Capitulo
VII - Sexo na UTI
Como eu dormia de dia também,
algumas noites eu acordava no meio da noite e ouvia as conversas dos
enfermeiros. Eles falavam basicamente de sua vida pessoal. Alguns eram casados,
tinham filhos, moravam longe. Diziam que durante a folga faziam plantão em
outros hospitais, para melhorar a remuneração.
Eles tomavam café e comiam
salgadinhos, outras vezes pão de queijo, que um deles ia buscar em uma
lanchonete que ficava no térreo do Hospital. Quando chegava, ele apresentava a
conta para cada um reembolsar sua parte.
A conta era dividida e ficavam discutindo por centavos. Era engraçado.
Tinha uma enfermeira que gostava
de fazer sexo. Não que fosse bonita ou atraente fisicamente. Mas, ela se
mostrava fogosa. Era casada.
Certo dia, ouvi-a combinando de fazer sexo com
dois enfermeiros, com risinhos e caricias comportadas, como beijinhos e abraços
rápidos. Vi quando ela e os dois
entraram em uma baia, que me pareceu não haver nenhum paciente. Ouvi ela dizer:
- Agora vamos fazer mastro!
Pensei: Mastro?.... Como é essa
posição?
Fiquei imaginando e, pelo que
entendi, ela fazia ao mesmo tempo sexo anal e vaginal, levantando a perna como
se fosse um mastro de navio.
Pensei: Ela deve ser uma
ginasta! Conseguir fazer nessa posição não é qualquer um que consegue.
Depois, saíram da baia. Ela
olhou para mim com um olhar maroto, viu que estava acordado e disse:
- Dorme querido. Você não viu
nada.
Um dos enfermeiros que estava com
ela veio para perto de mim. Li no crachá, que se chamava Flavio .
Olhei para a cara dele.
Pensei: Eu conheço esse cara!....
De onde?... Quem é ele?... Já sei!... É incrível como ele se parece com o
Fernandinho. Será que ele é irmão dele? Claro que sim. Se está aqui é ele, sim.
Ele é irmão do Dr. Fernando Mauro Filho.
Perguntei:
- Seu nome verdadeiro.... é Flávio?
- É sim. – disse ele puxando o
crachá, que estava em sua camisa, fazendo com que a camisa se estendesse, só
para que eu pudesse ver melhor.
Pensei: Como era o nome dele
mesmo?... É Paulo.... Paulo armadura. É isso ai.
Eu tinha certeza. Ele era o
Paulo armadura. Ele tinha esse apelido na época que éramos jovens, com catorze,
quinze anos. Ficou conhecido como Paulo armadura porque ele brigava com todo
mundo. E era bom de briga. Sabia bater e quase não apanhava. Daí o nome
armadura. Todo mundo tinha medo dele. Ele é irmão do Fernandinho, um dos donos
da Medial e filho do Dr. Fernando Mauro. Naquela época andávamos com a mesma
turma da Vila Nova Conceição, bairro em que ele morava. Eu morava em Moema, mas
tinha amigos na Vila Nova, daí meu relacionamento com ele. Comigo ele nunca
brigou. Havia respeito entre nós. Depois daqueles tempos nunca mais nos vimos.
Embora me parecesse baixo demais
para ser o Paulo armadura, a semelhança que via nele com o Fernandinho não me
deixava nenhuma duvida. Ele era o Paulo armadura.
- Seu nome é Paulo, não é? –
disse
- Acho que você está enganado.
Meu nome é Flávio. – insistiu sorrindo.
- Paulo, você não lembra de mim?...
Quando a gente era mais jovem, lembra?.
- Meu nome é Flávio.
- Tudo bem, Paulo. Já entendi.
Aqui você é Flávio.
Ele sorriu e foi em direção á
mesa onde ficava a médica chefe da UTI, que ficava em frente da minha cama.
Pensei: Porque razão ele está
aqui vestido de enfermeiro. Ele tem muito dinheiro. È advogado. Não precisa
estar aqui trabalhando de enfermeiro. Porque ele está aqui? Huuum... Será que
ele está aqui para fiscalizar os empregados do hospital? Puxa vida! É isso! Que
mancada a minha. Ele está disfarçado. E eu com essa minha língua solta, falei
demais.
- Paulo, desculpe... Flavio , por favor, vem aqui.
Ele caminhou em minha direção.
Falei baixinho, só para ele
ouvir:
- Flavio ,
me desculpe, cara. Eu não sabia que você estava aqui secretamente. Peço mil desculpas,
está bem?
- Tudo bem! Na verdade eu sou o
chefe da UTI à noite.
Pensei: Será que o hospital está
com problemas financeiros? Deve estar. Eles estavam matando gente para reforçar
o caixa!
