segunda-feira, 16 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo III

Capitulo III – Os preparativos e a cirurgia

Sempre acreditei que quando você trata um problema sem medo de enfrentá-lo, aumentam as chances de sucesso.  Resolvi, então, que deveria contar aos demais parentes, tios, tias, primos e primas e a meus amigos. Recebi apoio moral e participativo de todos, que, de alguma forma, queriam me ajudar, indicando médicos, remédios, tratamentos e falando palavras confortadoras.
Muitos me diziam que estavam rezando e fazendo correntes de oração para mim e que continuariam fazendo isso até minha total recuperação. Embora, como disse antes, não acredito que um deus pudesse fazer qualquer coisa para me ajudar, não desprezei essa manifestação. Pois enxergava nela solidariedade. O fato de saber que há alguém dedicando parte de seu tempo, para nós, significa que nós somos alguém especial para essa pessoa. Isso é estimulante e motivador.
Essas manifestações me ajudaram sim, não por elas em si, mas pelo valor psicológico do ato. Nós, humanos, temos a característica de necessitarmos sermos bem aceito pelos demais. E eu senti essa aceitação, pelo apoio demonstrado antes, durante e após a cirurgia. Em momento algum senti depressão, pois psicologicamente tive esse importante respaldo.
Um desses amigos, Jorge Adauto, amigo de infância, orientou-me a pedir auxilio doença junto ao INSS, já que naquele momento estava sem emprego.
Pensei: INSS é canseira. Vão exigir mil e uma coisas e depois acabam negando. Se eu quiser terei que brigar na justiça. Não vou atrás do auxilio doença.
Mas, em um sábado chuvoso, pela manhã, lembrei da recomendação do Jorge.
Pensei: Se ele insistiu tanto e afirmou que eu iria conseguir o auxilio doença, pelo menos vou tentar. No máximo eu perco cinco minutos no telefone.
Liguei para o numero do telefone do INSS, que o Jorge havia me fornecido, e solicitei agendamento para uma perícia médica. Qual não foi a minha surpresa quando agendaram para a quinta feira da próxima semana, às 10 horas da manhã.
No dia e hora estava lá. Outra surpresa: fui atendido pontualmente na hora agendada. Apresentei os exames realizados. A médica olhou e disse que aprovaria um auxilio doença pelo prazo de seis meses e que em poucos dias receberia em minha casa um aviso do INSS informando a agencia bancária onde receberia o beneficio. No inicio de fevereiro recebi a primeira parcela, no valor máximo do beneficio. E em todos os meses subseqüentes recebi o pagamento.
Outros que tiveram uma participação extremamente dedicada, desde que souberam da doença, foram meus primos Sergio e David.
Serginho me telefonava todos os dias para saber como eu estava e preocupado falava palavras de apoio, tendo me indicado o primeiro médico cirurgião que consultei. Vinha me visitar com freqüência, mesmo residindo em Campinas e tendo que se deslocar para me ver.
David, que é médico, cirurgião cardíaco, em Sacramento, Califórnia, me ligava quase todos os dias para saber dos avanços em cada exame que fazia. Solicitava copias dos exames para sua avaliação. Ele, até por ser cirurgião, desde o inicio recomendou que fizesse a cirurgia. Com os resultados dos exames que lhe enviara, recomendou enfaticamente que realizasse a cirurgia com maior brevidade possível.  
Com a cirurgia agendada tive que tomar algumas atitudes.
Decidi e tive o apoio dos meus irmãos, que não contaria para minha mãe, para não preocupa-la, que faria a cirurgia.
Resolvi deixar toda a parte financeira devidamente instruída para minha esposa administrar enquanto estivesse em recuperação. Preparei uma planilha, em excel, contendo todas as datas e respectivos pagamentos e previsões de recebimento que aconteceriam nos próximos 30 dias. Ao lado de cada evento indicava quais providencias deveriam ser tomadas. Didaticamente, afim de que minha esposa tivesse amplo conhecimento de como agir em cada situação.
