sexta-feira, 6 de maio de 2016

Doce ilusão

Nos bastidores da política é que se planejam as ações.
Como num jogo de xadrez, os jogadores não ganham o jogo no primeiro lance.
Muitas peças serão movidas antes do final do jogo.
Há muito raciocínio e planejamento envolvido!
Cujo conteúdo desconhecemos.
Tomamos conhecimento apenas do lance dado.
Assim, a cada momento, somos surpreendidos por lances inesperados.
Nessa questão do impeachment de Dilma muitos acreditam que tudo começou quando Dilma foi pega na mentira de sua campanha eleitoral.
Não é verdade!
A queda de Dilma, como ela bem diz, é um golpe, sim.
Calma!
Não virei PTista do dia pra noite.
Explico.
O PMDB percebeu que o Plano Criminoso de Poder do PT estava sendo seguido à risca e poderia mantê-los no Poder por anos a fio.    
Sabia que o risco de nos tornarmos uma Venezuela, uma Cuba era iminente.
Esse sim, de fato, seria o golpe!
Então o PMDB se preparou para um contra golpe.
Mas, teria que ser feito com muita habilidade.
Qualquer erro poderia ser fatal.
O PT estava muito forte.
Os ventos econômicos vindos do exterior eram favoráveis.
Conduziram o Brasil a uma prosperidade inédita.
Doce ilusão.
De fato houve sim uma prosperidade.
Ainda que por um tempo.
Era uma bolha!
Mas, enquanto perdurou foi habilmente explorada.
Lulla se esbaldou com a consagração de sua taxa de aprovação altíssima.
O povo estava com ele!
Os empresários estavam com ele!
Os políticos estavam com ele!
A ponto de envolver os Congressistas nas negociatas de governo, para em contrapartida assegurar sustentação política.
Já o PSDB, não se apercebeu desses fatos.
Ou, se percebeu, não deu a importância devida.
Quando estourou o Mensalão, o PSDB acreditava que Lula iria sangrar ate a próxima eleição e acabaria sendo defenestrado do Poder.
Doce ilusão.
Com essa perspectiva o PSDB teve uma atuação de oposição fraca.
Nada fazia.
Acreditavam sempre que o PT cairia sozinho.
Mas, acontecia justamente o inverso.
Cada vez mais o PT se fortalecia.
Enquanto isso, o PMDB acompanhava atentamente a tudo e a todos.
Sabia que precisava tirar o Poder do PT o quanto antes.
Como bom estrategista, o PMDB primeiro se aliou a ele.
Era natural.
Sempre foi notório que o PMDB servia a situação que estava no poder.
Era sua forma de conviver com o Poder.
Foi fácil aderir ao governo.
E conquistou a vice Presidência da Republica.
O objetivo sempre foi pegar a Presidência.
Mas, a queda de Dilma não estava madura.
A opinião publica precisava estar do seu lado.
Não era fácil mudá-la de opinião.
O PT sabia também jogar o xadrez que estava na mesa.
Entretanto, o PMDB acompanhava a própria cova que Dilma começou a escavar.
Percebeu que era o momento de se articular politicamente.
Desta forma, tomou o Congresso para si.
Emplacou o presidente do Senado e o da Câmara Federal.
Estava armada a queda de Dilma.
Era só uma questão de tempo!
A gestão temerária de Dilma eclodiu após sua eleição em 2014.
Era o argumento necessário para a mudança de opinião do povo.
Começou, então, haver um surpreendente descontentamento do povo.
A seguir dos empresários.
A ponto de o povo ir às ruas para exigir a saída de Dilma.
Aliás, o povo pensa que estando nas ruas derruba algum político.
Doce ilusão.
Não derruba.
Mas, ajuda.
Haja vista o processo de impeachment de Dilma.
Só esta em curso porque teve o Presidente da Câmara para conduzi-lo com firmeza e habilidade.
Se fosse outro, que não Cunha, estaria natimorto!
Mas, nesse jogo de poder há um terceiro elemento.
O Poder Judiciário!
Que tem em seus quadros habilidosos jogadores de xadrez.
O juiz Sergio Moro soube colocar as pedras certas no momento certo.
A ponto da opinião publica cada vez mais apoiar o processo de impeachment, que se arrastava.
Finalmente foi aberta a perspectiva de Temer assumir o Poder.
O impeachment de Dilma, em sua primeira fase, esta a beira de ser aprovado.
Dilma se afasta e Temer assume o Poder.
Ainda que próximo do fim, tudo pode acontecer.
Sabemos que o jogo so acaba quando termina.
E ainda não terminou.
No dia de ontem, 5 de maio, uma nova cartada foi dada pelo Supremo Tribunal Federal.
Que também tem entre seus membros habilidosos jogadores de xadrez!
O fato é que com o apoio do partido REDE, o PT jogou mais um lance para destruir o processo de impeachment.
Ingressou com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Com o apoio do presidente do STF Lewandowski e de Marco Aurélio, foi incluído na pauta do dia a decisão dessa manobra jurídica.
Entretanto fracassou.
Ao perceber essa tentativa, o ministro Teori que não foi indicação do PT, mas fez parte da cota do PMDB no STF, decidiu se pronunciar sobre o pedido anterior de afastamento de Cunha.
Assim, por unanimidade o deputado Eduardo Cunha foi afastado da presidência da Câmara.
Sem a revogação de seu ato de acolhimento do impeachment, como pretendia a REDE e o PT!
Entretanto, como no Brasil ha um declarado jogo de poder que se utiliza da maquina do Poder Judiciário para dar suporte a seus lances, não me causara estranheza se o impeachment de Dilma vier a ser declarado nulo pelo STF.
As coisas não acontecem por mera coincidência!
Essa unanimidade em considerar abuso de poder de Cunha pode dar munição para argüição de que o ato de condução do impeachment pelo Cunha possa ter sido ilegal.
E será tentado!
Ainda que no meu entender não seja cabível.
Mas, em se tratando de juristas, que são capazes de tornar vitimas em réus, tudo pode acontecer!!!!!!
Com a chancela de que foi feito tudo em nome da legalidade....
Mas, ultrapassado esse fato de futurologia há ainda outros percalços.
Temer uma vez assumindo a cadeira de Presidente terá dois desafios importantes quase que antagônicos.
Atender os anseios da população.
E atender os anseios dos Congressistas!
Acho que ele esta num beco sem saída.
Vai ter que se habilidoso.
Se errar, terá vida curta.
Uma coisa é certa.
O povo pode ajudar a tirar, mas segurar, não segura!
Assim, Temer não fará nada impactante no sentido de agradar a opinião publica.
Acredita que colocando Henrique Meirelles, como ministro da Fazenda, da um sossega leão no povo e nos empresários.
Quanto ao Congresso, se não atender suas exigencias, cai!
Assim, todas aquelas expectativas de redução da maquina publica, redução de ministérios, terá que ser revisto.
A fome do Congresso é grande.
Será que viveremos mais uma doce ilusão?


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