quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O fator Trump

Ha uma insatisfação generalizada no mundo.
Dizem que as pessoas estão cansadas dos políticos, que nada fazem para mudar essa insatisfação.
É verdade.
Os políticos estão perdidos e digo mais.
Não tem capacidade para enxergar a realidade.
Preocupam-se mais em tentar agradar seus eleitores com migalhas e a manterem-se no poder.
Infelizmente, não será Trump, um farsante, que terá idéias para solucionar o problema.
Ele, simplesmente, fala o que o povo quer ouvir.
Dai sua vitoria.
Como já aconteceu por aqui com Collor.
Mas, nem ele, nem os políticos, nem o próprio povo sabem exatamente o que aconteceu.
Não conseguem identificar a real causa de nossa insatisfação.
Então, para justificar essa cegueira, começam a culpar aqueles que também vivem o problema.
Como se eles fossem a causa do problema.
Assim, vemos Trump e seus seguidores a culpar os mexicanos e outros imigrantes pelos empregos perdidos pelos americanos.
Mas, isso não é verdade.
Aqui no Brasil, também, no sul-sudeste há quem culpem os nordestinos.
Mas, eles não têm culpa.
Eles também são vitimas do problema que nos atingem.
O fato concreto é que hoje vivemos uma péssima distribuição de renda.
E uma incessante concentração de renda na mão de poucos!
Os USA ficaram famosos, no passado, pelo crescimento da população classe media.
A pirâmide socioeconômica se achatava e engordava no meio, enquanto a base também afinava.
A pirâmide começou a se assemelhar mais a um balão de festas juninas.
Havia empregos, bons salários e uma vida confortável.
O famoso “american way of life”.
Aqui no Brasil, no passado, embora nunca tenhamos chegado perto do modelo americano de distribuição de renda, havia, no sul-sudeste, uma leve tendência a uma vida mais tranqüila e confortável.
Enquanto no nordeste brasileiro predominava a miséria e a concentração de renda em mãos de poucos coronéis.
Assim como, no resto do terceiro mundo, havia uma população pobre, desnutrida, miserável e a disposição para ser explorada e espoliada.
Percebendo essa oportunidade para lucrar mais, os empresários migraram suas empresas para produzir nessas regiões, onde o custo de mão de obra era bem mais baixo e os lucros maiores.
O que fizeram os empresários americanos, assim como os demais no resto do mundo?
Começaram a fechar suas indústrias.
As indústrias mudaram-se para a Ásia.
Nos USA desempregaram americanos e empregaram asiáticos fora do pais!
Ou seja, não foram os mexicanos que “roubaram” o emprego dos americanos.
Foram os empresários americanos que agiram com ganância.
A tal da globalização.
Que é ótima.
Quando feita com ética e respeito aos trabalhadores.
Quando há uma competição não predatória, com vistas pela melhor produtividade e pela melhor qualidade.
E não pela escravidão e opressão dos trabalhadores.
Aqui no Brasil, também tivemos uma “globalização” regional.
Houve uma migração de indústrias do sul-sudeste para o nordeste.
Os trabalhadores nordestinos, ao ter seu primeiro emprego com regalias, que nunca teve, ficaram felizes.
Mas, mal sabiam que estavam sendo explorados.
Recebiam salários equivalentes a 30%, a 50% do que seus colegas do sul-sudeste recebiam antes de perder o emprego.
Houve uma massiva onda de desempregados.
Mas, como por aqui nunca tivemos um parque industrial exuberante, a queda de empregos teve menor proporção.
E foi possível, de uma forma ou de outra, que aqueles trabalhadores demitidos mudassem de atividade.
Acabaram se acomodando com salários menores.
Hoje o sul-sudeste brasileiro é menos industrial e mais prestação de serviços.
O fato é que essa estrutura empresarial precipitou uma nova concentração de renda.
Os USA, que no passado haviam achatado a pirâmide, começaram a alongá-la novamente e pior.
Tornaram sua base mais gorda.
A questão é essa.
Como reverter essa ma distribuição de renda?

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