Quando
se fala no controle do Judiciário imediatamente se associa na desarticulação da
Lava jato.
De
fato, há muitos políticos interessados que a Lava Jato encerre sua atividades
para que estes políticos não sejam atingidos.
Alguns,
até, como revanche, pelo fato de terem sido punidos por ela de alguma forma, também
querem o mesmo.
Entretanto,
o controle do Judiciário deve ser encarado sob outro aspecto.
Já
algum tempo, o poder Judiciário se coloca no papel protagonista das decisões
que não lhe competem.
Afinal,
quem foi eleito para realizar tudo aquilo que a população deseja que seja feito?
O
poder Executivo junto com o Legislativo ou o poder Judiciário?
Que,
diga-se de passagem, o Poder Judiciário não foi eleito para nada.
É
certo que compete ao Judiciário zelar pelo cumprimento das Leis quando
provocado.
E essa
atuação, muitas vezes, acontece no limite da razoabilidade.
Por
exemplo.
A Câmara Municipal aprovou e a Prefeitura de São Paulo sancionou lei que proibia
o uso de moto táxi na cidade.
As
justificativas da aprovação desta lei estão corretas.
Parece-me
que é a vontade da maioria da população que aja tal proibição, tendo em vista o
elevado numero de acidentes envolvendo motociclistas, que com esse serviço
poderia aumentar ainda mais.
Entretanto
o Tribunal de Justiça entendeu que tal proibição é inconstitucional.
Como
assim?
Se
seguirmos essa linha de raciocínio a prefeitura não pode mais impor regras para
mais nada.
Se
quiser construir uma fabrica poluidora ou um prédio da altura que quiser lei
municipal nenhuma poderá mais proibir ou definir o zoneamento da cidade.
Tudo será
inconstitucional.
Outro
exemplo.
No Rio
de Janeiro o Executivo, anos atrás, foi impedido de dar prosseguimento a
construção de uma estação de metro, por suspeita de superfaturamento.
O
governador atual então resolveu desfazer o que havia sido feito para evitar
acidentes.
O que
fez o Judiciário.
Determinou
que concluísse a obra.
Parece
coisa de doido.
Outro
exemplo, agora em São Paulo.
Aconteceu
recorrentemente outro incêndio em baixo de um viaduto, impedindo a livre
circulação dos munícipes sobre o mesmo.
Tal incêndio
aconteceu porque pessoas sem lugar para morar invadiram esses espaços e construíram
abrigos improvisados sob o viaduto.
Sem os
cuidados necessários, que lhes faltam, acabaram por provocar o incêndio.
Pode
ate parecer omissão do Executivo, que deveria ter removido tais
habitantes antes do acidente.
Mas, não é.
Muitas vezes,
por conta do Judiciário o Executivo é impedido de remover tais invasores.
Que justifica
suas decisões apelando para os direitos humanos.
Realmente há
um dilema humanístico.
Cuja solução
não será resolvida por decisões judiciais, como veremos.
Permitir que
continuassem vivendo sob risco, além de poderem provocar riscos maiores para os
demais munícipes, como de fato aconteceu, é uma decisão justa e correta do Judiciário?
Não me
parece nem justa nem correta.
Não é justa porque
para que o Judiciário concordasse com a remoção, como compensação a saída deles,
impõe à prefeitura que de aos invasores uma habitação digna.
Parece que os
membros do poder Judiciário vivem em outro mundo.
Quando digo
membros falo não só de juízes, mas também de promotores, procuradores e
advogados.
Não conseguem
entender que o orçamento municipal não é infinito.
Há limitações.
Não há arrecadação
suficiente para atender todas as demandas que o município necessita serem
atendidas.
Além de que não
é possível ser consumido integralmente em assistência social.
Então a
decisão judicial acaba por manter os invasores onde estão.
O que a meu
ver mostra insensatez.
Manter os
invasores onde estão não significa que lhes trará melhor condição de vida.
O resultado
é que o problema persiste sem solução.
Entretanto,
quanto não foi gasto de dinheiro publico com esse acionamento ao Judiciário,
para nada?
Melhor seria
se não se intrometessem na decisão do Executivo.
Por outro
lado, não é correta porque as consequências da manutenção dos invasores sob o
viaduto acabou por prejudicar o livre transito dos munícipes, quando ocorrem incêndios
como ocorreram.
O fato é que
precisamos de uma discussão dentro da sociedade sobre quais rumos realmente
desejamos das nossas instituições.
E o poder Judiciário
cabe zelar pela Lei e pela ordem, mas alem disso a entender o que a sociedade
realmente quer.
E não aquilo
que pensam que é justo e correto.