domingo, 20 de outubro de 2019

O poder dos incapazes



Sem uma perspectiva baseada em pesquisa, mas de uma simples observação de um espectador da realidade brasileira, tenho a percepção de que estamos sendo submetidos a uma evolução pelo caminho mais espinhoso.
Suponho que esse caminho fosse o único possível diante do quadro anterior que vivíamos.
Basicamente a sociedade brasileira era dominada politicamente por coronéis regionais do norte-nordeste, por barões do café e do leite do eixo São Paulo - Minas e políticos profissionais da capital federal no Rio de Janeiro.
Com a mudança da capital federal para Brasília, no rastro desenvolvimentista de Juscelino, a força econômica dos barões do café começou a ser substituída pelos industriais.
No começo, esses industriais eram verdadeiros empreendedores e dedicavam-se com afinco a seus negócios, sem um interesse na política.
Nesse primeiro processo de transformação do poder político abriu-se espaço para que os intelectuais, que ate então estavam no obscurantismo político, conquistassem seu espaço.
Assim, havia uma divisão, ainda que com suas nuances, mas predominantemente formada por quatro forças:
Pelos intelectuais, com pensamentos de liberalismo nos costumes e aumento do poder do estado nas atividades econômicas.
Pelos coronéis regionais, conservadores no costume e na manutenção do pensamento feudal que permitia a manutenção do poder neles mesmos.
Pelos industriais que não tinham uma definição quanto aos costumes, mas que, ao longo do tempo, passaram a defender um protecionismo de estado, para garantir sua consolidação e expansão.
Esse protecionismo se dava tanto por benefícios fiscais como pelo apoio ao fechamento do livre comercio internacional de importação de produtos concorrentes.
E a população que navegava ao sabor do liberalismo de costumes, sem perder o conservadorismo em sua essência.
A eles cabia apenas votar, sem um poder de expressão de suas vontades.
As forças políticas progressistas enxergaram que o Brasil só conseguiria se desenvolver pela educação.
Felizmente conseguiram impor a universalização do ensino.
Entretanto, como as forças políticas dominantes estivem mais preocupadas com seus interesses próprios, não foi possível cumprir com a missão que teria dado um salto histórico no desenvolvimento do Brasil.
Dar educação para todos e com qualidade.
O resultado foi que a baixa qualidade de ensino transformou os ignorantes em analfabetos funcionais.
Muitos, ate, com diploma universitário!
Estava em formação um novo player na política:
Os incapazes.
Concomitantemente, os intelectuais, como estratégia para conquistar mais poder, vislumbraram que precisariam de uma liderança do meio do povo.
Foi quando identificaram essa qualidade em Lula e o adotaram.
Mas, não o prepararam com educação, que sabiam ser fundamental, para que ele, quando chegasse ao poder, pudesse representa-los.
Acreditaram, suponho, que conseguiriam manipula-lo.
O fato é que com a chegada de Lula ao poder não foram os intelectuais que o acompanharam.
Mas, os incapazes.
Alguns intelectuais, ao longo do tempo, acabaram por se afastar de Lula.
Com isso a massa de incapazes permeou por toda maquina publica.
Entretanto, com o advento da internet surgiram as mídias sociais, que se disseminaram e deu voz a população.
Vivemos momentos de manifestações.
Fomos para as ruas.
Entretanto, os incapazes também tiveram acesso às mídias sociais.
Para disseminar fake news.
Assim, hoje, muitas vezes somos levados a acreditar em mentiras.
Em quem acreditar?
Esses momentos de incertezas podem, ao final, no levar ao caminho certo.
Ou não.
Ainda não encontrarmos uma liderança capaz.
Quanto mais confiável.

11 comentários:

  1. Ignorantes em analfabetos funcionais, incapaz e corruptos. Belo texto meu amigo.

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  2. Ótimo texto, Geraldo, parabéns. Um ótimo domingo a você.

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    1. Fico feliz que tenha gostado, Marinho. Otimo domingo pra voce tambem. Abraços conteanos!

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  3. Geraldo, bom dia! VC fez um resumão da nossa história política desde os barões do café. Com relação ao que se deve ou não seguir, o ideal seria que o povo fosse mais politizado. Para isso, teriam que ter mais educação? Não, necessariamente. Um exemplo clássico é o do Chico Buarque de Hollanda, de família abastada, que mora naquela bifurcação do Sena que passa atrás da Notre Dame. É caríssimo viver ali. Os nossos socialistas querem muita riqueza para si mesmos e que o povão divida a miséria. Nunca votei no pt. Você acha que estamos mesmo polarizados? Bom domingo! Abração

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    1. Ola Stela. Agradeço te-la como leitora. Sim, acredito que estamos polarizados, mas não direita versus esquerda. A polarização é de mitos. De um lado os PTistas e de outro os anti Ptista. Bolsonaro é apenas um instrumento dos anti PTista. E essa divisão aconteceu pela traição de Lula à população que se nunca esperou dele um estadista, também nunca acreditou que pudesse formar uma quadrilha de bandidos para roubar os cofres públicos.

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  4. Geraldo, excelente texto.
    Parabéns pela análise real do cenário de penumbra e obscurantismo em que o país enveredou. Eu reforço com uma opinião: a maioria esmagadora de artistas como atores, músicos e semelhantes não são intelectuais de verdade. São parte da massa de manobra de uma longeva geração de marxistas que morrerão marxistas e se dizem progressistas. Como exemplo, não se aproveita uma linha sequer da literatura de um Chico Buarque para o real desenvolvimento político. É um pretensioso, assim como muitos que marcham com ele na ilusão do Estado do século XX que nunca deu certo. Ele é um ótimo poeta de ficção com delírios bisonhos sobre evolução da sociedade humana.
    Os reais intelectuais, os que seriam capazes de impulsionar a evolução do país, minguaram no cenário perverso que você descreve primorosamente bem.
    Nossa escassez de estadistas é um flagelo que parece uma contaminação. Isso vai demorar.

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  5. Percebi q vc e um cara observador, curioso portanto me permito te indicar o filme ou livro: Barão de Mauá.
    Esse hm com suas visões e capacidade de pensar o tempo q vivia, poderia ter colocado o Brasil no primeiro mundo.
    A biografia desse hm é imperdível pra pessoas como vc, se tiver um tempinho não deixe de ver

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    1. Agradeço a indicação. Conheço a historia do Barão de Mauá. A inveja de "puxa-sacos" do Imperador D. Pedro II impediram que esse brilhante homem trouxesse progresso para o Brasil.

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