Tenho lido vários comentários de gente como a gente sobre os
cortes que o governador Geraldo
Alckmin esta tentando fazer nas Universidades publicas do estado.
Invariavelmente, todos são contra.
A noticia comentada é anunciada como se segue.
O governador enviou para a Assembléia Legislativa de São
Paulo o Projeto de Lei 587, que define a Lei de Diretrizes Orçamentárias de
2016.
Este projeto tem como escopo fazer uma alteração na
legislação atual e pretende retirar recursos da Unicamp e das outras
universidades paulistas como USP e Unesp.
Já começa com meia verdade.
Hoje a lei estabelece um patamar mínimo.
O projeto visa mudar o termo patamar para teto.
Portanto, não haverá corte de recursos, mas limitação de
gastos.
O que é bem diferente.
Ninguém, inclusive eu, podemos concordar em reduzir esforços
para o ensino.
Estamos de acordo que o caminho dos bancos escolares é a
única saída para que o Brasil do futuro tenha um melhor futuro.
Daí entendo a revolta das pessoas, quando leem essa noticia.
Ficamos contra porque ficamos contra a tudo que acreditamos
ser verdadeiro.
Sem entendermos o porquê das coisas.
Esse assunto é muito complexo e polemico.
Devemos parar para refletir sobre o assunto.
E não emitirmos criticas com um olhar muito superficial.
O fato é que nenhum de nós, simples mortais, conhecemos o
orçamento dessas universidades.
Reconheço que se fizéssemos uma leitura rápida dos números
do orçamento, eles, aparentemente, são consistentes.
Daí a indignação dos que defendem mais recursos para as
universidades.
Acredito, até, que não haja desvios ilícitos.
Mas, é preciso olhar com uma lupa.
É preciso permear pelo orçamento.
Entender cada item de despesa.
E verificar se aquele item é realmente necessário.
Entender como foi obtido o valor unitário de cada item de despesa.
E verificar se o valor é compatível com o praticado no mercado.
Ninguém, inclusive a direção da universidade, faz isso.
A direção não demonstra interesse em fazê-lo.
Nem disposição política para tal.
Pois se o fizer, certamente, será alvo de criticas daqueles que possam se sentir futuramente prejudicado.
E não serão poucos.
Então, é mais fácil pleitear mais verbas.
Temos o péssimo habito de acreditar que o erário publico é
um saco sem fundo.
Mas, se fosse possível fazermos uma análise detalhada do orçamento, iriamos ficar espantado
com a constatação de desperdício de dinheiro.
Isso, mesmo!
Você já pensou nisso?
Se responder não, você se enquadra na grande maioria.
Se responder sim, você tem ideia do quanto representa esse
desperdício?
Não?
Nem eu.
Mas, sem conhecer amiúde, tenho certeza que há desperdício.
Isso é uma praxe nas organizações.
Seja publica ou privada.
Na publica, que não há um dono, é sempre maior.
Se hoje alguém pudesse desenvolver um detalhado projeto de
universidade, um plano de negócios que atendesse exatamente os mesmos alunos que uma dessas universidades tem.
Depois, pudesse orçar o custo operacional, utilizando
valores praticados por qualquer empresa privada, com valores de mercado.
E, finalmente, fosse comparar com o que se gasta hoje nas
universidades.
Ficaríamos estarrecidos.
Seria constato que gastam expressivamente muito mais!!!!
Isso acontece porque lá atrás, quando foi elaborado o
projeto de universidade o projeto era um.
Ao longo dos anos, esse projeto foi sendo alterado.
Foi sendo incorporado tanto penduricalho que hoje é um Frankenstein
financeiro.
Para se ter uma ideia, o custo com funcionalismo consome
quase todo o orçamento.
A estrutura de recursos com funcionalismo apresenta muitas
distorções.
Benefícios salariais foram incorporados a ponto de ter funcionário
de escalão inferior ganhando mais do que um professor catedrático.
Assim como há professores que ganham integralmente seus
vencimentos, mas trabalham o mínimo exigido pela lei.
Há muita distorção salarial.
Dentro da universidade encontramos ainda outros professores
que ganham integralmente seus vencimentos não para ministrar aulas.
Mas, para fazer proselitismo doutrinário de política partidária.
Isso sem contar nas distorções do foco da universidade.
Uma universidade tem que ter o foco no ensino e pesquisa.
E não em ações sociais.
Como exemplo, na USP, há o CRUSP, que é um conjunto
habitacional para estudantes morarem.
Isso não deveria fazer parte do custo da USP.
Sendo uma ação social, que seja paga com recursos da área social.
Isso sem falar que lá moram estudantes profissionais que
estendem seu tempo na universidade há anos, para morarem gratuitamente.
O que deveria ser feito é a administração publica refundar a
universidade, dentro da realidade atual.