Outro
dia assisti na GloboNews a parte final de um documentário sobre as mães chinesas.
Há
uma lei em vigor a partir de 1979, que estabelece controle da natalidade,
que ficou conhecida como a política do filho único.
Esta
lei visa controlar o número de habitantes da China, obrigando cada casal a só ter
um filho.
Quando
os pais não cumprem com o controle proposto pelo governo são submetidos a
punições, que vão desde a perda de direitos a programas sociais, pagamento de
multas ou ate ser destituído do emprego.
O
Documentário apresenta uma cidade do interior, submetida às metas de natalidade.
Quando
essas metas são atingidas, a cidade recebe um bônus financeiro do governo
central.
Que
é revertido em ações para beneficiar a comunidade.
Desta
forma, toda a cidade acaba se integrando para que as metas sejam atingidas.
Mas,
há todo um aparato do estado empenhado em fiscalizar a comunidade para que
sejam cumpridas as metas.
É a Comissão Nacional Chinesa para a Saúde e o Planejamento Familiar.
Quando
as metas excedem o previsto, a comunidade é penalizada com restrições orçamentárias.
E
os fiscais podem ser punidos com a demissão.
Assim,
esses fiscais tentam dissuadir as pessoas a se tornarem estéreis,
principalmente aqueles que já têm um filho.
Mas,
quando a situação fica critica tentam realizar, de forma imposta, os procedimentos
cirúrgicos de esterilização.
No
episodio, se observa as nuances do comportamento humano.
Há
uma mulher que se recusa a fazer a laqueadura.
Ela
teve conhecimento das agruras que outras mulheres, que fizeram a cirurgia,
tiveram no pós cirúrgico.
Não
deve ser fácil ser submetido a cirurgias numa cidade com poucos recursos de
instalação, equipamentos e atendimento.
Mas, ela
já tem 2 filhos.
O
fiscal, homem do povo, tenta, utilizando variada argumentação, convencer essa
mulher a realizar a cirurgia de laqueadura.
Ela
refuta, argumentando que tem medo da cirurgia.
Que
é nova e não quer sofrer as dores e as conseqüências da cirurgia.
Com
isso ela tenta procrastinar ao máximo a realização da cirurgia, alegando estar gripada.
O
fiscal chega a ir conversar com a mãe dela, uma idosa, que argumenta ser contra
a política, pois deixará os idosos desprovidos de filhos e netos que os amassem
e cuidassem na velhice.
Mas,
ainda que tenha que cumprir seu oficio, o fiscal é um ser humano.
Ele
aceita às alegações dela.
E
acaba ajudando a mulher, junto aos membros do serviço de controle, por diversas
vezes, alegando que ela esta doente e não deve realizar a cirurgia.
Há
ainda o componente religioso, que muitos, inclusive eu, não imaginava tão
presente na cultura chinesa.
Quando
uma mulher engravida, ela ora para determinada entidade taoista.
Dependendo
para quem for feito o pedido, a criança será homem ou mulher.
O
mais surpreendente é que Mao Tse-Tung, ditador comunista, após sua morte,
tornou-se um deus do panteão taoísta.
E
é venerado.
Ela
então roga sua orações para que Mao a ajude a não ter mais filhos.
Mas,
a cidade esta no limiar de não atingir a meta.
E
o fiscal, sob pressão de seus colegas, acaba dando a ultima cartada para
convencer a mulher a se submeter a cirurgia.
Telefona
para a diretora da escola onde os filhos dela estudam e determina que eles
sejam afastados da escola.
Ela,
finalmente, sucumbe aos apelos e realiza a cirurgia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem vindo!
Agradeço sua participação.