 Ao final da planilha deixei um texto intitulado:
 “Se ocorrer qualquer problema comigo”
Nesse texto orientava o que minha esposa deveria agir se eu viesse a falecer. Como temos conta bancária conjunta, escrevi para ela não avisar a gerente do banco do meu falecimento, antes dela abrir uma nova conta em seu nome e transferir tudo da nossa conta conjunta. Escrevi que deveria deixar uma parte do dinheiro na conta conjunta para pagamento de debito automatico como contas de agua, luz, telefone, até que ela providenciasse que essas contas fossem tiradas do débito automático. E depois que as pagasse rigorosamente em dia para evitar de pagar multas. Escrevi que deveria procurar o CREA para obtenção de auxilio funeral. Escrevi que havia uma pasta na qual guardava toda documentação relativa ao INSS, com a qual ela poderia obter uma pensão. 
Conversei com meus filhos de que se viesse a falecer para não deixarem a minha mulher, mãe deles, desamparada. Recomendei que ficassem todos unidos, como sempre fomos.
Em fevereiro, parti para a cirurgia, com o Dr. Paulo Renato. Foi realizada no Hospital Alvorada Moema.
Era um sábado. Cheguei de madrugada para a internação, acompanhado do meu irmão Luis, minha mulher Cristina e meu filho Rodrigo. Estava muito confiante e tranqüilo.
No quarto recebi a injeção de um anestésico, acho que dormonid.
Lembro que fiz o percurso do quarto até a sala de cirurgia deitado em uma maca com rodas. Chegando à sala ouvi alguns comentários da assistente do Dr. Paulo Renato, fechei os olhos por uns segundos e apaguei.
Acordei já na UTI, no começo da noite. Recebi a visita da minha mulher, meus filhos, meu irmão, minha irmã e meus cunhados, que acompanharam no hospital, na sala próxima a sala de cirurgia, durante todo o tempo que durou. Estavam ansiosos para me ver recuperado da anestesia e saber como eu estava. Olhei para eles, sorri, fiz um sinal de positivo com o dedão, fechei os olhos e voltei a dormir.
Ao acordar na manhã do dia seguinte, um enfermeiro removeu uma sonda, que estava introduzida em uma das minhas narinas e fez outros procedimentos. Rapidamente fui removido para um apartamento do hospital, no oitavo andar, onde minha mulher me aguardava.
Perguntei como fora a operação e ela me disse que correra tudo bem e que o Dr. Paulo, depois, viria conversar comigo.
Mais tarde, o Dr. Paulo apareceu e explicou-me, com muita tranquilidade, que, embora tudo tivesse corrido bem durante a cirurgia, não houve a remoção do tumor. Os tumores estavam maiores do que os exames mostravam e atingiam outras áreas do fígado. Mas, que durante a cirurgia ele apalpou todos os demais órgãos e nenhum outro tumor foi encontrado. E que todos os meus órgãos estavam com aspectos sadios e preservados.
Diante da minha preocupação pelo fato de não ter retirado os tumores, ele me tranqüilizou afirmando que, havia traçado uma nova estratégia. Iria bloquear a veia cava do lado onde se alojava o tumor, a fim de criar melhores condições para uma nova cirurgia. A idéia era “aumentar” a parte não atingida e “secar” a parte atingida do fígado. Assim fazendo, evitaria uma insuficiência hepática. Achei boa a explicação e me tranqüilizei. Disse, também, que durante a cirurgia foram removidas a vesícula e linfonomos junto ao fígado.
O corte cirúrgico foi transversal de lado a lado do abdômen e um pequeno corte longitudinal no centro, formando um Y invertido.
Apesar de ficar inchado e com o incomodo do corte, não tive dificuldade para movimentar as pernas e braços. Nem parecia que sofrera uma cirurgia, pela rápida recuperação no pós-operatório.
Como parte da minha recuperação o Dr. Paulo orientou-me a fazer caminhadas, inicialmente apoiado em um andador, para que tivesse uma recuperação rápida.
