segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XVII

Capitulo XVII – A visita da minha mãe

Depois fiquei sabendo que meus irmãos contaram para minha mãe, pois em conversa com o Dr. Paulo, este havia dito que, apesar de ele ter feito tudo o que era possível fazer, eu não tinha mais do que cinco por cento de chance de sobreviver. Que meu estado físico estava complicado não pela cirurgia em si, que transcorrera normalmente, mas em razão da infecção hospitalar, associada a uma pneumonia, que estava difícil de combater. Agora dependia e muito da minha reação. Eles ficaram preocupados quanto a possibilidade de eu vir a falecer e minha mãe não saber o que aconteceu comigo.
Quando acordei e olhei à minha frente e vi minha mãe e minha tia Edy vindo em minha direção. Caminhavam devagar, com dificuldade. Apoiavam-se em tudo que encontravam pela frente, até chegar à minha cama.
Fiquei surpreso e emocionado. Meus olhos se encheram de lagrimas.
Eu não queria que minha mãe soubesse que estava internado no hospital, mas gostei que ela tivesse vindo.
A minha mãe se aproximou do meu lado esquerdo e a minha tia Edy do lado direito. Pegaram cada uma em uma das minhas mãos.
Comecei a chorar. Tinha dificuldades, pois a minha respiração estava difícil.
Olhei minha mãe e vi como ela estava velhinha.
Pensei: Elas estão velhinhas e tem disposição para vir me visitar. Que saúde. Não posso chorar. Senão elas vão ficar preocupadas.
- Eu estou chorando de alegria, mãe. De alegria por ver vocês duas aqui comigo.
- Nós também estamos alegres de te ver, Geraldo. - disse minha tia.
- José Geraldo, tu comes o que aqui? – perguntou minha mãe.
- Nada, mãe. Não posso. Tomo soro e essa coisa ai que vai pela sonda.
- Mas, tu não ficas com fome?
- Não, Maria José. O José Geraldo não pode comer nada. Não estás vendo? – disse minha tia Edy
- Eu estou só perguntando. José Geraldo, viste como a Edy implica comigo?
- Não, mamãe.
- Eu não posso perguntar nada? Tu és meu filho. Eu posso, sim. – disse minha mãe.
- Pode mamãe.
- Ele não está comendo nada, Maria José. Não pode. – disse Edy.
- Porque tu não podes comer? – perguntou curiosa minha mãe.
- Maria José tu não está vendo que ele foi operado. – falou Edy.
- Operado? De que? Eu não sei... Tu foste operado, José Geraldo?
- Fui mamãe. – disse mexendo a cabeça.
- De que?
- Do fígado, Maria José. Ele já está bem, não é, Geraldo? Olhe a fisionomia dele. Está ótimo. – interveio Edy.
 - O que é tu tivestes, José Geraldo?
- Nada, mamãe. Está tudo bem. – respondi.
- Ele está bem, Maria José – disse Edy.
- Como nada. Tu fazes o que aqui?
- Já está tudo bem, mamãe.
- Estou preocupada. Não posso?
- Pode, mamãe.
- Quero dormir aqui contigo? Tem um lugarzinho para mim? – perguntou minha mãe sorrindo.
- Maria José, aqui é uma UTI. – disse Edy.
- Porque não posso dormir aqui contigo? Sou tua mãe.
- Maria José, aqui é uma UTI. Acompanhante não pode dormir aqui. Se pudesse a Cris, que é mulher dele, estaria dormindo. – disse Edy.
- Estou preocupada contigo. Tu estás bem mesmo, José Geraldo? – perguntou minha mãe.
- Claro, Maria José. Está tudo bem, não é, Geraldo?
- Sim, Edy. O pior já passou.
- José Geraldo, o que tu comes aqui?
- Mamãe eu não posso comer nada.
- Mas tu não sentes fome?
- Não, mamãe.
Elas ficaram mais um pouco mais me olhando, me apalpando, como se me examinassem para confirmar se estava tudo bem. Em seguida minha tia decidiu ir embora, dizendo que precisavam sair para que minha mulher pudesse entrar para me visitar.
- Para que lado é a saída?  - perguntou minha tia.
- Para a esquerda. – respondi.
- Engraçado. Estou perdida. – disse minha mãe.
- Até logo, Geraldo. Nós vamos ficar pensando em ti para tu te recuperares logo. Um beijo.
- Obrigado, Edy. Um beijo para você também.
- Até logo, José Geraldo. Eu vou embora, mas estou preocupada contigo. Tu está bem mesmo?
- Estou bem, mamãe. Pode ir tranquila. Está tudo bem. Obrigado pela visita. Um beijo. – disse beijando a mão de minha mãe.
Elas saíram devagar, se segurando nas paredes.
- Edy, pede ajuda para uma enfermeira. – falei.
Uma enfermeira percebendo a fragilidade das duas correu para as ajudar.
Demoram um pouco, mas saíram da UTI.

                                      continua no próximo capitulo

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