- Aconteceu alguma coisa, assim financeiro,
para você ter que trabalhar?
- Não. Não. É que eu durmo
pouco. – respondeu ele naturalmente. - De dia trabalho no escritório de
advocacia. De noite, como não tenho nada para fazer, venho aqui para me
divertir.
- Como assim? –perguntei.
- Preciso fazer muito sexo!
Sexo! Preciso fazer sexo sem parar.
- Mas, aqui? – perguntei
curioso.
- Onde mais, bonitão? Aqui as
enfermeiras trabalham para mim. São minhas.
- É verdade. – tive que concordar.
- Você não gosta de sexo? Lógico que gosta. Você
sempre foi bonitão. E com esses olhos verdes.
- Gosto, lógico, mas estou
tranqüilo. Fiz uma cirurgia brava.
- Eu topo tudo.
- Eu não. Sou conservador.
- Você não sabe o que esta
perdendo. Veja o que vai acontecer aqui de noite. Quando todo mundo estiver
dormindo, eu faço a UTI virar uma boate. Vai começar já, já. Voce vai ver.
De repente, vi que as luzes da
UTI diminuíram de intensidade. As televisões estavam ligadas. Aos poucos
sumiram as televisões e o ambiente começou a se transformar. As divisões das
camas ficaram transparentes, sei lá, mas eu conseguia enxergar todo o ambiente,
que estava maior.
Olhei para os lados e havia uma
névoa no ar, própria de gelo seco. Vi que havia luzes coloridas, girando, luzes
estroboscópicas no teto. Era atmosfera de boate. Ouvia uma musica alta.
Muita gente chegava. Eram
enfermeiros e enfermeiras, que trabalharam durante o dia e, na folga, estavam
lá para se divertir. Vi vários freezer com porta de vidro cheias de cervejas,
vodkas, energéticos. Bebiam muito. Alguns se drogavam discretamente, fumando
maconha.
O interessante é que os
pacientes todos dormiam. Tranqüilos, tranqüilos.
Havia um grupo de enfermeiras.
Eram as mais bonitas. Entraram com algemas, amarradas entre si com uma corrente
de aço prateada. Elas foram até um deck, onde de dia era o balcão de apoio aos
enfermeiros. Lá tiraram as algemas.
O Flavio
estava empolgado, carregando um copo de uísque na mão e com os braços
envolvendo na cintura duas enfermeiras, que antes estavam com as algemas.
Perguntei para ele:
- E essas garotas?
- São minhas escravas sexuais...
Ele circulava com elas no meio
das pessoas. Quando ele veio em minha direção me perguntou:
- E ai, Geraldo ,
vou sair para jantar. Quer ir junto?
- Não posso. Estou me
recuperando. Não posso sair da cama. Quando eu melhorar a gente vai.
Ele chamou um enfermeiro que
estava próximo, para acompanhá-lo. Ele
disse que não tinha dinheiro para pagar o restaurante. O enfermeiro olhou para
mim e disse:
- O Flavio
só vai a restaurante caro.
O Flávio falou para ele que se
ele fosse, ele pagaria a conta. E ele, então, aceitou e foi.
As duas enfermeiras que estavam
com o Flávio voltaram para o deck. O Flávio chamou outras três enfermeiras,
comentando que, como eram novas na casa, elas sairiam com ele naquela
noite.
Percebi alguns enfermeiros
beijando enfermeiras. Caricias para cá, caricias para lá e pronto. Vi que eles entravam nas baias onde estavam
os pacientes dormindo, para fazerem sexo. Fechavam as cortinas impossibilitando
que visse o que acontecia lá dentro. Na minha baia ninguém entrou, pois estava
acordado.
Pensei: Isso é uma orgia! Como é
possível uma UTI virar uma boate noturna? Ninguém vê isso? Como esse pessoal
dorme! Também eles devem dopar todo mundo.
Perguntei para um enfermeiro:
- E aquelas enfermeiras ali?
- Elas são do patrão. Quem mexer
com elas, morre. – disse ele, fazendo um movimento com a mão dobrada e com o
dedo indicador esticado, junto a sua garganta.
- Como assim? E a policia, não
faz nada? - perguntei.
- Cara, o Flávio faz parte da
alta cúpula da policia civil. Você está pensando o que? Ele se reúne com eles,
toda semana. Ele é poderoso. Com ele não acontece nada.
A boate aos poucos foi
desaparecendo. Voltou a ficar calmo, As luzes estavam com baixa intensidade,
mas conseguia enxergar a minha volta.
