segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Reflexões sobre a economia

Tenho acompanhado algumas discussões sobre a questão econômica do Brasil.
Vários economistas e cientistas políticos de renome, em seus diagnósticos, apontam para a necessidade de que sejam solucionados: a inflação acima da meta, crescimento do PIB baixo e desequilíbrio fiscal, com gastos bem maiores do que se arrecada.
Este desequilíbrio foi de tal monta que acabou culminando com o descumprimento da lei de responsabilidade fiscal.
Coisa ate então inimaginável.
E deveria ser punido ate com a cassação de mandato.
Ouço falar que o modelo consumista das pessoas está esgotado.
As pessoas chegaram no limiar do consumo.
Neste ponto tenho ressalvas.
O capitalismo pressupõe o consumo.
Quanto maior e mais rápido for o giro, todos ganham mais e arrecada-se mais.
Nesse quesito o governo Dilma acertou quando abaixou o IPI de automóveis e da linha branca de equipamentos domésticos.
Ensinou que mesmo reduzindo o imposto a arrecadação final não decresceu.  
E mais, pela primeira vez conseguiu quebrar o pensamento empresarial feudal, que acredita ser melhor ganhar na unidade do que na quantidade.
O mundo todo sabe que é o contrario.
Como decorrência, os empresários que acreditaram na quebra desse paradigma saíram-se muito bem.
Por outro lado, ouço sugestões de que o governo deveria priorizar os investimentos.
O que concordo plenamente.
Ate porque investimentos são necessários para que as obras como as de infra estrutura possam permitir a continuidade do desenvolvimento.
Nisso o governo Dilma patinou.
E muito!
Demorou em aceitar as privatizações, ou o nome que se queira dar. 
Hoje já há gargalos não só na área de mobilização, tanto de pessoas como de cargas. 
Não há portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias, rodovias suficientes para atender a demanda existente.
Mas, é na área de energia que a coisa esta mais grave.
Para se ter uma idéia, se hoje o Brasil deslanchasse, não haveria energia elétrica disponível.
Quanto a solução na economia, de uma forma recorrente, ouço propostas com soluções ortodoxas como juros altos e aumento da carga tributaria, que já é elevada.
Eu não concordo com essas soluções.
De fato, juros altos inibem o consumo.
Acredita-se que com isso esfrie a inflação.
Mas, o consumo é uma das fontes de arrecadação!
Será arrecadado menos!
Por outro lado, inibe também os investimentos.
Quem tem recursos, ao invés de aplicá-los em negócios, corre para os bancos, na busca de altos ganhos em aplicações financeiras, sem fazer esforço.
É o retorno da tal ciranda financeira.
Como o governo não consegue cortar as despesas o suficiente, a solução imediata é aumentar os impostos para equilibrar as contas publicas.
Já se fala nisso como certo.
Ate em recriar a maldita da CPMF já tem vários políticos apoiando a idéia!
Entretanto, assim agindo haverá também uma redução de consumo.
Os salários dos trabalhadores não suportarão os aumentos de preços dos produtos de consumo, pela elevação da carga tributaria.
Teremos que gastar menos.
Enfim, essa alternativa é um remédio duro, questionável, e leva anos para fazer efeito.
Eu mesmo fui um dos pequenos empresários que sucumbiram com essas medidas na época do FHC.
Atuava no mercado imobiliário com incorporações de imóveis.
Durante a década de 90 os negócios imobiliários reduziram a tal ponto que apenas poucas incorporadoras, com produtos bem localizados, conseguiam realizar vendas.
Meu ponto de vista é que para incentivar os investimentos, gerar empregos e promover o desenvolvimento tem-se que enxergar a questão de impostos de uma forma abrangente.
E ao contrario do que taxar mais se deve taxar menos.
Interessante nessas discussões é que os economistas e cientistas políticos não abordam a questão do ICMS!
Talvez por ser imposto estadual e estar fora dos holofotes da mídia.
Se você conferir a sua conta de energia elétrica vai se surpreender com a taxação de ICMS.
E isso vale para tudo.
Da feira, ao supermercado, à farmácia, tudo o que consumimos.
Você não imagina quanto de ICMS você paga.
E a situação desse imposto piorou ao longo dos anos.
No passado, a indústria recolhia o ICMS, que depois era compensado pelo comerciante, cabendo ao consumidor final o pagamento do imposto embutido no preço do produto consumido.
Hoje essa metodologia mudou.
Não há mais compensação.
Assim, um produto que transita por varias empresas numa cadeia de produção, vai chegar à ponta super indexado de ICMS.
Sim, o imposto estadual é que é de fato perverso e inibe o desenvolvimento industrial.
Mas, disso não ouço comentários.
E a sanha dos governos estaduais em arrecadar, obscurece a visão dos governantes de que com a redução do ICMS haveria mais consumo, mais desenvolvimento, mais arrecadação.


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