domingo, 26 de maio de 2019

Entendendo Paulo Guedes




Paulo Guedes mais uma vez mostrou desprendimento pelo cargo de ministro de estado afirmando, desta vez, que se a reforma da previdência não tiver a dimensão esperada, ele renuncia.
Mas, por que ele faria isso?
Antes é preciso entender o que efetivamente a reforma da previdência representa no contexto econômico.
Primeiro a reforma não trará nenhum alivio financeiro direto ao orçamento publico.
Pelo simples fato de que aqueles que estão na situação de aposentados ou pensionistas continuarão recebendo exatamente aquilo que vem recebendo até morrerem.
Não sofrerão nenhuma perda.
Ou seja, as despesas, que hoje trazem um déficit fiscal ao orçamento publico, continuarão vigentes.
Não haverá dinheiro sobrando, como muitos acreditam.
Então por que Guedes afirma que a reforma trará uma economia de R$1 trilhão?
Guedes afirma isso baseado nos cálculos de uma perspectiva futura de menos gastos com a previdência.
Basicamente porque aqueles que ingressariam no tempo previsto atualmente vão ingressar no sistema mais tarde, aliviando o orçamento público nos próximos anos nesse valor.
Então, se não haverá recurso sobrando por que Guedes afirma que com a reforma aprovada haverá uma retomada da economia, saindo da estagnação que se encontra e diminuição do desemprego?
Porque a reforma da previdência tem uma importância na economia como um símbolo.
Mostra que o governo age com responsabilidade fiscal.
E isso gera confiança nos investidores.
Ninguém quer investir num pais cujo estado esteja quebrado.
Uma vez aprovada a reforma os investidores voltarão investir.
Esses investimentos é que irão movimentar a economia e trazer mais empregos.
Melhorando a economia do país, o estado pode arrecadar mais.
Podendo-se ate a vislumbrar um equilíbrio fiscal.
Que ainda assim pode levar anos para acontecer.
Pois há ainda o componente da conjuntura mundial.
Então, se a reforma da previdência não acontecer dentro da expectativa de Guedes por que a situação do Brasil pode piorar?
O orçamento público está ha 6 anos com déficit orçamentário.
O estado não consegue nem pagar os juros da divida.
Para honrar o pagamento dos beneficiários da Previdência o governo é obrigado a tomar mais empréstimos.
Com isso, cada ano que passa o governo está mais endividado.
Se não entendemos essa mecânica e buscarmos a solução pelo possível, continuaremos nessa situação ate virar o caos.
Se não for feita a reforma da previdência terá que ser adotada uma solução pior ainda.
O governo terá que aumentar ainda mais os impostos, que será terrível.
Talvez por esse caminho enfrente muita resistência, já que a carga tributaria é excessivamente alta.
Não ha espaço para mais aumento de impostos.
Ah! Dirão outros.
Então porque não se cobra os devedores da previdência.
Isso esta sendo feito, mas a cobrança não é imediata.
Ha muitas empresas quebradas e aquelas que poderiam pagar ou discutem na justiça o valor cobrado ou alongam o pagamento por anos.
O resultado é que não é suficiente para cobrir o deficit da previdência.
Resta então o caminho da inflação.
Com essa medida as despesas terão um corte inflacionário.
Porque havendo inflação quando o governo for pagar seus compromissos pagara menos, pois houve a corrosão da moeda.
Por outro lado, as receitas terão uma aparência de aumento, pois serão atualizadas ate o efetivo pagamento pelo contribuinte e quando forem pagos terão um valor maior.
Com isso seria tentado um equilíbrio orçamentário perverso.
Todos seremos prejudicados.
Principalmente os assalariados, aposentados, pensionistas.
Quem viveu o Brasil da hiperinflação sabe muito bem do que estou falando.
Será um retrocesso a um passado que foi custoso para sairmos.
Muitos planos de estabilização foram tentados ate chegarmos ao plano real, que de fato acabou com a inflação e trouxe uma nova vida para aqueles que eram tão prejudicados com a inflação.
É disso que Paulo Guedes não quer participar.

2 comentários:

  1. Geraldo, não vejo a hora de ver todas estas reformas aprovadas. Torço demais para que tudo dê certo, e que os adeptos cdo toma lá da cá, sejam um pouco mais patriotas, e que a esquerda acabe de vez. Tenho 70, mas torço muito para que a coisa comece a andar o quanto antes. Já chega de tanto atraso.

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