Não demorou muito e o Flavio
voltou acompanhado de uns seguranças. Uma das meninas era nova e parece que
criou uma confusão no restaurante. O Flavio
chegou irritado com ela e como castigo resolveu estupra-la, ali mesmo, na
frente de todo mundo. Eu não pude ver o ato em si, pois aconteceu do meu lado
direito na região da bancada de apoio da enfermagem. Mas, consegui enxergar uma
movimentação.
Fiquei assustado com esse ato de
selvageria. Não esperava essa violencia.
Eu não havia percebido antes,
mas agora descobri que haviam câmeras por todo o lado. Elas estavam escondidas
em lugares que ninguém percebia. Mas, eu descobri!
Pensei: Puxa vida, esse cara é
louco. Ele foi filmado estuprando a menina. Ele pode se dar mal... Imagina se a fita cai na mão da policia. Por
mais que ele seja amigo. Filme é filme.
Concluído o estupro, Flavio se vestiu. A garota ficou deitada no chão. Um
dos seguranças do Flavio , ajudou ela
a se levantar e a mandou ir embora.
Chamei o
Flávio e falei baixinho para ninguém escutar:
- Flávio, foi
tudo filmado...
Ele sorriu
para mim, não falou nada, virou-se e caminhando tranquilo entrou em uma sala.
Voltou algum tempo depois para a
UTI, dizendo que editara o filme e que no filme não parecia que a menina fora
estuprada.
Ele ria e dizia que ele fazia a
verdade ficar do seu jeito.
Pensei: Esse cara não é louco.
Ele é perigoso. É manipulador. Caramba. Que encrenca. Ainda bem que ele é meu
amigo. O Paulo armadura.
Mesmo assim fiquei
sobressaltado. Meu instinto dizia que ele não era uma pessoa confiável.
O Flavio
andava de um lado para outro, muito inquieto, junto com os seguranças, que não
tinham uma cara boa. Aduladores descarados.
Pensei: Isso não é nada bom.
Esses caras que andam com ele têm cara de bandidos!
De repente, o italiano, que
estava do meu lado esquerdo resolveu falar:
- Eu vi que você estuprou a
garota.
Pensei: Caramba, que é que esse
italiano está falando? Ele não percebeu que estamos lidando com gente perigosa?
O Flavio
esbravejou, cuspindo saliva:
- O que é que você disse?
- É isso mesmo que você escutou.
Tarado!– retrucou o italiano.
Pensei: Para, italiano. Para. Você
está provocando leão com vara curta.
Mas, fiquei mudo.
E o Flávio transtornado gritou:
- Matem esse cara. Ele fala
muito merda!
E vieram dois enfermeiros com um
travesseiro cada um, para sufocar o italiano. Começaram colocando o travesseiro
no rosto do italiano. Empurravam com as duas mãos. Cada um de um lado. O italiano se debatia,
mexia as pernas.
Pensei: Que covardia. O coitado
está deitado, sem poder se defender. Que bando de covardes!
E o Flávio gritou:
- Alguém mais quer falar alguma
coisa? Pode falar. Eu sou democrático. Todo mundo pode falar o que quiser. Eu
ouço. Depois eu julgo. Se falar bobagem paga com a vida. Alguém mais? Vamos lá minha gente. Alguém mais? – gritava
ele.
Fiquei quietinho. Senti-me
intimidado. Ninguém abriu a boca. Fingi que estava dormindo, mas olhava para o
lado e via com os olhos quase fechados que o italiano continuava se debatendo,
empurrava os enfermeiros com os pés e com braços. Ele lutava com todas as
forças. Algum tempo depois, vi que ele ficou quieto.
Pensei: Ele morreu! Que
estupidez! Quanta covardia!
Os enfermeiros largaram o
italiano estendido na cama e voltaram a se reunir com o Flávio. Cada um que se
aproximava dele comemorava batendo a mão na do Flávio, que mantinha estendida
para o próximo.
Eu estava muito assustado. Não
via a hora daquela noite terminar e o Flávio ir embora.
Percebi que começou entrar
outros enfermeiros. Senti cheiro de café e barulho de louças. Era a troca de
turno.
O Flávio e sua turma foram
embora. Fiquei mais aliviado.
Pensei: O dia esta clareando.
Até que enfim!
Dormi quase o dia inteiro.
continua no próximo capitulo
continua no próximo capitulo
Sensacional, Geraldo. Você tem tudo para ser um ótimo escritor, já disse isto!!
ResponderExcluirEstou me divertindo com seus relatos!!! Sucesso literário pra você!!!!
Rosaly Camargo, agradeço o prestigio de te-la como leitora e fico feliz que esteja gostando do meu folhetim. Não perca os proximos capitulos. A emoção continua. Boa leitura.
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