sexta-feira, 5 de maio de 2017

Voce é cristão?

Ao questionar essa pergunta para a maioria do povo brasileiro a resposta em sua maioria dirá que sim.
Ainda que tenha havido uma grande migração de católicos, que eram maioria no passado recente, para os neo pentecostais, os ditos evangélicos, o povo brasileiro não deixou de dizer que é cristão.
Até porque essa e outras variações também afirmam que seguem a doutrina cristã.
Mesmo aqueles que transitam em religiões de origem africana, mesmo aqueles que transitam em seitas de varias naturezas ou crenças alternativas, todos ainda resistem em afirmar que são cristãos.
Ou que não deixaram de ser cristãos.
Apesar de simultaneamente professar crenças que não são cristãs em sua essência e muitas vezes incompatíveis com ela.
O fato é que os que se dizem cristãos cumprem com os sacramentos de ingresso ao cristianismo, pelo batismo, que é considerado o visto de entrada.
Na religião católica esse ingresso, em geral, acontece sem uma opção declarada do iniciante.
Os pais levam seus bebes para essa cerimônia.
Mais tarde serão confirmadas através dos demais rituais, como primeira comunhão, confissão e outros, atualmente menos utilizados, como penitencia e crisma.
Mas, há dois que, quase que obrigatoriamente, são respeitados.
O casamento.
Esse ritual é a consagração da família e na qual mais uma vez o casal se manifesta cristão.
E a extrema unção, quando há o falecimento.
E mesmo aquele falecido, que negou a religião a vida toda, é submetido a esse ritual.
Coisas de família cristã.
Embora os cultos católicos dominicais tenham sofrido drástica redução da frequência de seus seguidores, todos os ausentes não negam que continuam cristãos.
Ao contrario dos cultos evangélicos que aumentam a cada dia.
Aqueles que vão à igreja, ao templo, o nome que se queira dar ao lugar onde praticam o culto, seguem o ritual do evento, participam dos acontecimentos com muito vigor.
Embora muitos sem entender nada do que acontece.
Agem como robôs.
No final da cerimônia estão confiantes de que cumpriram o dever de reverenciar Deus.
Por consequência, sentem-se também no direito de ter seus pleitos atendidos por ele.
Mesmo aqueles que não são praticantes do culto, ao ter seu pleito atendido por Deus, vão a alguma igreja para de alguma forma agradecer.
Mas, isso é ser cristão?
Para a maioria é.
O fato é que a doutrina cristã é muito maior e mais importante do que a formalidade dos rituais dos templos.
Essa doutrina é muito superficialmente abordada em seus cultos.
Esse conceito é mais transmitido oralmente pela família.
Evidentemente que nessa transmissão os princípios fundamentais acabam se perdendo e resta apenas o que interessa saber para quem os mantém e transmite.
Que é o conceito da salvação.
Porque a grande maioria quer a segurança de que, após a morte, será beneficiado eternamente com os privilégios utópicos.
Pouco se importando de querer viver uma vida, aqui mesmo, como se estivesse no reino do céu.
Embora quase todos os cristãos possam listar alguns itens dessa doutrina, ela é pouco entendida e aplicada.
Alguns acham que basta orar e crer em Deus que a doutrina esta atendida.
Sob o ponto de vista da Fé religiosa é ate aceitável.
Mas, sob meu ponto de vista filosófico o modo de viver de um cristão, o chamado mandamento, é a questão fundamental em ser ou não cristão.
Independentemente de crer ou não em Deus.
De orar ou não.
Porque essas questões superficiais são apenas de aparência.
Não de caráter.
Sabemos todos que um dos mandamentos judaicos, adotado pelo cristianismo, é não matar.
Mas, quantos cristãos não mataram inclusive para defender a sua fé?
O que hoje vemos os fanáticos islâmicos fazendo, é a mesma coisa, sob outra doutrina, que também não comunga com a morte do homem pelo homem.
O fato é que, para atender suas vaidades, seus caprichos, suas vontades, os cristãos continuam matando, roubando e praticando atos contrários ao comportamento que se espera de um cristão.
Apesar do perdão previsto nas igrejas cristãs não ser limitado, isso não significa liberdade para voltar a cometer as mesmas ações impróprias após o reconhecimento do erro.
A confiança de que, quantas vezes forem praticados mal feitos, haverá um perdão os aguardando é mais uma distorção do oportunismo dos falsos cristãos.
Para que aja uma sublimação e todos possam agir com respeito ao próximo, é preciso que a mudança comportamental seja de raiz.
Se todos entenderem que havendo harmonia a vida será um paraíso, não precisaremos mais almejar uma vida eterna estéril.
Não serão necessários leis e mais leis.
Entretanto, sei que se trata de uma utopia minha.
Mas não fui o único que pretendeu que os homens vivessem em paz.


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