quarta-feira, 25 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XII

Capitulo XII – Sob o domínio do medo

Quando acordei, era de madrugada. 
O ambiente estava um pouco escuro.
Vi o Flávio chegando à UTI.
Pensei: Vai recomeçar a sessão tortura.
Carla agora era mais uma escrava sexual. Estava junto com a turma do Flavio.
Percebi que ela tentava falar alguma coisa comigo. Ela se aproximava da minha cama, disfarçava e se afastava. 
Fiquei só olhando.
Ela sentou-se em uma cadeira à minha esquerda, numa posição em que Flávio e seus asseclas não a viam. Começou a mostrar, com os dedos, alguns números.
Pensei: Será que ela quer dar o numero do celular dela? Para que? Eu é que tenho que dar o telefone da minha casa para ela, para ela ligar e dizer o que se passa aqui dentro.
Ela continuou. Comecei a guardar a sequencia, quando um dos capangas disse:
- Que é que está acontecendo ai?
Fiquei quieto e fingi que estava dormindo.
- Nada. Estou só vendo se o paciente está bem. – disse Carla, esticando o pescoço.
- Vai logo ai. – respondeu ele.
Ela levantou-se e fingiu que estava olhando um paciente. Esperou o capanga se distrair e voltou para o lugar em que estava sentada e começou a passar a numeração.
Pensei: Fica quieta. Que vou fazer com esse numero?
Ela veio perto de mim e disse no meu ouvido.
- Quando você sair, de esse numero para a policia me resgatar daqui.
Pensei: Que loucura. Ela quis entrar e agora quer sair. O que é que passa na cabeça dessa moça? Acho que não gostou dessa vida com o Flavio. Também não deve ser fácil. Escrava sexual...
Ei, vocês ai... que cochicho é esse?
- Não é nada, não. Estou só vendo se ele está bem – disse Carla.
Fechei os olhos, posicionei a mão como se estivesse rezando e fiquei murmurando palavras como se fossem orações.
Pensei: Eu, ateu, fingindo ser religioso. Como o mundo é!Bem pelo menos ele não sabe que sou ateu. Tomara quer ele seja religioso. Deve ser. Todo bandido é. Mafioso mata e depois vai à igreja rezar.
Olhei com os olhos quase fechados e vi que Flávio tinha um crucifixo pendurado no pescoço.
Pensei: Não falei. Deve ser cristão. 
            - Olha, o Zé rezando... Reza, Zé, reza. Você está precisando – disse Flávio rindo.
            Continuei fingindo que estava rezando fervorosamente e não falei nada.
O italiano falou em tom baixo, olhando para mim:
            - Você é esperto mesmo.
            Pensei: Cala a boca italiano. Não estraga minha estratégia.
            E continuei rezando, como se ele nada tivesse falado.
            - Desculpe. Acho que falei demais. – disse o italiano, percebendo que falara demais.
            Pensei: Cala a boca.
            Flávio saiu da UTI, mas Carla ficou. Continuou me rondando. Ela me olhava, com um sorriso discreto, insinuador, enquanto caminhava calada, de um lado para outro.
            Pensei: Ela quer ser minha amiga. Mas, eu não acredito nela. Ela deve estar querendo me provocar para ver como reajo. Vou ficar na minha.
            Carla pegou um pedaço de papel e ficou me olhando. Voltou a sentar no canto à minha esquerda.
            Pensei: Acho que ela agora entendeu. Para eu ajuda-la, primeiro ela tem que me ajudar. Vou passar o numero do telefone de minha casa, assim ela telefona para lá. Conta tudo o que está acontecendo aqui dentro. Ela contando eles vão acreditar. Eles vão tomar uma providencia. Chamar a policia, a imprensa. Sei lá.
            Comecei a mostrar com os dedos o numero do meu telefone. Ela repetia com a voz baixa, confirmando. Estava quase no fim quando fui interrompido pelo italiano.
            - O coisinha fofa vem aqui me chupar – disse o italiano para Carla.
            Pensei: Oooo italiano, não atrapalha.
            Carla fingiu que não ouviu. Continuou aguardando eu terminar a sequencia do numero de telefone. Como fiquei atrapalhado com a interferência do italiano, resolvi começar a numeração do inicio. Ela ficou confusa e não entendeu que começara de novo.
            - Deixa eu chupar você todinha, coisa fofa. – continuou o italiano.
            - Não é possível. Esse italiano não tem jeito – falou um dos capangas do Flavio
            - Vamos lá e comer o rabo desse italiano – falou outro capanga.
            Foram na cama dele e sodomizaram o italiano. Os dois. Um de cada vez.
            Eu não olhei, pois nunca gostei desse tipo de coisa entre homens.
            Pensei: Que humilhação deve esse italiano estar sentindo.
            Ele falou.
            - Gostei. Foi legal. Agora deixa eu comer vocês também.
