domingo, 15 de junho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo II

Capitulo II – A revelação para a família e a avaliação do tratamento por outros médicos

Pensando nos fatores positivos de que a medicina poderia alterar as circunstancias e evitar a minha morte prematura e de que meu organismo resistiria à vida, resolvi contar, aos poucos, para meus familiares que portava o câncer.
Todos os domingos, já há alguns anos, reunimos para almoçar em um restaurante a minha mãe e minha tia Edy, que vive com ela, minha irmã Sarah e seu marido Bueno, meu irmão Luis e sua atual esposa Célia, meus sobrinhos Marcel, Michel, Daniel e Thomás, meu primo Aventino, minha mulher Cristina, meus três filhos Michelle, Mirella e Rodrigo, meu genro André, meus netos, Laura e Natan, e eu. É uma turma grande.
Foi em uma dessas oportunidades que resolvi participar meus irmãos e minha mulher de que havia algo estranho no meu fígado e que eu estava investigando com meu médico. Mas, decidi não contar para minha mãe, para não preocupa-la. Mesmo porque ela apresentava sintomas de esquecimento e acreditei que preocupa-la, só agravaria o quadro dela, desnecessariamente. Meus irmãos concordaram com esta iniciativa.
Meus filhos ao tomar conhecimento ficaram muito preocupados, apesar de minha insistência de que não deveria ser nada grave, pois não tinha sintomas de nenhuma doença.
Tanto em casa, quando informava minha mulher e filhos, como nos demais encontros dominicais subseqüentes, quando informava a meus familiares, quando eu apresentava o resultado das investigações, eu procurava fazer de uma forma mais amena, para não preocupa-los mais do que já estavam. Acredito que eles, de sua parte, também tinham esse comportamento, pois em seus comentários faziam suposições de que o que eu teria era alguma coisa menos grave. Em momento algum eles aceitaram a hipótese que fosse câncer, até que eu o confirmasse. Só confirmei que era câncer quando obtive o resultado da biópsia.
A partir desse momento, a conversa mudou para como solucionar o problema. Sempre falava, porque acredito nisso, que a medicina estava evoluída e que havia tratamentos menos radicais para a cura do câncer, além do que estava na fase inicial da doença.
A reação da minha familia foi de total solidariedade comigo. As manifestações de apoio sempre foram com palavras de esperança, com recomendações de médicos e tratamentos, muito participativa, afetiva e carinhosa, que me emociona até hoje, só de lembrar.
O resultado da biopsia aspirativa indicou tratar-se de uma neoplasia neuroendócrina. Mas, não esclarecia se era primário ou metástase.
O intrigante disso tudo é que eu não apresentava nenhum sintoma característico da doença.
Antes, e mesmo depois, de saber que era portador de um câncer, nunca senti qualquer dor.
O Dr. Djalma com esse diagnóstico resolveu realizar outra investigação, agora na tentativa de descobrir se havia, ou não, algum tumor primário, em outro local do meu corpo. Solicitou-me exames de colonoscopia, endoscopia, raio X de transito intestinal, tomografia de tórax, ultra-som da bexiga e da próstata.
Nada apareceu.
Essa noticia me deixou mais confiante.
Pensei: Não havendo metástase a cura deve ser mais fácil.
Apesar desses exames não encontrarem nenhum outro tumor, ainda assim restava uma possibilidade menor, mas existia, de os exames não terem detectado esse pequeno tumor, em razão de que a precisão em qualquer exame não ser cem por cento.
Eu já sabia da existência de uma tomografia com material radioativo, que mapeia todo o corpo. Chama-se PET scan. Ainda que esse exame também não desse a certeza cem por cento, era de uma precisão maior.
O Dr. Djalma confirmou-me que seria importante realizar mais este exame, mas alertou-me que o meu convenio médico não cobriria essa despesa.
Como no livro de meu convenio médico constava na relação de hospitais conveniados o hospital A.C. Camargo, especializado em tratamento de câncer, resolvi realizar o exame naquele hospital. Entretanto, ao contatar o hospital fique sabendo que ele não mais integrava meu plano de saúde. Ao me informar do preço para realizar o exame sob minha expensa, descobri que era de um valor muito alto. Fiquei duplamente frustado.  
Um amigo, Luis Carlos, também portador de cancer há alguns anos, ao saber que eu desejava muito fazer esse exame, indicou-me um amigo seu, responsável pela unidade no hospital A. C. Camargo, que concedeu-me um desconto especial no preço. Por outro lado, meus irmãos se dispuseram a participar do rateio e assim pude realizar mais este exame.
 O resultado do exame confirmou a existência do câncer neuroendocrino no fígado e nos linfonomos da região inter-aorta-caval. E em nenhum outro lugar.
Reuni todos esses exames e procurei diversos médicos oncologistas e especialista em cirurgia oncologica, para escutar de cada um deles qual seria o melhor tratamento.
Inicialmente fui ao consultório do Dr. Marcel Cerqueira Cezar, por indicação de meu primo Serginho, que insistia que deveria consulta-lo, pois o médico tratara outros amigos dele e todos ficaram muito satisfeitos. Dr. Marcel examinou tudo e disse que deveria realizar uma cirurgia imediatamente. Seria em duas etapas, com abertura em L de meu abdômen. A primeira cirurgia tinha como objetivo examinar toda a cavidade abdominal e fechar a veia cava para definhamento do lobo onde estavam os tumores. A segunda, após o definhamento do lobo, seria para a retirada de parte do fígado, com os tumores.
Sem que eu pudesse me manifestar, ele pos-se a agendar a primeira cirurgia, telefonando para alguns dos hospitais dos quais ele realizava cirurgia, para ver disponibilidade de data e horário. Fiquei assustado. Primeiro porque não queria ouvir essa solução.
Disse a ele que não estava preparado psicologicamente para ter meu abdômen todo cortado. Falei que imaginava haver alguma injeção que, após a aplicação, congelasse o tumor ou que no máximo pudesse fazer uma cirurgia laparoscópica e com isso resolver o problema.
O Dr. Marcel explicou-me que o meu caso era de cirurgia sim, da forma como ele havia descrito e que fazendo isso acabaria definitivamente com o câncer.
