quarta-feira, 17 de julho de 2019

A guerra dos mundos



Quando vejo criticas a Moro e Dallagnol por terem trocado mensagens em app, percebo o quanto imaginário de algumas pessoas desconhecem como funciona a Justiça.
Mas, há aquelas que conhecem e sabem que não houve ilicitude.
Como também há os que a conhecem bem e que foram condenadas na operação Lava Jato.
Estes querem retaliar não apenas como vingança.
O objetivo é destruir as reputações deles para obter a impunidade.
Há os que acreditam que a Justiça é algo divina.
Que os juízes são deuses onipresentes e oniscientes.
Por terem essa qualificação serão imparciais e serão justos.
Trata-se de um consenso na opinião publica.
Utilizando esse conceito é que se apoia toda a construção da destruição da reputação de Moro, Dallagnol e demais integrantes da força tarefa.
É preciso entender que juízes são pessoas como nós.
Com todas as nossas qualidades e fraquezas.
Na maioria dos casos, o juiz não sabe nada sobre a ação que lhe chega.
Assim, aquele que contar melhor a estória, a ponto de convencer o juiz, certamente ganhara a demanda.
Então, saber contar os fatos é o primeiro passo.
Já vi gente perder a ação que poderia ganhar porque o advogado foi inepto em expor suas razões.
Então não houve justiça?
Houve sim.
Dentro das regras do jogo.
Entretanto não basta contar bem a estória.
Tem que provar o que disse.
Com testemunhas, pericias e todo material possível.
Mas, não é suficiente.
A convicção do juiz para o pronunciamento da sentença está também sujeita a interferências religiosas, culturais e humanas.
Muitas vezes essas interferências sobrepõem-se às narrativas e provas.
Por isso, ate, é conhecido que a cada juiz uma sentença.
Evidentemente ate o limiar da Lei.
Para assegurar a justiça há outras instancias judiciais, que podem reverter alguma decisão equivocada na primeira instancia.
Se quiséssemos uma isonomia cartesiana nos julgamentos teríamos que usar computadores.
Cada parte preencheria um formulário hipotético e com base nos algoritmos estabelecidos haveria uma sentença que poderíamos entender que fosse justa.
Mas, ai também, poderia haver inépcia por alguma das partes no preenchimento do tal formulário e a parte perder, em razão disso.
Ou mesmo haveria o risco da interferência de hackers beneficiando alguma das partes.
Enfim, ser justo é complicado.
No caso especifico de Moro e Dallagnol ambos imbuíram-se na luta contra a corrupção que avassalou o Brasil nos últimos tempos.
Cada um em sua posição nessa guerra.
Mas, todos com um só objetivo.
Mitigar a corrupção.
Neste caso, o juiz Moro conhecia os fatos antes de chegarem a seu conhecimento pelos autos.
Como de fato, todos os brasileiros conheciam.
A corrupção chegou a tal nível que todos nós conseguimos identificar os corruptos.
Era de conhecimento publico quem eles eram.
Eles se desnudaram sozinhos!!
Tamanho o furor com que se locupletaram!
A ponto de no “mensalão” um dos membros da gangue, Roberto Jefferson, denunciar o fato e nomes.
Como não houve uma resposta à altura pela Justiça, eles sentiram-se impunes e alçaram voo mais alto.
Foi a vez do “petrolão”.
Mas, para processa-los a ponto de coloca-los na cadeia havia uma tarefa hercúlea.
No processo judicial era preciso provar sua culpa formalmente.
Todos os bandidos estavam com os melhores e mais caros advogados para defendê-los.
Afinal, quem conta melhor a estória certamente ganhara a demanda.
Mas esses advogados sabiam bem mais do que contar bem a estória.
Conhecem os escaninhos da Justiça e sabem como procrastinar a decisão final ate que prescreva e seu cliente não seja condenado.
Contavam também com a máfia que conseguiram introduzir na maquina publica.
Houve boicote de informação que pudessem incrimina-los.
Diante disso, a justiça viveu um momento inédito.
Como enfrenta-los de igual por igual?
As regras usuais eram cartas marcadas para que os bandidos levassem a melhor.
Para o reequilíbrio das forças era preciso que não houvesse a menor falha na acusação para que o julgamento condenatório tivesse êxito e nas instancias superiores fosse no mínimo mantido.
As conversas vazadas entre Moro e a equipe de procuradores não sabotaram a construção da justiça dentro de suas regras.
Foram dentro do limite da Lei.
E dos princípios que norteiam a formação da convicção de um juiz.
O seu lado humano.

4 comentários:

  1. os bandidos tentam a qualquer custo reverter suas penas ......mas a justiça será cumprida.....apesar de alguns advogados corruptos e mercenários alem do STF não totalmente confiável
    jose.pique@gmail.com

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  2. Para isso temos que continuar mobilizados!

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  3. Muito bom o seu texto, Geraldo.
    Nós temos que continuar vigilantes e acordados até que todos sejam punidos, inclusive os deuses do $TF!!!!!

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    1. Fico feliz que tenha gostado, Ricardo. Isso mesmo, temos que estar atentos!

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