            - Com o que, velho safado? Você não tem pau. – disse um deles
            - Então, deixa eu chupar a Carla.
            Pensei: Esse italiano é doido. E tarado.
            Os capangas deram de ombro e se afastaram da cama do italiano.
            Carla foi até cama do italiano, ficou dançando na frente dele. Começou uma sessão de strip tease sensual. Dançava, tirava uma peça da roupa. Olhava para o italiano com um olhar maroto.
            Pensei: Não vou nem olhar. Vou continuar fingindo que estou rezando para não me envolverem nessa confusão. Vai acontecer já, já. Deixa o Flávio aparecer e ver isso.
Flávio entrou na UTI. Viu a cena. Ficou irritado. Deu um tapa na cara da Carla e mandou ela sair dali, gritando:
- Vagabunda.
            Eu continuei fingindo que estava rezando fervorosamente.
- Matem esse cara. Mas, desta vez é para matar mesmo... Porra! – esbravejou Flávio.
E vieram novamente dois enfermeiros cada um com um travesseiro, para sufocar o italiano. Começaram colocando o travesseiro no rosto do italiano. Empurravam com as duas mãos. Cada um de um lado. O italiano se debatia, mexia as pernas, empurrava os enfermeiros com os pés e com braços. Ele lutava com todas as forças. Algum tempo depois, vi que ele ficou quieto.
Mais uma vez parecia que o italiano tinha morrido.
Pensei: Incrível como matam esse italiano. E ele sobrevive! Que resistência!
Os capangas saíram de um lado, rindo. Do outro lado entrou Roberto, que havia sumido da UTI, acompanhado da Dra. Kátia. Foram em direção do Flávio, que estava à minha direita. La chegando, viraram-se de costas para mim.
Depois de algum tempo, os três começaram a caminhar, conversando, até que os perdi de vista, pois entraram na perna do L da UTI.
De repente, o Flávio voltou com um semblante raivoso. Parou na minha frente, olhou para mim e disse ríspido:
- Zéééé.... Que papelão é esse, meu!
- Como assim? – respondi
- Parece que está todo mundo contra mim, porra! – falou Flávio, batendo as mãos nas pernas.
– Zééé.. Porra! A gente era amigo.
- A gente ainda é amigo. – corrigi.
Ele gritava e girava em torno de si mesmo, batendo com um dos pés no chão.
- Porra Zééé. O que você me aprontou?
- O que houve? – perguntei assustado.
- Estou sabendo de tudo.
Fiquei calado e senti medo. Foi uma sensação de calafrio da cabeça aos pés. Engoli saliva seca.
- Você quer me ferrar,né? Meu. Que é que você tinha que trazer os procuradores aqui. Isso vai me custar muito caro, meu. Essa turma quer mamar coisa grande.
- Olha, Flávio....Não fui eu. – respondi.
- Como não foi, Zé? Foi então... quem? Fui eu que chamei esses filhos da puta aqui para me encher o saco? – esbravejou Flávio, que parou de rodar e olhava fixamente para mim, tenso.
Pensei: Eu sabia....A vinda dos procuradores aqui....Foi isso! Eu sabia que ele iria atribuir a mim.... Eu sabia. Quando a procuradora disse que veio me tirar daqui, eu já tinha imaginado isso. E o pior é que ela não me tirou daqui! E agora? O que é que eu faço?
- Calma, Flávio.... Calma. – implorei.
- Que calma, Zé! Calma...Eu estou puto!
Eu não sabia o que fazer. Fiquei apavorado.
- Zé, você complicou tudo. O negócio pegou mal para o seu lado. Fedeu. Fiquei sabendo por fontes que eu confio. Foi você quem trouxe os homens aqui.
- Como eu, Flavio? Eu estou aqui entrevado nesta cama...Como eu ia trazer eles aqui?
- Foi a sua família. – respondeu ele.
Pensei: O Roberto é a minha salvação.
Roberto...Por favor, Roberto. Você é procurador, não é? Então...fala aqui para  o Flavio...Fala que eu não tenho nada a ver com isso. Por favor! Fala ai que não fui eu...que não foi minha família quem trouxe os procuradores aqui. Me ajuda ai....Por favor. – implorei.
Roberto ficou quieto. Não disse nada. Só olhou sério para mim.
- Fala Roberto, por favor. – implorei novamente.
Roberto olhou para os lados, depois me fitou e disse:
- Deixa eu te falar uma coisa. Eu trabalho aqui no hospital com o Flávio faz um tempão...
Pensei: Como assim? Ele mudou de lado também?
- Roberto... você não é procurador? – perguntei.
- Não! Não sou procurador coisa nenhuma. Apareci aqui só para aliviar para o Flávio. Enganei todo mundo... - disse Roberto, dando uma gargalhada de escárnio.
 Pensei: Ai. Ai. Ai. Ai. Em que fui me meter. Acreditei que esse Roberto era procurador. Um amigo. Mas ele faz parte da gangue! Estou ferrado.
Eu fiquei ainda mais apavorado. Tremia de medo.
Pensei: Não tenho mais ninguém para me ajudar. Agora é por minha conta!

                                      continua no próximo capitulo

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