Perguntei, então, se ele integrava meu plano de saúde. Ele respondeu que não.
Aproveitei o fato de que ele não poderia atender-me pelo meu plano de saúde para pedir-lhe um tempo para pensar sobre o assunto.
Ele insistiu que deveria realizar a cirurgia com urgência.
Argumentei que, como ele não realizava cirurgia em nenhum dos hospitais credenciados pelo meu plano, o custo dessa cirurgia ia ficar muito caro e eu não tinha recursos para arcar com isso. Ele contra argumentou dizendo que não ficasse preocupado com pagamento, que o importante era resolver o meu problema de saude. Pagamento, afirmou ele, depois se resolvia. Eu o pagaria as despesas e depois, disse ele enfático, eu teria direito a cobrar reembolso do meu plano de saúde, podendo até recorrer à justiça contra meu plano, pois ele conhecia bons advogados.
Não gostei da resposta. Primeiro se quer ele me deu alguma idéia do custo, por mais que insistisse. Depois, porque onde iria arrumar o valor que teria que despender. E finalmente, porque não gosta de riscos. Se gostasse jogava em cassinos.
Como não gosto de nada mal resolvido, encerrei nossa conversa dizendo que realmente eu precisava pensar e muito sobre o assunto.
 Ao sair do consultório estava decidido. Com ele não seria possível resolver o meu problema.
Pensei: Desse jeito, com esse, acabo perdendo minha casa. Estou fora.
Voltei a conversei com o Dr. Djalma sobre a solução de cirurgia. Ele que me indicou o Dr. Marcelo Bruno, seu amigo, especialista em cirurgia de fígado.
Fui atendido por ele na unidade do Hospital Albert Einstein, que realiza cirurgia gratuita de transplante de fígado, custeada pelo SUS. Entretanto, o Dr. Marcelo disse que meu caso não era de transplante, pois meu fígado tinha total condição de regeneração. E, assim, ele não poderia me atender naquele hospital. Disse ainda que poderia realizar a cirurgia, desde que eu pagasse seu serviço e de sua equipe, pois ele não mais atuava no meu plano de saúde Medial. E que poderia realizar a cirurgia no Hospital Alvorada, que é do meu plano de saude.
Apesar de o custo agora parecer menor, também não atendia minha necessidade de realizar a cirurgia custeada pelo meu plano de saúde.
Resolvi continuar minha peregrinação.
Procurei o Hospital do Câncer, ligado ao Hospital das Clinicas. Fui informado que poderia realizar uma consulta naquele hospital custeada pelo meu plano de saúde. Agendei, então, uma consulta com a Dra. Isabel.
Quando entrei em seu consultório, sozinho, ela de pronto perguntou onde estava o paciente. Estranhei a pergunta. Ela me disse, textualmente, que eu não poderia estar com câncer, pois apresentava uma ótima aparencia. Fiquei contente.
Ao terminar de ler os exames, ela disse que gostaria muito de acompanhar meu caso, pois era um tipo de câncer raro. Lamentou não poder acompanhar meu caso, pois o meu plano de saúde não permitia realizar qualquer tratamento naquele hospital.
De minha parte, também lamentei o fato de meu plano de saúde não cobrir cirurgia naquele hospital, pois era um hospital novo, com instalações de primeiro mundo, com equipamentos modernos e com atendimento humano. Só para citar um exemplo, como era semana de natal, quando fui recepcionado para preenchimento do prontuário inicial, antes da consulta, recebi um cartão de natal, assinado por toda a equipe de atendimento. Ainda que não seja católico e o natal nada represente para mim, fiquei contente, pois senti uma solidariedade não comum em hospitais.
Ela falou, então, que se eu realmente desejasse ser atendido naquele hospital, deveria percorrer o caminho do SUS, obedecendo toda uma rotina de atendimento.
Respondi que seria muito demorado e penoso. Disse que continuaria na minha peregrinação para identificar algum médico de confiança, que realizasse meu tratamento às expensas do meu plano de saúde.
Ela, então, indicou-me o Prof. Igor, da clinica Certo, de quem fora aluna na USP. Disse que a clinica dele estava credenciada no Medial e lá seria muito bem atendido.
Consegui agendar uma consulta com o Dr. Igor uma semana depois. Na consulta ele informou-me que não estava mais atendendo novos pacientes. Indicou-me o Dr. Roberto, integrante de sua clinica.
Agendei nova consulta com o Dr. Roberto. Na consulta, após a leitura dos exames ele disse-me que a solução do meu problema era realizar uma cirurgia. E que como a sua clinica realiza apenas tratamento quimioterápico, ele não poderia prosseguir no atendimento. Disse que após a cirurgia, ai sim ele faria uma avaliação para decidir se eu teria que me submeter ou não a um tratamento quimioterapico.
Perguntei a ele se conhecia algum cirurgião oncológico. Ele disse que conhecia um colega de faculdade, integrante do meu plano de saúde. Recomendou que procurasse o Dr. Paulo Renato Batista Ribeiro.
Antes de consultar o Dr. Paulo resolvi continuar minha avaliação com outros médicos, para ter certeza de qual seria a melhor solução para o problema.   
Consultei o Dr. Davi Erlish, por insistência de meu cunhado Bueno. O Dr. Davi fora o médico que, muitos anos atrás, tratou a irmã do meu cunhado, que na adolescência fora vitimada por um cancer linfático. Como ela está curada e está bem até hoje ele insitiu que o procurasse. O Dr. Davi olhou todos os exames e afirmou que deveria realizar a cirurgia, pois este era o único tratamento possível para o meu caso.
Consultei, ainda, o Dr. Frederico Perego, do Hospital Sírio Libanês, por sugestão de meu irmão Luis, para ter uma avaliação final.
Todos foram unânimes no diagnóstico: deveria operar o quanto antes, com retirada total dos tumores.
Não me restava outra alternativa.
Pensei: Se tenho que enfrentar a cirurgia, que seja.
Procurei, então, o Dr. Paulo Renato, que é cirurgião oncológico integrante do meu plano de saúde.  Apesar de ser jovem, tinha 39 anos, desde o primeiro momento que o conheci ele me inspirou muita confiança, pela sua experiência e pela sua garra em dizer que venceríamos essa batalha. Estabeleceu-se, desde então, uma empatia e uma amizade entre nós. Todas as vezes que ia me consultar ele me atendia em primeiro lugar e com uma dedicação fraternal. Agendamos a cirurgia. 

