Tenho assistido muita discussão sobre família.
O conceito de família era, tradicionalmente, representado por
um casal, um pai, ele macho, e uma mãe, ela fêmea, que se uniam e se reproduziam,
tendo filhos.
Hoje esse conceito é tão abrangente que transcende os laços genéticos.
Ainda que sempre houvesse a alternativa de adoção de crianças pela chamada família
tradicional.
Mas, como disse, esse conceito vai mais longe.
Hoje se admite uma família cujo pai e mãe, originariamente, ambos
são do mesmo sexo.
Pela impossibilidade física de se reproduzirem, são obrigados a adotar filhos.
Grande parte da sociedade manifesta-se contra esse modelo.
Argumentam uma serie de razões morais, religiosas e tudo
mais.
Por outro lado, observo um esfacelamento da família tradicional.
Muitos casais separados.
Já há muito tempo nos deparamos com famílias onde a mãe é mãe
e pai ao mesmo tempo.
O mais comum é a formação de novas famílias, cujos filhos têm
irmãos de pais ou mães diferentes.
Diante de todo esse quadro atual, que entendo não ser motivo
de tanta celeuma por ele próprio, vejo problemas maiores que acabam não sendo
diagnosticados e discutidos.
A violência infanto juvenil.
No modelo de família tradicional, os filhos eram criados com
a presença mais atuante da mãe.
As mães tinham afazeres domésticos, mas o contato próximo permitia
uma melhor atenção aos filhos.
Outras mães quando trabalhavam, contavam com a presença da
avó para representá-las.
Pois esta ficava em casa.
Como grande parte dessas famílias vivia no campo ou em
cidades pequenas, era possível um contato das mães durante as refeições.
Era quando havia o contato entre mãe e filho.
Quando havia a troca de carinhos.
Por outro lado, nesse meio todos se conheciam.
Havia uma ligação mais forte entre as pessoas.
A sociedade tinha outros hábitos, outros valores.
Com o crescimento das cidades, as mães tiveram que trabalhar
distantes de sua casa.
Não havia mais a possibilidade de fazerem as refeições
juntos com seus filhos.
Por outro lado, em muitos casos, não havia mais a avó disponível
para substituir a mãe.
Nesse novo modelo social muitos desses filhos não recebiam
carinho de suas mães ou de seus familiares.
Mesmo que sob os olhares de um parente ou de uma vizinha cuidadora,
ficavam soltos na rua, em contato com o que desse e viesse.
O fato é que não recebiam a educação moral e cívica para o convívio
social disciplinado.
E, indisciplinados, foram buscar uma compensação do afeto em
atividades não convencionais.
Por outro lado, nesse novo cenário, as pessoas começaram a
perder sua identidade.
Eram incógnitos no meio da multidão.
E mais um ingrediente foi acrescido nesse caldeirão.
Sem serem identificados, esses menores iniciam, alguns
timidamente, com pequenas transgressões.
Como não há quem os advirta ou lhes imponha limites, essas
transgressões crescem, ate chegar ao crime.
Ai acontece aquelas cenas dramáticas que assistimos de mães
chorando pelos seus filhos na porta de educandários, quando menores, ou nas delegacias
ou nas penitenciarias, quando maiores de idade.
Estão la desesperadas, lamentando pela sorte deles.
Mas, agora é tarde.
O processo de criminalização teve inicio la atrás.
Apesar de muitos acreditarem que possam ser recuperados, dependendo
do grau do crime cometido, acho difícil uma reversão do quadro.
Principalmente porque as instituições publicas responsáveis por essa tarefa estão falidas.
A maioria ao sair dessas instituições sai pior do que entrou.
Concordo que haja níveis de doenças mentais, cujo efeito
criminoso se equipare ou se mostre pior do que dos jovens cuja descrição
relatei.
Nesses casos deixo as conclusões para os especialistas.
Também não pretendo ser simplista a ponto de acreditar que não
haja outros fatores contributivos para a violência.
Mas, fundamentalmente, acredito que quando uma criança é
tratada, desde sua tenra idade, com muito amor e carinho, com educação para convivência
social, muitos desses males podem ser diminuídos ou até contidos por toda a
vida.
Concluo, então, que não importa como sejam constituídas as famílias.
O importante é haver uma boa e sadia convivência familiar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem vindo!
Agradeço sua participação.