terça-feira, 9 de outubro de 2018

A força do discurso




Quem poderia imaginar há seis meses atrás que Bolsonaro chegaria ao fim do primeiro turno nas eleições com quase metade dos votos validos, a ponto de quase ganhar no primeiro turno?
Pouca gente.
Só não ganhou no primeiro turno porque o adversário político utilizou todos os recursos para conquistar seus votos, usando ate a mentira.
Por longo tempo confundiram os eleitores de que Haddad era Lula.
Essa candidatura foi ate apelidada de triplex, pois havia 2 vices!
Mas, a questão é entender como Bolsonaro chegou la.
Assim como ele, Amoedo, do partido NOVO, começou a campanha eleitoral com poucos recursos oficiais, já que a distribuição de verbas privilegiou os grandes partidos, inclusive o PT.
Então como explicar que Amoedo que tinha uma proposta de governo bem elaborada, consistente, não conseguiu conquistar o eleitorado?
É certo que ambos souberam explorar as redes sociais com eficiência.
Mas, Amoedo não foi avante com a mesma força que a candidatura Bolsonaro deslanchou.
Eu particularmente fiz campanha para Amoedo.
Mas, ao perceber o tsunami que a candidatura Bolsonaro vinha  causando, alem da sensação de que Amoedo não se viabilizaria, mudei para Bolsonaro.
Ressalto que não foi pelo programa de governo de Bolsonaro, que comparativamente com o de Amoedo não existe.
Não foi deserção.
Agi assim exclusivamente para evitar o retorno do PT, como já expliquei anteriormente em outras publicações.
Reconheço que na democracia o que vale são os votos dos eleitores.
E estando Bolsonaro em condições de vencer o PT, não me restou alternativa.
Assim como sei que a grande massa votante tem, cada um individualmente, seus próprios objetivos na hora da decisão de seu voto.
Para o eleitor médio, não importa se o futuro presidente vai arrumar as contas do governo, se ele vai criar condições para o desenvolvimento e consequentemente gerar mais renda para o trabalhador.
Isso é futuro.
Amoedo prendeu-se demais na eficiência de um bom governo a médio e longo prazo.
Daí que seu discurso não sensibilizou o eleitor médio.
O eleitor é mais imediatista.
Quer o resultado hoje.
Amanhã é muito tarde!
O eleitor quer saber de emprego e renda hoje.
O PT sabia disso.
Daí que explorou a lembrança do bom desempenho da economia no governo Lula, quando muita gente melhorou suas condições de vida.
E prometia que se Lula voltasse à presidência, no dia seguinte o mundo maravilhoso do governo Lula retornaria num passe de mágica.
Se você questionasse a eles como essa condição aconteceu no passado, quase ninguém sabia que o mundo vivia outra condição econômica.
E que hoje é bem diferente e piorada.
Acreditam ate hoje que isso aconteceu graças a capacidade divina de governar de Lula.
Daí que Haddad, por estar intimamente associada a Lula, também conseguiu sensibilizar grande parte do eleitorado e teve expressiva votação.
Mas, e quanto a Bolsonaro?
Ele não tem essa mesma boa recordação do povo de um governo de fartura econômica, ate porque nunca governou antes.
O fenômeno Bolsonaro se explica porque ele soube falar aquilo que realmente muitos que votaram nele queriam ouvir.
Parte desse eleitorado identificou em Lula a culpa pelo péssimo desempenho do governo PTista de Dilma e que os atingiu em seus negócios ou mesmo em seus empregos.
E escolheram Bolsonaro na expectativa de que com um bom ministro da economia conseguiria acertar esses desarranjos.
Mas, vai além.
Há no mundo um movimento pendular que ora vai para a esquerda, ora vai para a direita.
Nesse exato momento, no mundo, esse pêndulo vai ao sentido da direita.
No Brasil esse refluxo se explica pelas mudanças sociais impostas pelo modelo progressista que, em alguns casos, se mostraram hostis.
Quando na verdade são aplicadas em determinados países desenvolvidos promovendo excelente melhora nas condições de vida de sua população.
Tivemos avanços muito bons.
Houve a valorização da diversidade sexual.
Houve a valorização da mulher na sociedade.
Houve a inclusão de negros que ainda viviam o rescaldo da escravidão.
Houve uma preocupação em reduzir a miséria.
Mas, aqui, outros avanços caminharam por caminhos tortuosos.
Talvez porque não estávamos preparados para atingir este nível.
Por exemplo, os direitos humanos, que é importante para todos nós, aqui se mostrou equivocado.
Focou sua defesa aos réus.
E não às vitimas.
A ponto de acontecer inversão de valores morais e éticos.
Que são importantes em qualquer sociedade desenvolvida.
Assistimos professores apanhando de alunos.
Sem que pudessem reagir aos agressores.
Porque a estes era dado o beneplácito de agredir.
Mas às vitimas, nem pretender o direito a uma reparação ao crime a que foram submetidos era possível.
Simplesmente porque os agressores passavam de réus a vitimas.
E a verdadeira vitima era desconsiderada.
Como é possível que um grupo de invasores entre e destrói sua propriedade rural sem que nada acontecesse a eles?
Se você reagisse em defesa do seu patrimônio você passaria a ser o réu na historia.
Essa mesma situação permeou toda a sociedade em diversas situações da vida.
Para completar, aos bandidos a legislação permitiu diversos privilégios, como por exemplo, a redução da pena para quase 1/6.
Além de poderem sair da prisão em festas comemorativas.
Isso funciona bem numa sociedade desenvolvida onde a educação e cultura estão em estágios mais avançados.
Aqui só serviu para que os bandidos concluíssem que o crime compensasse.
Enquanto para a sociedade trouxe insegurança e sensação de impunidade.
O combate a essas extravagâncias Bolsonaro já vinha atuando no Congresso.
Com o discurso da retomada aos valores anteriores, dito conservadores, de certa forma, fez com que Bolsonaro ”saísse na frente” perante os demais candidatos.
Por outro lado, a corrupção desenfreada acabou com o restava de confiança nas instituições democráticas.
Bolsonaro também explorou bem essa revolta dos cidadãos indignados com tanta roubalheira.
Por representar um candidato ficha limpa, Bolsonaro galvanizou sua eleição.
Evidentemente que um futuro governo Bolsonaro não ira mudar os bons avanços consolidados.
Mas, certamente, esperamos que repare os caminhos tortos que a sociedade tomou ao longo dos últimos anos.
A conferir.


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