sexta-feira, 15 de maio de 2015

Sobre os cortes nas universidades estaduais.

Tenho lido vários comentários de gente como a gente sobre os cortes que o governador Geraldo Alckmin esta tentando fazer nas Universidades publicas do estado.
Invariavelmente, todos são contra.
A noticia comentada é anunciada como se segue.
O governador enviou para a Assembléia Legislativa de São Paulo o Projeto de Lei 587, que define a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016.
Este projeto tem como escopo fazer uma alteração na legislação atual e pretende retirar recursos da Unicamp e das outras universidades paulistas como USP e Unesp.
Já começa com meia verdade.
Hoje a lei estabelece um patamar mínimo.
O projeto visa mudar o termo patamar para teto.
Portanto, não haverá corte de recursos, mas limitação de gastos.
O que é bem diferente.
Ninguém, inclusive eu, podemos concordar em reduzir esforços para o ensino.
Estamos de acordo que o caminho dos bancos escolares é a única saída para que o Brasil do futuro tenha um melhor futuro.
Daí entendo a revolta das pessoas, quando leem essa noticia.
Ficamos contra porque ficamos contra a tudo que acreditamos ser verdadeiro.
Sem entendermos o porquê das coisas.
Esse assunto é muito complexo e polemico.
Devemos parar para refletir sobre o assunto.
E não emitirmos criticas com um olhar muito superficial.
O fato é que nenhum de nós, simples mortais, conhecemos o orçamento dessas universidades.
Reconheço que se fizéssemos uma leitura rápida dos números do orçamento, eles, aparentemente, são consistentes.
Daí a indignação dos que defendem mais recursos para as universidades.
Acredito, até, que não haja desvios ilícitos.
Mas, é preciso olhar com uma lupa.
É preciso permear pelo orçamento.
Entender cada item de despesa.
E verificar se aquele item é realmente necessário.
Entender como foi obtido o valor unitário de cada item de despesa.
E verificar se o valor é compatível com o praticado no mercado.
Ninguém, inclusive a direção da universidade, faz isso.
A direção não demonstra interesse em fazê-lo.
Nem disposição política para tal.
Pois se o fizer, certamente, será alvo de criticas daqueles que possam se sentir futuramente prejudicado.
E não serão poucos.
Então, é mais fácil pleitear mais verbas.
Temos o péssimo habito de acreditar que o erário publico é um saco sem fundo.
Mas, se fosse possível fazermos uma análise detalhada do orçamento, iriamos ficar espantado com a constatação de desperdício de dinheiro.
Isso, mesmo!
Você já pensou nisso?
Se responder não, você se enquadra na grande maioria.
Se responder sim, você tem ideia do quanto representa esse desperdício?
Não?
Nem eu.
Mas, sem conhecer amiúde, tenho certeza que há desperdício.
Isso é uma praxe nas organizações.
Seja publica ou privada.
Na publica, que não há um dono, é sempre maior.
Se hoje alguém pudesse desenvolver um detalhado projeto de universidade, um plano de negócios que atendesse exatamente os mesmos alunos que uma dessas universidades tem.
Depois, pudesse orçar o custo operacional, utilizando valores praticados por qualquer empresa privada, com valores de mercado.
E, finalmente, fosse comparar com o que se gasta hoje nas universidades.
Ficaríamos estarrecidos.
Seria constato que gastam expressivamente muito mais!!!!
Isso acontece porque lá atrás, quando foi elaborado o projeto de universidade o projeto era um.
Ao longo dos anos, esse projeto foi sendo alterado.
Foi sendo incorporado tanto penduricalho que hoje é um Frankenstein financeiro.
Para se ter uma ideia, o custo com funcionalismo consome quase todo o orçamento.
A estrutura de recursos com funcionalismo apresenta muitas distorções.
Benefícios salariais foram incorporados a ponto de ter funcionário de escalão inferior ganhando mais do que um professor catedrático.
Assim como há professores que ganham integralmente seus vencimentos, mas trabalham o mínimo exigido pela lei.
Há muita distorção salarial.
Dentro da universidade encontramos ainda outros professores que ganham integralmente seus vencimentos não para ministrar aulas.
Mas, para fazer proselitismo doutrinário de política partidária.
Isso sem contar nas distorções do foco da universidade.
Uma universidade tem que ter o foco no ensino e pesquisa.
E não em ações sociais.
Como exemplo, na USP, há o CRUSP, que é um conjunto habitacional para estudantes morarem.
Isso não deveria fazer parte do custo da USP.
Sendo uma ação social, que seja paga com recursos da área social.
Isso sem falar que lá moram estudantes profissionais que estendem seu tempo na universidade há anos, para morarem gratuitamente.

O que deveria ser feito é a administração publica refundar a universidade, dentro da realidade atual.

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