Sinto-me como se estivesse sentado no Coliseu de Roma, assistindo ao duelo de grupos de gladiadores na arena.
De um lado a família Bolsonaro, liderada por Jair.
De outro os membros do Supremo Tribunal Federal, liderados por Alexandre de Moraes.
De outro os membros do Supremo Tribunal Federal, liderados por Alexandre de Moraes.
O primeiro a atacar foi Jair, que acusava fraude nas urnas eleitorais.
O filho de Jair, Eduardo, proclamou que basta "um soldado e um cabo" para fechar STF.
Ficou só na ameaça.
Apesar de Jair ter trazido sua equipe de governo militares da alta patente, parte da qual teve participação efetiva na tentativa de golpe de estado, não tiveram audácia suficiente para fechar o Supremo.
Antes de pensar no golpe, Jair preferiu o caminho democrático e tentar uma reeleição.
A turma do Supremo, querendo derrotar a pretensão de Jair, encontrou em Lula a unica possibilidade de impedir a vitoria dele numa eleição.
Assim, resgatou Lula de sua inerigibilidade, num golpe baixo, anulando suas condenações e liberando-o da prisão.
Lula foi eleito.
Parecia que a briga tinha chegado ao fim, com o Supremo como vencedor.
Só que o duelo não terminou.
Diante da manifestação de 8 de janeiro, o Supremo entendeu que a briga continuava e partiu para o ataque detendo, julgando, condenando e prendendo uma pequena parte dos participes da manifestação.
Ao mesmo tempo que fazia crescer uma devassa na vida de Jair, para encontrar irregularidades, que pudessem condena-lo a algum crime e afasta-lo da vida publica.
Foi assim que surgiu a investigação de um suposto falso atestado de vacinação, a apropriação indevida e suposta venda de joias recebidas pelo então presidente Jair e que deveriam ser do patrimônio da União.
Durante essas investigações fisgaram Mauro Cid, que, com medo de ser preso junto com seu pai, acabou aceitando fazer uma delação premiada na qual denunciou a tentativa de golpe de Jair.
Não agiu como um herói da pátria, mas como um covarde apavorado.
Também acabaram encontrando vestígios dessa tentativa de golpe em documentos, que estavam na posse de integrantes do governo de Jair.
Jair Bolsonaro ao invés de concentra-se em defender-se das acusações menores do falso atestado e das joias, que certamente não dariam em nada, decidiu manter-se na luta.
Continuou com agressões verbais contra o Supremo, em especial contra Moares.
Reagindo a isso, Moraes aprofundou a investigação do golpe e, finalmente, conseguiu que Jair e outros se tornassem réus, para leva-los a um julgamento no Supremo.
A família Bolsonaro não ficou quieta.
Tentou buscar no Senado um impeachment contra Moares, mas tal possibilidade não se viabilizou.
A movimentação no Congresso não ficou por ai.
Criaram a ideia de uma anistia, travestida de bom samaritana, que dizia ser para libertar os manifestantes de 8 de janeiro, condenados a penas extremamente rigorosas pelo crime que cometeram, mas, que na verdade, objetivava mesmo era anular uma futura condenação de Jair no Supremo.
Como a anistia ficou emperrada, Eduardo decidiu mudar-se para os EUA para tentar conseguir, junto ao governo de Trump, um possível a aliado, uma ação contra o Supremo, na figura de Moares, de forma a intimida-lo a não condenar seu pai.
Ainda que tenha, por enquanto, ficado só na ameaça, Moares não se deu por derrotado.
Reagiu firme, sem medo das retaliações que o governo Trump possa fazer contra ele e abriu inquérito contra Eduardo, sobre suas ações intimidatórias.
O jogo não terminou.
Mas, no final, quem sairá perdedor será o povo brasileiro.
O certo é que essa luta, que só agrada a audiência da plateia de Coliseu, tornou: 1) às instituições democráticas mais frágeis;
2) um Supremo que exacerbou suas funções constitucionais, com seus membros sentindo-se deuses do Olimpo;
3) um Congresso voltado a atender apenas as vontades de seus integrantes, para se eternizarem no poder;
4) Jair Bolsonaro, um inegável líder que, embora com um patrimônio eleitoral pujante, perdeu a oportunidade de fazer as reformas tão sequiosas que seus eleitores acreditaram que faria, para se dedicar a uma luta, cuja causa não é o bem da coletividade.
5) a eleição de Lula, que faz um governo populista e irresponsável, mantendo o atraso no desenvolvimento do Brasil.