                                     continua no próximo capitulo
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Orientação de como voce pode acessar os demais capítulos.
Se voce estiver num computador, do lado direito tem Pesquisar este blog. Escreva: Uma experiencia bio desagradável capitulo II. Clica no botão PESQUISAR. Ele fara o acesso direto a esse capitulo. Depois, estando no Capitulo II, preencha: Uma experiencia bio desagradável capitulo capitulo III. E assim sucessivamente, colocando sempre o capitulo em algarismo romano ate o capitulo XXIX. O Ultimo, que é o XXX você deve colocar na busca: Uma experiencia bio desagradável - Ultimo capitulo.


4 comentários:

  1. Cadê o Capitulo III? Porra meu, não me deixe em suspense por muito tempo, OK? Bjs, Catarina

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  2. Já li o cap I. Vc escreve bem, Geraldo, parabens! :-) bjs

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  3. Terminei Geraldo!!!

    Ufa que pesadelo!

    Mas, pelo que vc relatou, parece que devido a confusão mental gerada pelos remédios, vc não sentiu muitas dores, não é?

    Que bom que vc agora está bem! :-) Fico muito feliz... :-)

    Que coisa louca, como se alucina nestes momentos!

    Tenho uma sogra idosa, e uma tia idosa também que quando passaram por intervenções cirúrgicas, e na UTI, alucinavam igual a vc... Uma achava a todo momento que estava sendo roubada e a outra que a enfermaria inteira estava maltrando ela.... Nossa! Paasamos alguns momentos PUNK com elas! :-)

    Vc deveria publicar sua história.... Pois como elas eram idosas, a gente sempre pensa que a demência tem parte nisso, mas, com vc não era o caso, e suas reações foram iguais.....
    Vai ajudar aos acompanhantes a entenderem o que se passa na cabeça de um paciente que se encontra na UTI. Nada a ver com a idade.....e sim com os remédios e com a reação do cérebreo frente ao estresse a que são submetidos os pacientes... Muito louco e interessante.

    Gostei muito. Agora se for publicar, terá que dar o texto para um revisor. Tem alguns erros de concordância, assim como outras "cositas más". Nada grave, asseguro :-) Vc escreve muito bem!

    Parabéns e obrigada por compartilhar comigo este seu momento tão delicado!
    Fico muito orgulhosa de ser a sua amiga! Thanks!

    Beijos mil e obrigada e parabéns novamente, :-)
    Catarina

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  4. Catarina Justus,agradeço o prestigio de te-la como minha leitora. Honrou-me muito ter a oportunidade de enviar-lhe o texto integral e receber seus comentarios.
    Agradeço suas palavras motivadoras.
    Beijos

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