domingo, 12 de abril de 2015

Greve dos professores parte II

Dando continuidade ao tema, recebi vários comentários, que aproveito para melhorar a qualidade da minha visão.
E como não podia deixar de ser, para compartilhar com aqueles que também se interessam sobre o assunto.

Pelo fato de não estar autorizado não vou citar os nomes das fontes, pois são pessoas do meio acadêmico.
Recebi essa informação:

“Infelizmente os salários dos professores da rede pública e as condições de trabalho estão tão pouco atrativos que têm atraído profissionais de qualidade duvidosa.”

É complementada pela explicação do porque da existência dos profissionais de qualidade duvidosa:

“Hoje, as faculdades que formam professores acabam atraindo alunos de qualidade inferior.
Um exemplo: A USP oferece os cursos de bacharelado e licenciatura.
Bacharelado é um curso diurno de 40 horas por semana e dura 4 anos.
Licenciatura é um curso noturno de 20 horas por semana e dura 5 anos.
Daí já se percebe que o professor sai com uma bagagem bem menor.
O aluno que presta Bacharelado tem que ter nota mínima em Química, Física, Matemática e Português.
Se não atingir nota mínima é desclassificado, mesmo que sobrem vagas.
Mas isso raramente acontece, a concorrência é de 8 a 10 alunos por vaga.
O aluno que presta Licenciatura tem que ter nota mínima só em Português e se zerar em Química, Física, e Matemática não tem problema.
Se tiver vaga ele entra!
Por quê?
Porque se não as vagas não são preenchidas!
A procura é baixa justamente porque o profissional que decide ser professor sabe que será mal remunerado.”
Ou seja, está formado o circulo vicioso!
Uma coisa aqui ficou patente.
Todos os que se encaminham para a educação publica sabem das condições desfavoráveis.

“O salário é injusto e... se eles continuam a exercer a profissão em escola pública é sim por terem se submetido a um concurso público que os qualificou para tal cargo!!!”

Ora, se mesmo assim, prestam concursos é uma decisão de foro intimo, que não cabe discussão.
Entretanto, o argumento de que prestaram concurso publico e viraram donos do cargo é de uma miopia estonteante.
Aliás, essa questão de vitaliciedade no cargo deveria ser extinta.
Como em qualquer atividade privada, o profissional antes de ser contratado, de certa forma também é submetido a um concurso.
E mais, ao longo de sua trajetória está submetido o tempo todo a avaliação de seu desempenho.
O que não acontece no serviço publico!
Mas, de volta à questão salarial.

“E os professores que se formam, se conseguem ser bons, são absorvidos pela rede particular.
Que paga bem melhor que a rede pública.
Por isso tem menos greve.
Na escola particular, geralmente a empresa acolhe o que foi determinado no dissídio entre o sindicato dos professores e o sindicato dos patrões.
Mas, se em determinada escola os professores não ficaram contentes com o acordado, tem-se como negociar com o patrão.
Já teve vezes que o patrão precisava mudar algumas coisas, como tirar alguma conquista do empregado mesmo. Chamava-nos, conversávamos e de novo chegávamos a um acordo.”

Perfeita essa colocação.
O dialogo não é só para aumentar.
Mas, recuar, quando necessário.
Essa é vantagem da empresa privada.
Eu tenho uma visão sobre como deveria ser o ensino publico.
As escolas públicas deveriam ser auto sustentadas.
Seriam concessões a quem fosse da área, receberia um valor do estado por aluno.
Operariam de forma isolada e com as regras das empresas privadas.
Quanto a questão do conteúdo educacional, seriam avaliadas 
pelo ogão do estado para continuarem ou não atuando.
Sei que existe modelo semelhante no ensino superior e de certa forma é bem sucedido.
Sei também que muitas faculdades são mal avaliadas e continuam abertas.
Claro, tudo isso depende de uma gestão cuidadosa.
Coisa que não vemos em todas as esferas públicas.
E continua com o seguinte:
“Mas, na escola pública o patrão é o governador.
Quem conversa é o sindicato, que nem sempre representa os professores da melhor maneira.
O governador não vai chamar todos para uma reunião.”

