Já ha algum tempo surgem candidatos a cargos eleitorais que tem como plataforma ser antissistema. É verdade que o sistema que vivemos hoje precisa de reformas estruturais urgentes, num primeiro momento, e constantes, para aperfeiçoar aquilo conquistado.
Quando o sistema atual foi idealizado saímos de um mundo feudal para entrarmos num sistema capitalista da era industrial.
Primeiro surgiu a burguesia que dominava a atividade comercial e substituiu a nobreza feudal nas funções publicas.
Em geral participavam da diminuta classe rica.
Com a revolução industrial, tanto no continente europeu quanto americano, os brancos que exerciam atividades rurais ou de artesanato foram absorvidos pela atividade industrial.
No continente americano, que saia do predomínio de atividades rurais, com escravos de origem africana, alguns países, como os Estados Unidos da America, embarcaram na industrialização.
Nos demais, era incipiente e ficou muito tempo para crescer.
Mas, os trabalhadores, tanto do comercio quanto da industria trabalhavam assemelhados a escravos.
Tinham uma jornada de trabalho com muitas horas de trabalho e salários baixos.
Esses trabalhadores constituíam a grande classe dos pobres.
Quem obteve vantagem com a atividade industrial foram os donos das industrias, que ingressaram na classe rica.
Não havia classe media.
Ou se era rico ou se era pobre.
Ao longo do tempo alguns países foram disciplinando a relação de trabalho e houve uma conquista de salários melhores, criando a classe media.
Na atividade politica, com a saída do mundo feudal as dinastias reais e suas cortes foram substituídas pela Republica, onde os comandantes da nação e todo sistema local passaram a ser eleitos.
Surgiu a democracia.
Ainda que apenas para parte da população.
Os políticos, em sua maioria, pertenciam a classe rica e os eleitores eram restritos.
O Brasil, diferente de outros países do Ocidente que desenvolveram um parque industrial forte, continuou predominantemente rural.
A estrutura das instituições políticas, administrativas, judiciais, educativas e militares necessárias para o desempenho da nação, que sucedeu o Brasil imperial para o Brasil republicano, tomou novo rumo a partir da mudança.
Tanto a união quanto os estados, que cobravam impostos, basicamente, sobre a importação e exportação, começaram a cobrar outros impostos.
Mas, eram bem inferiores do que a arrecadação cobrada hoje.
Na medida que essa arrecadação foi aumentando a estrutura do funcionalismo publico cresceu junto.
Não só quanto ao numero de servidores, mas também
quanto a remuneração.
Que no inicio era tão baixa, que estabeleceu-se como consolação a estabilidade eterna no cargo e a aposentadoria integral.
Hoje o Brasil tem uma estrutura administrativa monstruosa, com falta de servidores em determinadas atividades e excesso em outras.
Além de custosa, comparativamente ao resto do mundo civilizado.
Por outro lado é injusta com seus servidores, pois oferece salários baixos, para uma grande maioria, que os deixa desmotivados, e altos salários, com benefícios exuberantes, para uma elite privilegiada.
O resultado é que a produtividade desses servidores é baixa, com honrosas exceções, pois, alem de tudo, na pratica, são inadmissíveis.
A ponto de um juiz ou mesmo um militar, quando comete irregularidades, ser aposentado, ao invés de ser demitido a bem do serviço publico!
Os candidatos anti sistema se apresentam como aqueles que farão a reforma na administração publica.
Como prometeu Collor, quando dizia que iria extinguir os marajás e nada fez.
Como Bolsonaro que prometeu colocar o Brasil dentro da realidade mundial, mas se perdeu pelo caminho e terminou seu mandato tentando dar um golpe de estado.
Uma ala da população anseia essas reformas estruturantes, por isso acaba caindo no canto de sereia desses "salvadores da pátria".
Depois fica frustada.
Não obstante continua acreditando que o próximo candidato
será o "salvador da pátria", como acontece na eleição municipal com a candidatura de Marçal.
Enquanto não houver entendimento que a reforma, que tanto ansiamos, não acontecera por obra de um super herói, mas, sim, pela eleição, tanto no executivo como no legislativo, de um forte e coeso grupo de políticos capacitados, bem intencionados, alem de um judiciário comprometido com o bem comum, e sem ideologias equivocadas, essa reforma nunca acontecerá.
Para isso também é preciso que deixemos de eleger celebridades e famosos sem conteúdo de ideias abrangentes.
Deixemos de eleger personagens carismaticos, que limitam-se a ajudar uma comunidade capaz de elege-lo, mas não vai alem disso.
Deixemos de eleger aventureiros que comunicam-se bem com seus seguidores, mas, também, não tem uma visão sistêmica da politica e economia.
Nos como sociedade, deixamos chegar ao ponto que esta.
Temos que fazer uma boa reflexão.