Em uma dessas caminhadas pelos corredores do hospital encontrei o Dr. Fernando Mauro Filho, filho do Dr. Fernando Mauro, um dos fundadores da MEDIAL. Fernandinho disse que estava visitando um dos netos e quis saber detalhes da operação, como me sentia, se estava sendo bem tratado. Disse que estava em boas mãos com o Dr. Paulo Renato e me desejou boa recuperação.
Eu só pude elogiar o hospital e toda a equipe do oitavo andar, que me atendeu, pois realmente fora muito bem atendido.
 Minha mãe não soube que fui operado. Quando perguntava por mim, para meus irmãos ou minha esposa, eles diziam que eu havia viajado a trabalho para o Rio de Janeiro. Ela estava tão mal de cabeça que nem se deu conta que era a semana do carnaval. Isso só me confirmou que estava certo em não falar nada sobre a cirurgia, afim de não preocupa-la desnecessariamente.
Na sexta feira, o Dr. Paulo Renato me deu alta e voltei para a casa junto com minha mulher e meu irmão Luis, que fez questão de me levar para casa.
Tanto ele, como minha irmã, Sarah, demonstraram uma preocupação muito grande pelo meu estado, com inúmeras manifestações de solidariedade para mim e para minha mulher Cristina. Eles queriam me ajudar em tudo. Isso confirmava como nossa família tem uma união sólida.
No domingo foi aniversário da minha irmã, Sarah. Fiz questão de estar presente e fui ao almoço na casa dela.
Na semana seguinte comecei a caminhar lentamente pela praça Vinicius de Moraes, local que caminho diariamente entre 7 e 8 horas da manhã, há mais de 25 anos. Lá encontrei meus amigos de caminhada, ansiosos por saber como fora a cirurgia e os quais seriam os próximos passos. Foram momentos emocionantes.
Na segunda semana que deixei o hospital já guiava o meu carro, que é automático.
Dentro do plano traçado pelo Dr. Paulo Renato, fui submetido a um cateterismo para realização do procedimento de entupimento da veia cava. No mês de março uma equipe especializada do Hospital Alvorada Moema realizou esse procedimento. O cateter foi introduzido no tórax, do lado direito. Foi uma intervenção rápida e no dia seguinte tive alta.
Em abril, parti para nova cirurgia, com o Dr. Paulo Renato, que também foi realizada no Hospital Alvorada Moema.
Era novamente uma manhã de sábado. Estava confiante, pois lembrava da experiência anterior bem sucedida. Lembrava que acordara à noite e no dia seguinte fui para o apartamento. Acreditava que isso iria se repetir. Fiz o mesmo percurso deitado em uma maca com rodas, até chegarmos á sala de cirurgia. Novamente apaguei.
Desta vez, não lembro da visita dos meus familiares. Ao acordar, percebi que já se passara mais do que um dia e que eu continuava na UTI.
Pensei: Agora a cirurgia foi mais complexa. O Dr. Paulo havia dito que deveria tirar mais da metade do fígado. Acho que é razoável ficar um pouco mais de tempo.
Afinal era a terceira intervenção com anestesia geral em três meses.
Estava cheio de sondas e ligado a vários aparelhos que monitoravam o nível de respiração, batida do coração, pressão arterial. Olhei para o lado e vi um aparelho com vários indicadores com luzes e números.  
Acordava e dormia com muita facilidade. Não tinha outra coisa para fazer!

                                 continua no próximo capitulo
Link https://resenhadoze.blogspot.com.br/2014/06/uma-experiencia-bio-desagradavel_17.html

Orientação de como voce pode acessar os demais capítulos.
Se voce estiver num computador, do lado direito tem Pesquisar este blog. Escreva: Uma experiencia bio desagradável capitulo II. Clica no botão PESQUISAR. Ele fara o acesso direto a esse capitulo. Depois, estando no Capitulo II, preencha: Uma experiencia bio desagradável capitulo capitulo III. E assim sucessivamente, colocando sempre o capitulo em algarismo romano ate o capitulo XXIX. O Ultimo, que é o XXX você deve colocar na busca: Uma experiencia bio desagradável - Ultimo capitulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é bem vindo!
Agradeço sua participação.