Tenho comentado ha tempos que ter ou não religiosidade não é
apenas uma questão de escolha.
Convencionou-se imaginar que pessoas menos instruídas tendem
a ter contato mais amistoso com a religião.
Falava-se que os mais letrados seriam majoritariamente
céticos, avessos à fé.
Isso não é verdade.
Há muita gente culta e inteligente que é fervorosamente religiosa.
Sou ateu, não porque escolhi ser ateu.
Nem porque seja mais ou menos inteligente ou extremamente
culto.
Nasci ateu.
O biólogo americano Dean Hamer, coordenador do setor de
genética do National Cancer Institute, já afirmava que a fé em Deus estaria no
gene, no "gene de Deus".
Ao avaliar o grau de espiritualidade de 1 000 adultos, Hamer
descobriu uma coincidência: aqueles que tinham sentimentos religiosos
compartilhavam o gene VMAT2, responsável pela regulação das chamadas
monoaminas, grupo de compostos que incluem a adrenalina (substância excitante)
e a serotonina (sensação de prazer).
As monoaminas têm papel importante na construção da
realidade e na percepção das alterações da consciência, situações comuns em
experiências místicas.
Hoje saiu hoje na VEJA uma interessante matéria abordando o assunto, que transcrevo.
Em recente estudo conduzido pela
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, chegou-se a conclusão de que as pessoas
intuitivas são naturalmente mais religiosas do que as reflexivas.
Os intuitivos tomam decisões a partir de processos que
ocorrem com pouco esforço e atenção. "Eles usam naturalmente a primeira idéia
que vem à mente", diz o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, do
departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e supervisor do
Grupo de Estudos de Álcool e Drogas.
Os reflexivos concentram-se mais e usam um raciocínio mais
elaborado para chegar a conclusões.
Não há como afirmar, portanto, que os reflexivos sejam mais
inteligentes que os intuitivos, apesar de essa ser a impressão inicial
A premissa faz sentido segundo o psiquiatra Frederico Leão,
coordenador do Programa Saúde, Espiritualidade e Religiosidade, do Instituto de
Psiquiatria da USP:
"É mais simples para os menos racionais acreditar em
algo impreciso".
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