quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O medo como maestro da vida

Muito se fala, com desdém, dos países, cuja religião predominante é a muçulmana, em especial daqueles de origem árabe e no Oriente Médio.
Por total falta de conhecimento de como vivem.
Ate porque não temos uma interação mais próxima.
Acreditamos que vivam uma sociedade retrograda e em condições desumanas.
Quando ouvimos que há desenvolvimento, imediatamente, somos remetidos a Dubai.
Dubai ficou mundialmente conhecido pelos seus arroubos urbanísticos e arquitetônicos.
Quem visita Dubai, sabe que pode caminhar pelas ruas carregado de ouro, pois ninguém ousara a assaltar.
Entretanto, atrás dessa aparente tranquilidade, há toda uma cultura religiosa e uma política de estado que combate o crime de forma rígida e eficaz.
Fora esse aspecto positivo com essa forma de ser e agir, ficamos indignados com a suposta submissão impostas às mulheres.
Eu revi alguns conceitos após assistir ao filme iraniano “A Separação”   
de 2011.
Trata-se de uma história carregada de tensões e conflitos.
Um casal de classe média vive uma vida semelhante ao nosso dia a dia.
A mulher Simin resolve se mudar para outro país, enquanto o marido Nader decide permanecer no Irã, para cuidar do pai doente e senil.
Isso provoca uma separação do casal.
Para ajudar o que lhe restou da família, Nader precisa encontrar uma empregada doméstica.
Acaba contratando a primeira pessoa que aparece.
Essa empregada é extremamente educada e religiosa, porém está grávida e não comunica essa situação a Nader.
Enfrentado as regras e proibições do Irã, ela foi trabalhar sem o consentimento de seu marido.
Objetivando com isso auferir renda para ajudar nas finanças da sua família, que sobrevive de expedientes praticados pelo marido.
Após um contratempo envolvendo o velho pai, Nader precisa demiti-la, sem saber que pouco antes ela havia sofrido um atropelamento na rua.
Quando a empregada descobre que perdeu o filho em gestação, para justificar ao marido, ela denuncia Nader como o responsável, inventando uma agressão que a teria feito cair e provocado o aborto.
Essa denuncia leva as duas famílias a um julgamento de cunho moral e religioso.
Há todo o desenrolar do processo judicial que ao final parece se resolver com um acordo financeiro intermediado pelo marido da empregada, um malandro, que quer se aproveitar da situação.
Mas, no momento derradeiro de efetivar o acordo judicial, ela tendo consultado um líder religioso, se apercebe que estaria cometendo um pecado religioso, e resolve contar a verdade.
De tudo isso, podemos observar que o comportamento humano na mentira, no querer levar vantagem pelo oportunismo, é igual em qualquer lugar do planeta e independente da cultura.
O que difere, fundamentalmente, é o medo.
A religião muçulmana consegue como a católica o fez por muitos anos, regular o comportamento de seus seguidores pelo medo do abstrato.
Daí podermos caminhar em Dubai sem medo do concreto banditismo.

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