sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Meus Ancestrais - Capitulo III

Capitulo III – No passado, o valor da palavra empenhada

Fiquei entusiasmado com a descoberta da minha ligação com meu primo Paulo Fairbanks.
Pensei: A internet é fabulosa. A gente acha tudo.
De repente, me surgiu uma lembrança de mais uma ligação familiar, que sempre me deixou intrigado.
Recordei que, durante minha adolescência, meu pai comentava de um parentesco distante que tínhamos com Theodoro Quartim Barbosa, fundador do Banco do Comércio e Indústria de São Paulo S.A., depois denominado apenas Comind.
Pensei: Vou pesquisar para ver se acho esse elo perdido.
Fui ao computador e na internet digitei no Google o nome Comind.
Pensei: Essa pesquisa vai ser moleza.
Encontrei um site que continha a seguinte informação:
O Banco do Comércio e Indústria de São Paulo S.A. foi um banco brasileiro fundado em 1889 pela elite cafeeira paulista, tendo como principais acionistas Theodoro Quartim Barbosa, Antônio da Silva Prado, J.J. Abdalla e Elói Chaves.
E que em 1985, ocupava a 5ª posição no ranking nacional de bancos. Possuía dezessete mil funcionários e trezentas agências quando, em 19 de Novembro, sofreu uma intervenção federal. Suas agências foram leiloadas e distribuídas pelo Banco Central entre diversos outros bancos, que absorveram instalações e funcionários.
Pensei: Não! Com o nome do banco não vou achar nada.  Vou pesquisar o nome do Theodoro. Claro, é com o nome dele que devo achar alguma ligação entre nós.
Digitava ansioso.
Pensei: Deve ser mais fácil encontrar alguma coisa sobre Theodoro, afinal foi um banqueiro famoso.
Encontrei o nome dele em diversos sites, que faziam referencia a sua pessoa e familiares, mas não encontrava nada que pudesse relacionar com a minha família.
Continuei a busca.
Encontrei uma passagem histórica muito interessante, que marcou seu integro caráter. Reproduzo o texto abaixo.
 “Houve um tempo em que o fio do bigode e a palavra dada valiam tanto ou mais do que uma escritura.
Em fins dos anos 60, promulgada a Lei 4.728/65, que regulou o mercado de capitais, começava a ser implantado o modelo de mercado financeiro segmentado e as instituições pediam ao Banco Central permissão para abrir companhias de crédito, financiamento e investimento, de crédito imobiliário e bancos de investimento, bastando integralizar parte do capital e comprovar alguma experiência. 
Predominavam, então, figuras tradicionais como José Maria Whitaker, Gastão Vidigal, Walther Moreira Salles, Magalhães Pinto, Alfredo Egydio de Souza Aranha (tio de Olavo Setúbal, que com José Carlos Moraes Abreu fundara o Federal Itaú, em 1964, iniciando sua trajetória bem-sucedida), Aloisio Foz, Luiz de Moraes Barros, Amador Aguiar, Eudoro Villela, João Nantes, Adolpho da Silva Gordo e Avelino Vieira -, alguns dos quais titulares de bancos que acabaram caindo no ranking do setor ou que, simplesmente, desapareceram, como o Banco do Commercio e Indústria de São Paulo, em cujo prédio está localizada, desde os anos 80, a Bolsa de Valores de São Paulo. 
No auge da história do Commercio e Indústria, uma figura se destacava pela extrema austeridade, a de Theodoro Quartim Barbosa, com suas enormes sobrancelhas brancas.
Um episódio dos anos 60, com o doutor Theodoro, como era chamado, retrata o velho (e saudoso) Brasil. 
Os Bancos do Commercio e Indústria e Francês e Italiano detinham, cada qual, a metade das ações de uma próspera instituição de financiamento do crédito varejista, a Comit.
Theodoro resolveu comprar a parte dos italianos e convidou os diretores do Francês e Italiano a visitá-lo no 3o andar.
O doutor Theodoro definiu um valor que julgou correto e propôs a operação de compra. Os italianos concordaram com a avaliação, mas fizeram um reparo. "Pelo preço proposto, nós compramos sua parte", disseram ao presidente do Commercio e Indústria.
E ocorreu o que hoje pareceria improvável.
Impassível, o doutor Theodoro concordou e chamou os advogados para fazer os contratos, como relata um jornalista que conheceu de perto os bastidores do banco, Robert Appy.
O doutor Theodoro vendeu os 50% da Comit para os italianos e, pouco tempo depois, fundou outra financeira, a Comind, partindo do zero. 
Numa época em que as negociações verbais de compra e venda de instituições tinham tanta força quanto continuam tendo hoje as transações fechadas em Bolsa, o gesto de Theodoro Quartim Barbosa simbolizou o valor da palavra e o conceito do preço "justo".
Se era "justo" para ele, por que deixaria de ser "justo" também para o vendedor?
Uma cena, convenha-se, inimaginável nos tempos atuais, em que não se pede licença para fazer uma proposta hostil e tentar tomar o controle de uma empresa nas grandes bolsas do mundo.”
Pensei: Ele é da família, mesmo. Esse senso de justiça é típico da minha família.
Resolvi voltar ao site de genealogia familytreemaker na pagina do meu trisavô José Júlio Vianna Barbosa da Silva, onde havia localizado seus herdeiros.
Pensei: Acho que nesse site devo encontrar a ligação.
Como na pagina do meu trisavô havia o nome de seus pais, resolvi continuar a pesquisa por eles.
O pai do meu trisavô José Júlio era militar. Seu nome era Tenente Coronel Theodoro Barbosa da Silva. Sua mãe chamava-se Emerenciana Henriques de Freitas Vianna.
Acessei a pagina do Tenente Coronel Theodoro e descobri que ele teve duas esposas.
A primeira esposa, Emerenciana, era a minha tetravó.
Como o Tenente Coronel Theodoro ficou viúvo, casou-se com Angélica Silvina Moreira da Silva, com quem teve outros filhos. Dentre eles havia Francisco de Paula Moreira Barbosa.
Acessando a pagina de Francisco descobri que ele foi o pai de Theodoro Quartim Barbosa, o fundador do Comind.
Assim, meu trisavô José Julio era meio irmão de Francisco e, por conseqüência, tio de Theodoro do Comind.   
A minha ligação com meu primo de “enésimo” grau Theodoro do Comind não era assim tão distante. Estava uma geração acima da ligação com a família de meu primo Paulo Fairbanks Barbosa.
Fiquei contente com essa constatação.
Agora estava provado.
Meu pai tinha razão, quando dizia que éramos parentes do fundador do Comind.
Para descontrair, me ocorreu uma idéia, que me fez rir de mim mesmo.

Pensei: Toda família tem o primo rico e o primo pobre. Eu era o primo pobre. Theodoro era o primo rico.

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