domingo, 24 de janeiro de 2021

Dirceu no poder?



Há um vídeo circulando que apresenta como fato consumado a tomada de poder de Ze Dirceu.
O alegado poder de Dirceu se baseia em afirmações de que ele tem ministros do STF no bolso.
Na minha visão, trata-se de um delírio.
Quando você diz que tem alguém no bolso ou é porque o embolsado esta sob corrupção financeira, que na apresentação afirma que não é o caso, ou porque esta sob chantagem, que também parece não ser o caso.
Dirceu pode ter, no máximo, uma influencia especifica sobre um determinado assunto de interesse pessoal dele.
Mas, nunca de forma generalizada para todo e qualquer assunto.
Pode ate ter a simpatia de alguns ministros por alguns de seus ideais.
Mas nunca o suficiente para estar no poder.
Ah! É que Dirceu é como um Rasputin.
Age nos bastidores.
Sim, existem varias figuras na política que agem nos bastidores.
Mas, manda quem tem a caneta na mão.
Para ter mais poder que Bolsonaro, conforme afirmam, seria preciso que Dirceu tivesse conseguido implantar um projeto dele.
Qual projeto de Dirceu esta em curso e que lhe da efetivo poder?
O de querer implantar uma ditadura inspirada em Cuba?
É verdade, isso ele sempre quis.
Mas isso não esta acontecendo hoje.
Nem quando ele realmente esteve no poder, no governo Lula, teve força suficiente para implantar esse projeto.
Ao contrario, foi derrubado por um aliado, o Bob Jefferson.
Para mim esse discurso faz parte do conhecido e surrado modelo de criar um pavor, um medo para vender segurança.
Trata-se de um recurso para combater o aumento do descontentamento ao fraco governo de Bolsonaro e tentar mantê-lo forte no poder pelo medo do comunismo.
É a mesma retórica da campanha dele quando se apresentava como o anti PT.
Não seja da turma da boiada.
Você é inteligente e sagaz para não cair nesse lenga lenga.
Combate-se qualquer forma de ditadura com uma democracia, liberdade de imprensa e com instituições fortes.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

A politização brasileira




Por alguns anos na década de 60, nas férias de julho, meu pai nos levava para visitar a Argentina.
Todas as vezes que estávamos lá presenciamos manifestações peronistas nas ruas de Buenos Aires.
Eu, na minha natural inocência de pré-adolescente, comentava entusiasmado que o povo argentino era politizado.
Comparando com o brasileiro, que naquela época, de uma forma geral não se envolvia com política, sentia uma frustração e inveja.
Na verdade, essa ideia do povo argentino ser politizado acabou sendo incorporada no imaginário brasileiro.
Anos mais tarde, quando ouvia esse tipo de comentário por aqui, eu concordava baseado nas minhas constatações infanto-juvenil.
Somente anos mais tarde percebi que o povo argentino não era politizado.
Mas, fanatizado.
Aquilo que parecia ser uma politização era raso.
Faltavam informações para uma analise política isenta.
Mas, sobravam doutrinamentos capazes de tornar um eleitor do peronismo em inocentes uteis para auxiliar na escalada política de lideranças.
Semelhante ao que ocorreu com o PT e Lula.
E recentemente com Bolsonaro.
Aqui no Brasil temos uma nítida divisão de fanatismo entre o lulismo e o bolsonarismo.
A maior parte de seus seguidores não tem informação isenta e profunda do que é política.
Ao invés de difundir informações verdadeiras, difundem fake news ou ate meia verdades de maneira a doutrinar com dogmas convenientemente construídos nos discursos de cada uma dessas lideranças.
Embora pareça ser um contrassenso, pois hoje dispomos de meios de informação como nunca tivemos no passado, o fato é que a mentira é mais doce que a verdade.
Como os ouvidos já estão adestrados para ouvir o que lhes interessam, essas mentiras passam a serem verdades absolutas.
Semelhantes àquelas que ocorriam na Argentina que conheci.
Desde Hitler, as lideranças dessas correntes entenderam que melhor do que uma guerra civil, o caminho da democracia é a melhor forma de se legitimarem na ascensão ao poder.
Para depois, no poder, imporem suas ideologias com o objetivo de lá nunca mais sair.
Se quisermos uma democracia perfeita, ainda que a perfeição seja uma meta, temos que repudiar a fake news.
É difícil, eu sei.
Mas, temos que pesquisar e nos aprofundar muito mais antes de aceitar e difundir qualquer informação que possa nos parecer verdadeira a primeira vista..