quinta-feira, 26 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XIII

Capitulo XIII – A Extorsão

Flávio continuava agitado. Mexia a cabeça de um lado para o outro.
- Calma, Flávio... Calma! Vamos conversar – implorei.
Pensei: O que é que eu faço, agora?
Tentei me levantar da cama.
Pensei:  Não consigo sair da cama. Não tenho forças.. E nem ia adiantar. Eles me agarrariam. Não conseguiria dar três passos. Acho que vou gritar por socorro...
Olhei para os lados e so vi gente sob o comando do Flavio.
Pensei: Não! Gritar por socorro, não vai adiantar. Vou pedir socorro para quem? Ninguém vai me ajudar. Ele manda aqui. O que é que eu faço?
Passei a mão na cabeça, buscando uma solução.
Pensei: Caramba... Que situação que estou! Pensa, Ge. Pensa!
Procurei me acalmar, respirando fundo, aspirando e soltando o ar devagar.
Pensei: Já sei! Não posso confirmar que fui eu quem chamou os procuradores. Mesmo porque não chamei ninguém...Agora, se foi a minha família que chamou... não fui eu. Mas, também não posso confirmar. Morro negando. É isso ai. Pelo menos ele fica na duvida... Acho. Mas o que é que eu falo para convencer esse cara?
Continuei respirando pausadamente para me acalmar.
Pensei: Caramba! Pensa.... Ah! Vi na televisão. É isso mesmo. Vi na televisão. Claro. É isso que vou falar.
- Flávio, a procuradoria veio aqui pelas noticias da imprensa.  Vi na televisão. Você sabe disso. Estou aqui na cama. Como ia chamá-los? – argumentei.
- Você está de brincadeira comigo?
- Claro que não, Flavio. Imagina!
- Então para de pular fora.
- Não estou pulando fora. Não é isso, Flávio. Eu não tenho nada a ver com isso...Você sabe.
Fiquei quieto, aguardando a reação dele.
Flavio, ouviu, olhou para mim com uma das mãos no queixo, como querendo encontrar uma solução e disse:
- Pensei e decidi que vou te matar.
Pensei: Não colou. Ele esta sabendo que foi minha família quem chamou a procuradoria. Ele tem informantes.
Mas, mesmo assim reagi dizendo:
- Que é que é isso, Flávio? Calma! Não é assim que se resolve.
- Não tem jeito...Vou te matar.
Olhei para os lados, buscando ajuda.
Vi a Dra. Kátia de costas para mim, de pé, de frente para a mesa dela, arrumando suas coisas para ir embora, pois já havia terminado seu expediente.
Pensei: So me resta ela pra ajudar.
- Doutora Kátia...Doutora Kátia, por favor, fale com ele. Ele não pode me matar. – implorei. - Vai contra a religião. Vocês não são cristãos?  È um dos mandamentos de deus, não é?
- Olha meu filho, eu sou pagã. Para mim você morrer ou não, não faz a menor diferença. – respondeu ela.
- Como assim?
 - Ou melhor. Faz sim. Você vai ser uma oferenda aos deuses. – disse ela.
- Que deuses? Isso não existe. Isso é bobagem...
- Meu filho, de graças a deus que voce é um privilegiado. Vai para o sacrifício. Não é qualquer um, não.
- Que sacrifício é esse?... Não! Isso não existe. Voce é uma médica.  Você tem um compromisso de salvar vidas.  
Olhei para a mesa dela e vi que la havia algumas imagens de santos e símbolos pagãos, que não observara antes. Tinha um tipo de um mapa representando os planetas no universo, com uns desenhos estranhos.
Pensei: Ela é pagã mesmo... E agora, o que eu faço?
Dra. Kátia não falou mais nada. Despediu-se de Flavio e saiu da UTI.
- Vou pegar teus olhos verdes para mim. Vou usá-los em mim. – disse Flávio.
- Não precisa, Flávio... Você também tem olhos verdes.
- Não. Eu quero os teus olhos.
- Calma, gente...Calma! Vamos conversar. – disse.
Pensei: E agora? Preciso agir rápido, senão ele me mata mesmo... Olha a cara dele. Parece um louco. Calma!.... Pensa!... Pensa! O que esse cara quer? Os meus olhos? Não... Isso é só desculpa. O que esse cara realmente quer?...Ah! Já sei. Ele acha que eu dei prejuízo para ele. Então... Ele quer que eu pague o prejuízo. Lógico! É isso ai.  
- Sei que você gosta de grana. – arrisquei, olhando para o Flavio.
- Agora você está falando do que eu gosto.
Pensei: Acertei. É isso ai, vou negociar minha vida com ele em troca de dinheiro.
Flávio virou-se para os lados, com uma cara de satisfação e disse: 
- Roberto, você acha que ele tem grana?
- Pobre... pobre, pobre ele não parece que é. – respondeu Roberto.
- Onde você mora, Zé? – perguntou Flávio.
- Perto do estádio...
- Que estádio? Do Morumbi? – perguntou Roberto.
- Ééé. – disse engolindo saliva seca.
- Então deve ter grana! - concluiu Roberto.
- Calma, gente! Escuta... Eu saindo daqui, posso te ajudar, Flavio. Posso te ajudar a ganhar dinheiro. – disse.
Olhei para ver como ele reagia e resolvi continuar:
- Tenho experiência em gestão de negócios. Posso te ajudar na administração do hospital. 
- Não! Isso eu já tenho. Eu quero é grana viva...agora.
- Como assim? Você sabe que eu não tenho grana aqui.
- Pede para tua mulher trazer.
- Eu não tenho grana em casa.
- E os dólares?
- Que dólares? Eu não guardo dinheiro em casa. Voce está louco? Guardar dinheiro em casa...so se for pra ser roubado.
- Está certo. Então, pode ser um cheque. É isso um cheque.
- Mas... mas, eu não tenho muita grana... Assim...  À vista.
Pensei: Paciência. Minha vida vale mais do que o dinheiro que vou pagar. Dinheiro vem, dinheiro vai. Serve para isso mesmo. Foda-se.
- Eu parcelo...  Pede para ela trazer uns cheques, ai. – propôs Flávio.
- Está certo. – respondi.
Pensei: Cheques? É... É uma boa idéia. Dou parcelado. Ganho tempo. Ele até pode receber o primeiro, mas os demais eu mando sustar. Eu saio daqui e mando sustar todos. É isso ai. Mas eu tenho que sair daqui.
- Flávio, tem outra coisa. Eu pago, mas quero sair daqui. – disse.
- Lá vem voce com outra estória...
- Não é isso, Flavio. É condição, poxa. Eu quero sair daqui. Vou pagar. É meu direito.
- Para onde você vai?
- Não sei. O negócio só fica fechado se eu sair daqui.
- Está bem. Você é dono do seu nariz. Quer ir embora? Então vá... Depois que pagar tudo.
- Lógico. Pago de um lado e saio do outro. – disse.
Pensei: Que nem resgate.
- Fechado. – concordou Flávio.
Um enfermeiro chamou Flavio para resolver um assunto de outro paciente. Ele caminhou em direção a ele.
Pensei: Acho que deu certo. Vou conseguir sair vivo dessa. E com uma vantagem...finalmente saio daqui.
Aproveitando o afastamento de Flávio o italiano olhou para mim e disse:

- Você é bom de negócio. Depois que você sair, veja se não esquece de mim. Avisa minha mulher para dar um jeito de me tirar daqui, também. Eles não a deixam entrar. Eles dopam a gente, de dia, para a gente não receber visita. 

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