Aqui no Brasil, em 2022, muita gente
saiu às ruas e ficaram dias e dias nas portas dos quartéis clamando para que
nossas Forças Armadas dessem um golpe de estado, objetivando impedir a posse do
presidente eleito Lula.
Por trás dessa multidão, estava o então presidente Bolsonaro, que se apresentava como o “salvador da pátria”, que motivava essa turma a apoia-lo como líder de uma nova ditadura militar.
O mantra de Bolsonaro era de que ele evitaria que, se Lula fosse empossado, trouxesse pobreza e autoritarismo, como o que já ocorria na Venezuela.
Voltando no tempo, na Venezuela, surgiu um outro líder
“salvador da pátria”, Hugo Chavez, que tentou e conseguiu dar um golpe de estado, com o apoio das Forças Armadas venezuelanas e com a maioria da população a seu
favor.
Acreditavam no sonho de que Chavez tornaria a
Venezuela um país maravilhoso.
Com a morte de Chavez, Maduro o sucedeu na tirania.
Apesar de não ter a mesma formação militar do seu antecessor, tinha o mesmo ímpeto de se
instalar no poder para nunca mais sair.
E manteve as instituições governamentais
com os mesmos privilégios, se não com mais, que Chavez outorgara a seus membros
do alto escalão, para se manter no poder intocável.
Maduro vinha tendo sucesso nessa ambição utilizando uma falsa democracia, que lhe atribuía vitorias em eleições fraudulentas.
Até que nesta ultima eleição, da qual saiu perdedor, ele se superou.
Manipulando o Poder Judiciário
venezuelano, proclamou-se reeleito.
Tudo seguiria seu rumo normal se o
estado venezuelano não estivesse falido.
Para a população, que não participa do régio banquete da cúpula do poder, as migalhas jogadas é o que importa.
Mas, as migalhas diminuíram a tal ponto que, essa mesma população, que vinha
aceitando Maduro no poder, passou a ficar descontente.
A miséria os atingiu em cheio.
Mas, a insatisfação contra o ditador
não é de hoje.
Nos últimos anos, mais de 7 milhões
de venezuelanos, mais lúcidos, cruzaram
a fronteira e migraram para diversos países.
Os que ficaram chegaram ao ponto máximo
de tolerância e, agora, se manifestam contra Maduro.
Mas, isso não é suficiente para
impedir a manutenção de Maduro no poder.
Já dizia Maquiavel: “Nada é
mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de
manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas. O reformador tem inimigos
em todos os que lucram com a velha ordem e apenas defensores tépidos nos que
lucrariam com a nova ordem”.
Ou seja,
todos aqueles militares, que conseguiram lograr altos salários e benefícios nos
governos Chavez e Maduro, não querem arriscar a perder tudo que conseguiram, caso
Maduro deixasse o poder.
Por essa
razão, esses militares continuam apoiando Maduro e participando da cruel e sanguinária repressão aos opositores.
Pode o mundo inteiro estar contra Maduro.
Ele vai continuar no poder, ate que aconteça uma racha interno, como ocorreu algo similar no Brasil.
Por aqui, a turma do mensalão dava sustentação politica ao primeiro governo Lula.
Em razão de uma ambição destemperada do participe do butim, Roberto Jefferson, que sentia-se com um quinhão menor que desejava, denunciou o esquema.
Por muito pouco Lula não caiu.
Voltando a tentativa de golpe de Bolsonaro, você consegue imaginar o que seria do Brasil se ele e os militares brasileiros tivessem tido sucesso no golpe de estado que muitos queriam, clamavam e apoiariam?
Respondo:
Iriamos para uma condição semelhante daquela que ocorreu na Venezuela.
Os militares, junto com os demais poderes, participariam da farra do orçamento publico ate matarem a galinha dos ovos de ouro, como aconteceu na Venezuela.
Ainda que, aqui, tenhamos um Congresso e a nata do Judiciário avançando como abutres no orçamento publico para, legalmente, se locupletarem com altos salários e privilégios inimagináveis, continuamos sendo uma democracia capenga, mas não vivemos uma ditadura.
Nossas eleições, embora elejam, por obra dos eleitores, políticos de estirpe duvidosa, são confiáveis.
Não ha fraudes nas urnas.
Para nossa sorte, Bolsonaro não conseguiu conquistar a maioria dos militares para apoia-lo na aventura que se construía.
Diante disso, fica o alerta:
É fácil entrar numa ilusão de uma noite de verão.
Difícil é sair da realidade perversa.