Muito se
fala, com desdém, dos países, cuja religião predominante é a muçulmana, em
especial daqueles de origem árabe e no Oriente Médio.
Por total falta
de conhecimento de como vivem.
Ate porque não temos uma interação mais próxima.
Acreditamos
que vivam uma sociedade retrograda e em condições desumanas.
Quando
ouvimos que há desenvolvimento, imediatamente, somos remetidos a Dubai.
Dubai ficou
mundialmente conhecido pelos seus arroubos urbanísticos e arquitetônicos.
Quem
visita Dubai, sabe que pode caminhar pelas ruas carregado de ouro, pois ninguém ousara a assaltar.
Entretanto,
atrás dessa aparente tranquilidade, há toda uma cultura religiosa e uma
política de estado que combate o crime de forma rígida e eficaz.
Fora esse
aspecto positivo com essa forma de ser e agir, ficamos indignados com a suposta
submissão impostas às mulheres.
Eu revi
alguns conceitos após assistir ao filme iraniano “A Separação”
de 2011.
Trata-se
de uma história carregada de tensões e conflitos.
Um casal de
classe média vive uma vida semelhante ao nosso dia a dia.
A mulher
Simin resolve se mudar para outro país, enquanto o marido Nader decide
permanecer no Irã, para cuidar do pai doente e senil.
Isso
provoca uma separação do casal.
Para
ajudar o que lhe restou da família, Nader precisa encontrar uma empregada
doméstica.
Acaba
contratando a primeira pessoa que aparece.
Essa
empregada é extremamente educada e religiosa, porém está grávida e não comunica essa situação a Nader.
Enfrentado as regras e proibições do Irã, ela foi trabalhar sem o consentimento de seu marido.
Objetivando com isso auferir renda
para ajudar nas finanças da sua família, que sobrevive de expedientes
praticados pelo marido.
Após um
contratempo envolvendo o velho pai, Nader precisa demiti-la, sem saber que
pouco antes ela havia sofrido um atropelamento na rua.
Quando a
empregada descobre que perdeu o filho em gestação, para justificar ao marido, ela
denuncia Nader como o responsável, inventando uma agressão que a teria feito
cair e provocado o aborto.
Essa
denuncia leva as duas famílias a um julgamento de cunho moral e religioso.
Há todo o
desenrolar do processo judicial que ao final parece se resolver com um acordo
financeiro intermediado pelo marido da empregada, um malandro, que quer se
aproveitar da situação.
Mas, no
momento derradeiro de efetivar o acordo judicial, ela tendo consultado um líder
religioso, se apercebe que estaria cometendo um pecado religioso, e resolve
contar a verdade.
De tudo
isso, podemos observar que o comportamento humano na mentira, no querer levar
vantagem pelo oportunismo, é igual em qualquer lugar do planeta e independente
da cultura.
O que
difere, fundamentalmente, é o medo.
A
religião muçulmana consegue como a católica o fez por muitos anos, regular o
comportamento de seus seguidores pelo medo do abstrato.
Daí
podermos caminhar em Dubai sem medo do concreto banditismo.