segunda-feira, 18 de setembro de 2023

A violência é um vírus contagioso?




O médico epidemiologista Gary Slutkin, da Organização Mundial da Saúde (OMS), passou anos lutando contra doenças infecciosas na África.
Em Uganda, conseguiu combater a propagação da Aids com algum sucesso.
Ao voltar para Chicago, em meados da década de 1990, ficou chocado ao se deparar com um cenário de violência e mortes.
Abismado com o fato Slutkin começou a investigar e, após analisar dados, notou uma série de semelhanças entre a violência em Chicago e as epidemias que passou anos tentando curar.
Como epidemiologista, ele precisava identificar três fatores antes de classificar como uma doença contagiosa: aglomeração, autorreplicação e ondas epidêmicas.
Slutkin concluiu que Chicago estava de fato enfrentando uma epidemia tão grave quanto a que havia testemunhado em Uganda.
E decidiu tratar o problema da mesma maneira.
Conseguiu obter financiamento de uma universidade local e criou o “Cure Violence” (cura a violência) que é um projeto dedicado ao uso de métodos de saúde pública para combater crimes violentos.
Como primeira regra propôs que a violência não deveria ser tratada como "um problema de pessoas ruins".
Em vez disso, deveria ser abordada como uma doença contagiosa que infectava as pessoas.
Na África, Slutkin e seus colegas aprenderam que as pessoas só ouviam conselhos sobre sexo seguro se viessem de alguém em situação análoga à delas.
Usando o mesmo principio adotou uma abordagem parecida em Chicago.
Recrutou ex-membros de gangues para educar os atuais integrantes, intervir em disputas, na tentativa de evitar a violência na sua origem e atuar como “Violence Interrupters” (Interruptores de Violência).
Os resultados foram instantâneos.
A criminalidade foi reduzida significativamente na área piloto, West Garfield.
Em pouco tempo, o projeto estava sendo colocado em prática em outras regiões problemáticas da cidade.
Entretanto, para custear tal projeto é necessário verba publica, o que muitos governantes não estão dispostos a fazê-lo.
"A Unidade de Redução da Violência é um passo na direção certa, mas precisa do compromisso de todos no longo prazo", concluiu Gary.
Ate quando continuaremos utilizando conceitos equivocados no combate a violência, quando se tem um experimento de sucesso comprovado?

3 comentários:

  1. eu amaria ver a violência terminada, é a pior doença do mundo

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  2. Uma experiência muito bem sucedida!
    Se funcionou em Chicago, serve para o mundo todo!!!!!

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  3. Violência e tolerância caminham de mãos dadas.

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