segunda-feira, 8 de junho de 2015

O comportamento humano e a roda do poder

Outro dia assisti na GloboNews a parte final de um documentário sobre as mães chinesas.
Há uma lei em vigor a partir de 1979, que estabelece controle da natalidade, que ficou conhecida como a política do filho único.
Esta lei visa controlar o número de habitantes da China, obrigando cada casal a só ter um filho.
Quando os pais não cumprem com o controle proposto pelo governo são submetidos a punições, que vão desde a perda de direitos a programas sociais, pagamento de multas ou ate ser destituído do emprego.
O Documentário apresenta uma cidade do interior, submetida às metas de natalidade.
Quando essas metas são atingidas, a cidade recebe um bônus financeiro do governo central.
Que é revertido em ações para beneficiar a comunidade.
Desta forma, toda a cidade acaba se integrando para que as metas sejam atingidas.
Mas, há todo um aparato do estado empenhado em fiscalizar a comunidade para que sejam cumpridas as metas.
É a Comissão Nacional Chinesa para a Saúde e o Planejamento Familiar.
Quando as metas excedem o previsto, a comunidade é penalizada com restrições orçamentárias.
E os fiscais podem ser punidos com a demissão.
Assim, esses fiscais tentam dissuadir as pessoas a se tornarem estéreis, principalmente aqueles que já têm um filho.
Mas, quando a situação fica critica tentam realizar, de forma imposta, os procedimentos cirúrgicos de esterilização.
No episodio, se observa as nuances do comportamento humano.
Há uma mulher que se recusa a fazer a laqueadura.
Ela teve conhecimento das agruras que outras mulheres, que fizeram a cirurgia, tiveram no pós cirúrgico.
Não deve ser fácil ser submetido a cirurgias numa cidade com poucos recursos de instalação, equipamentos e atendimento.
Mas, ela já tem 2 filhos.
O fiscal, homem do povo, tenta, utilizando variada argumentação, convencer essa mulher a realizar a cirurgia de laqueadura.
Ela refuta, argumentando que tem medo da cirurgia.
Que é nova e não quer sofrer as dores e as conseqüências da cirurgia.
Com isso ela tenta procrastinar ao máximo a realização da cirurgia, alegando estar gripada.
O fiscal chega a ir conversar com a mãe dela, uma idosa, que argumenta ser contra a política, pois deixará os idosos desprovidos de filhos e netos que os amassem e cuidassem na velhice.
Mas, ainda que tenha que cumprir seu oficio, o fiscal é um ser humano.
Ele aceita às alegações dela.
E acaba ajudando a mulher, junto aos membros do serviço de controle, por diversas vezes, alegando que ela esta doente e não deve realizar a cirurgia.
Há ainda o componente religioso, que muitos, inclusive eu, não imaginava tão presente na cultura chinesa.
Quando uma mulher engravida, ela ora para determinada entidade taoista.  
Dependendo para quem for feito o pedido, a criança será homem ou mulher.
O mais surpreendente é que Mao Tse-Tung, ditador comunista, após sua morte, tornou-se um deus do panteão taoísta.
E é venerado.
Ela então roga sua orações para que Mao a ajude a não ter mais filhos.
Mas, a cidade esta no limiar de não atingir a meta.
E o fiscal, sob pressão de seus colegas, acaba dando a ultima cartada para convencer a mulher a se submeter a cirurgia.
Telefona para a diretora da escola onde os filhos dela estudam e determina que eles sejam afastados da escola.
Ela, finalmente, sucumbe aos apelos e realiza a cirurgia. 

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