É bem verdade que o governador não é patrão de ninguém.
O estado é o patrão.
O governador é apenas o gestor do estado.
Ainda que se pretenda misturar as coisas, são bem distintas.
E o estado tem varias categorias profissionais, cada uma com pauta diferente.
Mas, o orçamento é um só!
De qualquer forma, sabemos que a situação do ensino esta péssima.
E tende a se agravar mais!
Pois se não tivermos professores formados, o que acontecerá?
Para a escola publica!
Aliás, já esta capengando, como se observa no seguinte:
.
“O Estado põe 50 alunos na sala de aula, põe professor de filosofia para dar aula de matemática, põe estagiário, aluno de faculdade de primeiro, segundo, terceiro ano para dar aula, e o ensino vai ficando cada vez pior.”

Por outro lado há a estrutura educacional.

“Hoje a regra é manter o aluno na escola e passar de ano mesmo sem o aprendizado estar adquirido.
O professor está sempre sujeito às regras do Sistema Educacional e recebe pouca ou quase nenhuma condição material.”

Importante salientar que o Sistema Educacional vigente foi arquitetado por integrantes da área.
Pode até ter sido motivado, desconheço, por determinação expressa do dirigente político de plantão.
Mas, seria o mesmo que culpar o dirigente porque, por exemplo, os engenheiros projetaram um prédio que desabou.
São profissionais da área.
Devem propor as soluções tecnicamente adequadas.
Ou não?
Não é porque um dirigente quer que eu economize cimento e aço que vou executar um prédio sem condições estruturais.
Se o fizer, não sou um profissional, mas serei um imbecil a serviço de um governo imbecil.
De qualquer forma, sem julgar o mérito, foi implantado um Sistema sem que houvesse discordância de seus pares.
Acredito ate que muitos o endossaram.
Se hoje se concluiu que foi um ato equivocado, que se mude.
Ou os dirigentes especializados que estão no poder são imbecis a ponto resistirem a mudanças necessárias?
Ou então, são capachos do governo para não perderem sua boquinha?
Em qualquer situação, havendo uma maioria contra o Sistema deveria exigir, não com greves, mas com abertura de dialogo com os dirigentes.
Sem nunca esquecer que os professores não são os donos do cargo.
O estado ou a empresa privada é que são donos dos cargos.
A meu ver, quem decide se o serviço é bom ou não é quem o recebe.
Imagina se numa empresa o empregado fará greve para melhorar a qualidade do serviço que a empresa presta.
Isso não existe.
Ele que faça o melhor de si para que a empresa preste o melhor serviço.
Claro que se a empresa não tem como objetivo prestar serviço de qualidade, pouco adiantará sua dedicação.
E a empresa se não melhorar perde seus clientes e quebra.
Mas, há uma diferença.
Ainda que isso aconteça você não esmoreceu.
E se persistir sua insatisfação, que peça demissão.
O que é mais importante: seu emprego ou sua dignidade?
No meu ponto de vista, as pessoas perderam o “certo orgulho em trabalhar nas escolas públicas!”
Querem é garantir o seu salário e benefícios e o resto que se dane.
Em geral, pensam:
Deixa pra lá. É assim mesmo!
Essa questão da qualidade do ensino não deveria ser uma bandeira exclusiva dos professores.
Mas, da sociedade, que em ultima instancia é quem será beneficiado ou não.
Se a sociedade é passiva, é passiva, fazer o que.
Por outro lado e bem lembrado assistimos a questão do vandalismo. 
Não só nas escolas, mas na sociedade como um todo.

“O professor está sempre sujeito às regras e recebe pouca ou quase nenhuma condição emocional contra as agressões dos alunos e depredação da escola por invasores”.

É verdade.
Mas, esse assunto esta mais afeto à legislação que é  complacente com os bandidos.
Conseqüência da impunidade e corrupção que se alastra em toda a sociedade.
A conclusão que chego é que o serviço público está falido.
Não será uma greve de uma categoria que fará as mudanças necessárias.
Temos todos ir às ruas e exigirmos mudanças.
Mas, não sem antes, nós mesmos, fazermos uma reflexão do que queremos para construir uma nação.

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