pois ela aumenta a divida publica.
Que também nunca é paga ou, pelo menos, reduzida.
Mas, esse é outro assunto.
Daí que o governo Lula acaba de inventar a anistia para pessoas físicas que estão com o nome “sujo” e querem recuperar o status de nome “limpo”.
Com o nome de Desenrola, as dividas receberão perdão parcial e terão como garantia de pagamento o Orçamento Publico.
Para que as pessoas possam se endividar novamente!
Entretanto, essa solução não oferece educação financeira como uma obrigatoriedade para aqueles que participarem do programa.
Não ensina como a pessoa deve controlar seu fluxo de caixa pessoal.
Mas, fixa na mente de muitos que o calote é melhor solução.
Que o governo estará sempre pronto a resolver suas dividas contraídas pelos seus impulsos de gastar o que não tem.
O fato é que no Brasil não se ensina a pescar.
O governo esta sempre dando o peixe para aliviar a fome imediata.
Por isso nunca seremos uma nação decente.
Sou absolutamente contra esse populismo.
Ao invés do governo se preocupar em gerar empregos dignos para que as pessoas possam honrar seus compromissos básicos, fica correndo atrás de medidas paliativas para agradar a plateia, que se contenta com os farelos jogados aos porcos.

domingo, 4 de junho de 2023

Lula: pato manco ou pato assado?




O impeachment de Dilma aconteceu porque havia uma grave crise na economia brasileira provocada por seu governo intervencionista, somada a falta de apoio politico, que acabou por leva-la a esse desiderato.
Bolsonaro, diante da crise econômica causada pela pandemia, mesmo tentando lutar contra essa crise, não obteve sucesso, ate porque era inevitável.
O resultado foi que teve que entregar seu governo aos políticos que poderiam cassa-lo.
Para sobreviver no que lhe restava de governo, teve que entregar, de mão beijada, o Orçamento Secreto.
Conseguiu concluir seu governo, mas não se reelegeu.
Ainda que os reflexos da pandemia continuem causando estragos na economia, ha possibilidade do governo Lula impulsionar a economia a seu favor.
Entretanto, suas ações equivocadas vão no sentido contrario.
Deveriam preocupa-lo, pois o risco do fracasso da economia continua presente, ainda mais com ele alimentando esse risco.
Ainda que tenha sido aprovado o regramento fiscal, tal documento não impede a ganancia de Lula em gastar além do possível.
Para ele o orçamento é como um carro conversível.
Não tem teto!
Lula não fala em reforma administrativa, por exemplo, que poderia reduzir o custo da maquina publica.
Não demonstra vontade politica para que a reforma tributaria aconteça. 
O que Lula fala é em retroceder avanços conquistados anteriormente:
Como a autonomia do BC.
Como a volta ao estatismo, com a suspensão das privatizações.
E, pior, com a decisão de reverter as privatizações realizadas e, especificamente, o retorno da gestão da Eletrobras.
Além das tentativas de quebrar as regras de nomeações  profissionalizadas.
Como a tentativa de quebra nas regras do marco do saneamento.
Como a politica de subsídios, que reduzem a arrecadação, com o tal de carro popular que é um engodo, que só ajuda as montadoras de automóvel. 
Na politica externa, com sua intenção obstinada de se tornar reconhecido como líder mundial, tem se mostrado desastrado.
Como no caso de sua intervenção na invasão da Russia na Ucrânia na qual alem de se mostrar ignorante ao problema fez criticas gratuitas contra os USA e Europa.
Como na tentativa de reagrupar os países do America do Sul, que lhe rendeu um insucesso estrondoso, alem de receber reprimendas dos presidentes do Chile e do Uruguai, diante de sua idolatria ao ditador Maduro.
Ainda que Lula venha alimentando os parlamentares com verbas publicas, estes mostram-se impacientes diante da abstinência do Orçamento Secreto, que os dava liberdade para gastar onde e quanto quisessem.  
Ou Lula vira um pato manco ou o pato vai pro forno!



sexta-feira, 2 de junho de 2023

São Paulo não precisa parar! É isso mesmo?


Na década de 70, quando prefeito de São Paulo, Figueiredo Ferraz, certa vez, disse: São Paulo precisa parar!
Precisava mesmo.
A cidade estava no limite de sua capacidade operacional.
Mas, era habitável.
Lembro que, quando olhava o céu, a noite, enxergava uma infinidade de estrelas brilhando.
Hoje, enxergo a Lua, quando muito.
Ao invés de limitar a construção de novos prédios, a legislação, ano apos ano,  facilitou cada vez mais esse desenfreado crescimento habitacional.
Naquela época não havia linha de metrô, que mostrava o descaso das autoridades quanto ao planejamento urbano.
Como solução individual a frota de carros particulares cresceu vertiginosamente.
Foi construída também na década de 70 a primeira linha de metro.
Mas, a construção de novas linhas demorou demais.
O total de linhas disponível é insuficiente para atender o transporte necessário. 
Mesmo a rede de ônibus, com seus corredores específicos, não consegue atender a necessidade de locomoção, obrigando que mais carros tomem as já congestionadas vias publicas, que estão com transito bem cima da sua capacidade operacional.
O pior é que não há espaço físico para expandir o sistema viário.
A solução, talvez, fosse construir uma grandiosa malha viária subterrânea.
Mas, a que custo?
O melhor mesmo é continuar aumentando a rede de metro, que atende mais gente.
Mas, falta capacidade de investimento publico.
As reservas de água, que alimentam a rede de distribuição, exauriram-se, obrigando a SABESP a captar água de fontes distantes, a custo altíssimo.
A rede de coleta de esgoto não atende toda a cidade, levando moradores e empresas, quando não usam fossas, que polui o solo e o lençol freático, a fazerem ligações clandestinas nas redes de água pluvial poluindo os rios Tiete e Pinheiros.
Como se não bastasse, mesmo o total coletado não está suportado por estações de tratamento de esgoto, resultando no lançamento de mais esgoto não tratado nos rios.
Fechando os olhos para esses problemas, alem de outros mais não citados, a Câmara Municipal aprovou novo Plano Diretor que permitirá mais construções, que pioraram ainda mais as condições atuais.
É uma cidade inabitável que realmente queremos?