Quando era criança, devia ter uns sete ou oito anos, certa
vez, ao ver a autuação do Corpo de Bombeiros num incêndio, perguntei ao meu
pai:
- Quem vai pagar toda essa conta?
Ao perceber o desespero do dono da loja, que dizia ter
perdido tudo, fiquei preocupado.
Diante do enorme prejuízo causado pelo incêndio ao
comerciante, entendi que ele não teria recursos para arcar com mais essa
despesa.
Meu pai, pacientemente, me explicou que quem arcaria com as
despesas dos bombeiros seria o Estado.
Completou dizendo que o Estado também arcava com as despesas
com a policia e demais serviços públicos.
Antes que perguntasse a origem do dinheiro do Estado meu pai
me ensinou que o Estado arrecada recursos financeiros através de impostos.
Que todos são obrigados a
pagar.
Com esses recursos o Estado paga todas as despesas.
Sem entender muito bem essa ideia de pagar impostos para se
ter serviços gratuitos, continuei refletindo sobre o assunto e voltei a
perguntar a meu pai:
- Então quanto mais serviços públicos mais impostos se paga?
Meu pai concordou.
E continuou sua explicação informando-me que alem dos
serviços públicos que o Estado disponibilizava, também custeava assistência aos
mais pobres e necessitados.
Repliquei:
- Por que ao invés de dar assistência aos mais pobres e
necessitados o Estado não oferece empregos para eles viverem por sua própria
conta?
Minhas idéias liberais remontam desde aquela época!
Sempre acreditei que o Estado deveria ser enxuto.
Que disponibilizasse apenas os serviços básicos essenciais.
Com isso os impostos seriam menores.
Ao Estado cabe normatizar e fiscalizar a boa convivência dos
demais agentes econômicos.
As demais atividades deveriam ser da iniciativa privada,
que cobraria pelos serviços prestados.
Também cresci acreditando que o porco engorda mais sob os
olhares do dono.
Assim, acredito que o modelo de negocio de micro ou pequenas
empresas deveria ser o pilar da iniciativa privada.
Mas, o meu olhar infantil parece mais lúcido do que de
muitos que já adultos ainda acreditam num estado grande, monopolista e
centralizador.
Pior do que isso.
Tem gente que acredita que o Estado cria dinheiro do nada.
E inunda o Estado de atribuições.
Quando o Estado subsidia um serviço, como por exemplo, a luz.
O dinheiro arrecadado pelos impostos deixa de serem gastos
com o que deveria ser.
Ou tem-se que aumentar os impostos para poder realizar mais
essa despesa.
Por outro lado, quando acontece uma recessão econômica o
Estado arrecada menos.
Como acontece hoje no Brasil.
Assim tem-se que cortar despesas.
Ou aumentar os impostos.
Entretanto no Brasil estamos num patamar de arrecadação de impostos
espoliador.
Passamos do limite do tolerável faz tempo.
Não há mais espaço para aumentos de impostos.
Desta forma, a nossa única saída para equilibrar o orçamento
é cortar despesas do Estado.
Mas, uma vez mais tem muita gente que não entende isso.
Querem porque querem que o Estado aumente impostos.
Provavelmente se locupletam das receitas do Estado.
Ou tem a mente mais infantil do que tinha em minha infância.
Quando os políticos agem com paternalismo, ai a situação
fica mais complicada.
Seja no Executivo, seja no Legislativo.
A rigor, o local das discussões sobre o assunto cabe as Câmaras
Legislativas.
No nosso caso presente o Executivo deveria apresentar propostas para adequação do Estado a nossa realidade.
Em todos os níveis da Federação!
O Legislativo precisa elaborar Leis que cortem
despesas do Estado.
Sim, porque o Estado só pode fazer o que esta prevista em
Lei.
Um governante não pode ter uma ideia fabulosa e sair
implementando.
Tem que estar apoiado em Leis.
Mas, os legisladores parecem que são acometidos por uma enorme
insensatez.
São contra o corte de despesas.
Querem que o Estado se endivide mais.
Para poder continuar gastando o que o Estado não tem.
Imaginam que essa divida será perdoada, sei lá, pelo divino.
Não é assim.
Vejam o caso da Argentina.
Endividou-se ate onde não podia e depois na hora de pagar se
recusou a fazê-lo.
Alguns perdoaram a divida.
Mal exemplo aos políticos de la.
E para os vizinhos também!
Mas, outros credores, que ficaram conhecidos como Fundo Abutres,
exigiram o pagamento do que tinham como credito e venceram.
Não tem jeito.
Quem se endivida, uma hora tem que pagar.
O fato é que o Estado brasileiro e todas as demais entes federativos precisam fazer cortes.
Prejudicara muitos?
Sim, mas, não ha parto sem dor.
Cada um de nos poderá ter algum prejuízo.
O correto seria começar cortando os privilégios adquiridos.
O correto seria começar cortando os privilégios adquiridos.
Que ha aos montes e a gente nem imagina quais são.
Mas, para isso é preciso um governo forte e unido.
E bem intencionado!
Como se não bastasse isso, alguns funcionários públicos
fazem greve para aumentar seus salários!
É justo que pleitem?
É.
Mas, não nesse momento difícil.
Isso esta acontecendo em diversos estados do Brasil.
E com a inflação galopante se proliferara!
Todo mundo quer que o Estado gaste mais.
Claro, encontram ecos a seus pleitos em Sindicatos e outros
abutres do Estado.
Aliás, os Sindicatos estão muito mal acostumados.
Tem sua receita oriunda de uma extorsão repugnante.
Amparados por uma lei esdrúxula, os Sindicatos são
autorizados a tungar um dia de salário dos trabalhadores, sem dar nada em
troca.
A “filiação” é compulsória.
Acostumados a receber dinheiro que cai do céu, acreditam que
o Estado tem o mesmo poder.
Como perdi meu pai, não posso mais perguntar a ele:
- Quem vai pagar toda essa conta?