terça-feira, 5 de setembro de 2023

A discórdia entre nós


Vivemos um momento chato na convivência social.
A divisão entre dois grupamentos, que são antagonicamente ideológicos, deixou de ser cordial e passou a ser uma guerra.
Para sustentar cada um desses pensamentos ideológicos foram criados dogmas, que servem como amálgama entre os componentes de cada grupo. 
Cada um desses grupos acreditam em seus dogmas, por mais absurda que possam ser em sua essência.
Na batalha, em defesa de seu grupamento, militantes utilizam-se das mídias sociais para difundir suas convicções.
Para que os militantes consigam sensibilizar quem as recebem utilizam-se de
mentiras.
Como todos sabem, a mentira é mais doce.
A verdade é mais amarga e difícil de ser apreciada.
Por isso o emprego da mentira consegue ter sucesso. 
Esses difusores de mentiras pegam parte de fatos verdadeiros e, em cima deles, criam mentiras fantasiosas contra o adversário ideológico e as divulgam como se verdade fossem, objetivando criar um choque no receptor desprevenido.
Ha dois objetivos em suas comunicações:
Um, primordial, é confraternizar entre si.  
Como fazem parte do mesmo grupo fanático, ao receber as mensagens, estes receptores se rejubilam pela confirmação de suas teses, também fantasiosas.
E replicam, avidamente, para maior difusão de "suas verdades". 
Outro objetivo é capturar, para seu grupo, aqueles alvos que encontram-se alheios a qualquer um dos grupos e estejam num momento de indefinição.
Esses alvos não fazem parte de nenhum grupo fanático.
Mas, ao receber essas mensagens caem na cilada, porque alguma coisa os sensibilizou.
Acabam replicando a mensagem e ajudam o grupo, que lhe enviou a mensagem, a difundir mentiras.
Alguns desses replicantes podem aderir, ainda que superficialmente, ao grupo.
Outros, mais reticentes, continuam sem aderência ao grupo
Ha ainda aqueles que repudiam a mensagem recebida.
Cada um, a seu modo, tem uma reação.
Alguns, como eu, contestam, explicando a mentira àquele que enviou a mensagem.
Algumas vezes somos ofendidos por descortinar a mentira, que para o fanático é um dogma que esta sendo vilipendiado.
Outros preferem deixar quieto, ignoram e nada falam, para evitar conflito e um relacionamento desagradável, principalmente quando essa militância acontece no ambiente familiar.
O problema que vejo nesse acirramento ideológico, alem da convivência chata, é torna-se potencial para a tomada de poder absoluto, por qualquer um dos grupos, e virarmos uma ditadura.
Evidentemente, que, sem armas, não ha como exercer uma ditadura.
Também não basta só ter armas.
É preciso o envolvimento das elites das estruturas de poder no conluio.
Aquele grupo que trouxer as forças armadas unidas ao Poder Legislativo e ao Poder Judiciário poderão reproduzir o que aconteceu na Venezuela ha anos. 
Bolsonaro, enquanto esteve no poder, conseguiu adesão parcial das forças armadas, mas não encontrou apoio de peso no Legislativo e acabou por se tornar inimigo dos membros da elite do Judiciário.
Resultado que suas insinuações de um golpe de estado ficou só no imaginário de seus correligionários. 
Lula, apesar de ter sido contemplado pela elite do Poder Judiciário, com a anulação de seus processos, que permitiu ter-se reabilitado para se tornar presidente, não detêm apoio do Poder Judiciário para aventuras anti democráticas.
Muito menos das Forças Armadas e do Legislativo.  
Apesar de haver baixo risco para uma ditadura, em parte isso já esta acontecendo com o empoderamento da Justiça.
Apesar de não fazerem parte integrante de nenhum dos grupos fanáticos.
Agem de maneira autônoma.
Conseguimos sentir os efeitos nocivos de uma ditadura, ainda que restrita ao poder Judiciário.
Isso acontece porque ha abuso do uso da Justiça. 
Muitos assuntos polêmicos, que deveriam ser objeto de discussão no Parlamento, são levados ao conhecimento desse Poder, que dá acolhimento e decide assuntos que vão além de sua função precípua de guardião da Constituição e controle da constitucionalidade em decisões inferiores.
Como esse Poder detém, em ultima instancia, a palavra final de algumas decisões importantes, que deixam de ser decididas democraticamente, no Parlamento, e passam a ser decididas por um diminuto grupo. 
Embora, suponho, não faça parte de um complô, o empoderamento do Judiciário ocorre ha tempos.
Teve sua gênese no afrouxamento da legislação criminal, promovida pelo Poder Legislativo.
Esse abrandamento serviu de base para o aumento da impunidade, que domina a Justiça brasileira.
É estarrecedor o numero de criminosos que tiveram decisões em instancias inferiores  e superiores anuladas ou abrandadas.
Isso sem contar a corrupção que permeia todo a estrutura institucional brasileira, com mais ou menos intensidade, dependendo do caso.
O empoderamento do Judiciário fez com que sua elite se tornasse celebridade.
São expostos  a cenas nunca imagináveis, no passado.
São vistos convivendo explicitamente com aqueles que se servem dos tribunais para resolver suas questões judiciais. 
Esse comportamento vai contra o principio da impessoalidade e da moralidade.
Os políticos, de maneira geral, que deveriam impor freios a esse empoderamento, não demonstram estar em busca de solução para esse problema.
Nem os grupos fanáticos.    
E ficamos em discussões tolas de cunho ideológico ficcional.   

2 comentários:

  1. Quando recebo via e-mail ou WhatsApp videos ou mensagens, dependendo de quem manda eu não abro nem leio pois tem alguns colegas que são extremamente da direita e outros extremamente da esquerda

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  2. Perfeita descriçāo do momento atual.

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