sexta-feira, 10 de abril de 2015

Gestão temeraria

Lembro de quando era criança, minha mãe administrava a casa com sucesso.

Mesmo com os poucos conhecimentos de administração que tinha, pois não teve formação universitária.

Provavelmente era uma administradora nata, já que seus aplicativos eram pura intuição.

Separava a quantidade de matéria prima certa para que no preparo da comida a empregada não desperdiçasse.

Nada de fazer comida para um batalhão, como algumas empregadas gostam de fazer e, depois, sobrar comida.

A mesa era farta, sim, mas não sobrava comida para ser jogada fora.

O material de limpeza e higiene também era dosado.

Tudo estava sob seu controle.

O resultado era que, praticamente, não havia nem desperdício, nem roubo por parte das empregadas.

Minha mãe zelava pelas finanças da família na casa.

É bem verdade que os gestores de hoje não têm a mesma preocupação com as finanças das empresas que trabalham.

Afinal, qual é o comprometimento que tem com as empresas?

Nenhum!

Estão nelas para ganharem seu provento e só.

Ainda que em muitos casos querem ainda mais.

Querem roubar.

Isso me remete ao tempo de estudante universitário, quando estagiava numa construtora.

Foi lá que conheci a face obscura do caráter do ser humano, que até então desconhecia.

A obra era grande e tinha em torno de 200 operários.

Havia um apontador de mão de obra que era o responsável pela parte de relações de trabalho na obra.

Já estava na empresa há muitos anos.

Era de confiança!

Eu estranhava seu jeito de se vestir.

Era cheio de pulseiras e colares de ouro.

Não entendia como era possível um sujeito com salário não muito alto se vestir assim.

Curioso indaguei-o.

Ele, para justificar sua condição financeira exuberante, respondeu que fazia negócios fora do expediente.

Um dia ele foi acometido de uma doença que o afastou do trabalho compulsoriamente.

No dia seguinte foi dia de pagamento dos operários.

Como o apontador não estava lá, o engenheiro residente solicitou que eu e outro estagiário assumíssemos o papel do apontador e realizássemos o pagamento.

No final do dia constatamos que uns 15 operários não apareceram para receber.

Comunicamos o fato ao engenheiro que nos orientou a aguardar que nos próximos dias os faltantes apareceriam para receber.

O que de fato aconteceu com uns 5.

Os outros 10, nada de aparecer.

Passou-se uma semana e ninguém reclamava de seu salário.

Na verdade nunca apareceram.

Eram funcionários fantasmas!

Ah! Nem o apontador mais voltou para a obra!

Nessa obra não ficou só nisso.

Certo dia o mesmo engenheiro residente solicitou que eu acompanhasse a pesagem do aço que seria entregue na obra.

Fui até a usina e acompanhei o carregamento e pesagem da carreta.

Peguei o tíquete com o peso.

Havia cumprido minha missão.

Deveria retornar à obra, mas, por mera curiosidade, resolvi seguir aquela carreta, sem que o motorista percebesse.

No meio do caminho o motorista descarregou parte da carga em outra obra.

Estranhei, pois que aquele carregamento era totalmente para a obra que estagiava.

Se não tivesse presenciado o fato e denunciado ao engenheiro da obra, muito provavelmente a empresa iria arcar com o custo total da carga e só ter recebido parte.

Onde quero chegar com esses exemplos?

A questão é que podendo roubar, alguns roubam.

Outros desperdiçam.

Portanto, um gestor tem que ser honesto.

Concordo que não é fácil identificar essa característica na contratação.

Mas, sem ela, abre-se a porta para que toda a equipe sinta-se à vontade para roubar ou desperdiçar.

Além de ser honesto, o gestor tem ser alguém com muita experiência.

Não só das técnicas que aprendeu na escola, mas que seja perspicaz para perceber o desvio de conduta de seus comandados.

E não foi isso que vimos nos gestores do PT no governo.
  
Dilma pode espernear dizendo que é honesta, o que não acredito, pois mentiu muito em sua campanha eleitoral.

Mas, imaginemos que seja honesta e ingênua.

Só isso para explicar do porquê, na qualidade de Conselheira da Petrobras, não tenha detectado que a compra da Refinaria de Pasadena tenha sido super faturada.

Mas, não é só ela.

Graça Foster também.

Como uma presidente da Petrobrás pode ser uma gestora sem experiência, a ponto de não perceber o prejuízo financeiro que a empresa foi submetida.

Como pode ser uma profissional especializada, que não tenha os conhecimentos técnicos para estabelecer parâmetros que pudessem detectar os desvios cometidos?

Não estamos falando de grãos de areia no oceano.

Foram bilhões de reais!

A conclusão que chego é que minha mãe fazia todo aquele esforço porque era comprometida com a honra, com a honestidade.


Mas, no mundo profissional poucos são os que são comprometidos.

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