Capitulo XVII – A visita da
minha mãe
Depois fiquei sabendo que meus
irmãos contaram para minha mãe, pois em conversa com o Dr. Paulo, este havia
dito que, apesar de ele ter feito tudo o que era possível fazer, eu não tinha
mais do que cinco por cento de chance de sobreviver. Que meu estado físico
estava complicado não pela cirurgia em si, que transcorrera normalmente, mas em
razão da infecção hospitalar, associada a uma pneumonia, que estava difícil de
combater. Agora dependia e muito da minha reação. Eles ficaram preocupados quanto
a possibilidade de eu vir a falecer e minha mãe não saber o que aconteceu
comigo.
Quando acordei e olhei à minha
frente e vi minha mãe e minha tia Edy vindo em minha direção. Caminhavam
devagar, com dificuldade. Apoiavam-se em tudo que encontravam pela frente, até
chegar à minha cama.
Fiquei surpreso e emocionado. Meus
olhos se encheram de lagrimas.
Eu não queria que minha mãe
soubesse que estava internado no hospital, mas gostei que ela tivesse vindo.
A minha mãe se aproximou do meu
lado esquerdo e a minha tia Edy do lado direito. Pegaram cada uma em uma das
minhas mãos.
Comecei a chorar. Tinha
dificuldades, pois a minha respiração estava difícil.
Olhei minha mãe e vi como ela
estava velhinha.
Pensei: Elas estão velhinhas e
tem disposição para vir me visitar. Que saúde. Não posso chorar. Senão elas vão
ficar preocupadas.
- Eu estou chorando de alegria,
mãe. De alegria por ver vocês duas aqui comigo.
- Nós também estamos alegres de
te ver, Geraldo. - disse minha tia.
- José Geraldo ,
tu comes o que aqui? – perguntou minha mãe.
- Nada, mãe. Não posso. Tomo
soro e essa coisa ai que vai pela sonda.
- Mas, tu não ficas com fome?
- Não, Maria José. O José Geraldo
não pode comer nada. Não estás vendo? – disse minha tia Edy
- Eu estou só perguntando. José
Geraldo, viste como a Edy implica comigo?
- Não, mamãe.
- Eu não posso perguntar nada?
Tu és meu filho. Eu posso, sim. – disse minha mãe.
- Pode mamãe.
- Ele não está comendo nada,
Maria José. Não pode. – disse Edy.
- Porque tu não podes comer? –
perguntou curiosa minha mãe.
- Maria José tu não está vendo
que ele foi operado. – falou Edy.
- Operado? De que? Eu não sei...
Tu foste operado, José Geraldo?
- Fui mamãe. – disse mexendo a
cabeça.
- De que?
- Do fígado, Maria José. Ele já
está bem, não é, Geraldo? Olhe a fisionomia dele. Está ótimo. – interveio Edy.
- O que é tu tivestes, José Geraldo?
- Nada, mamãe. Está tudo bem. –
respondi.
- Ele está bem, Maria José –
disse Edy.
- Como nada. Tu fazes o que
aqui?
- Já está tudo bem, mamãe.
- Estou preocupada. Não posso?
- Pode, mamãe.
- Quero dormir aqui contigo? Tem
um lugarzinho para mim? – perguntou minha mãe sorrindo.
- Maria José, aqui é uma UTI. –
disse Edy.
- Porque não posso dormir aqui
contigo? Sou tua mãe.
- Maria José, aqui é uma UTI. Acompanhante
não pode dormir aqui. Se pudesse a Cris, que é mulher dele, estaria dormindo. –
disse Edy.
- Estou preocupada contigo. Tu
estás bem mesmo, José Geraldo ? –
perguntou minha mãe.
- Claro, Maria José. Está tudo
bem, não é, Geraldo ?
- Sim, Edy. O pior já passou.
- José Geraldo ,
o que tu comes aqui?
- Mamãe eu não posso comer nada.
- Mas tu não sentes fome?
- Não, mamãe.
Elas ficaram mais um pouco mais
me olhando, me apalpando, como se me examinassem para confirmar se estava tudo
bem. Em seguida minha tia decidiu ir embora, dizendo que precisavam sair para
que minha mulher pudesse entrar para me visitar.
- Para que lado é a saída? - perguntou minha tia.
- Para a esquerda. – respondi.
- Engraçado. Estou perdida. –
disse minha mãe.
- Até logo, Geraldo. Nós vamos
ficar pensando em ti para tu te recuperares logo. Um beijo.
- Obrigado, Edy. Um beijo para
você também.
- Até logo, José Geraldo. Eu vou
embora, mas estou preocupada contigo. Tu está bem mesmo?
- Estou bem, mamãe. Pode ir
tranquila. Está tudo bem. Obrigado pela visita. Um beijo. – disse beijando a
mão de minha mãe.
Elas saíram devagar, se
segurando nas paredes.
- Edy, pede ajuda para uma
enfermeira. – falei.
Uma enfermeira percebendo a
fragilidade das duas correu para as ajudar.
Demoram um pouco, mas saíram da
UTI.
continua no próximo capitulo
continua no próximo capitulo
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