quarta-feira, 2 de julho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XIX

Capitulo XIX – O sequestro do meu filho

Quando da venda da UTI para  a medica japonesa tinha entendido que haveria uma reformulação geral, inclusive com a saída da Dra. Kátia. Estranhei a presença dela..
Discretamente perguntei para a enfermeira se a Dra. Kátia não havia deixado de trabalhar na UTI. Ela me respondeu que não.
Insatisfeito com a resposta, perguntei se não havia tido mudanças na UTI. Ela respondeu que não, que tudo estava igual. Não havia mudanças.
Pensei: A médica deve ter desistido do negocio. Viu que não era fácil.
Fiquei sabendo que a Dra. Kátia fora casada com o médico de barba que participou daquela conversa entre a Dra. Kátia e a procuradora, que tinha vindo me resgatar. Eles tiveram uma filha de nome Mariana, que era fisioterapeuta.
Isso era o que acreditava.
Na verdade, as pessoas existiam, mas a relação entre elas nunca existiu. Dra. Kátia era solteira e não tinha filhos.
Mariana era um pouco dentuça, gordinha, cabelos lisos, compridos e alourados. Veio até mim toda sorridente. Ela colocou em meu rosto uma máscara “CPAP”, de ventilação forçada com oxigenio.
A máscara provocava um vento muito forte, impedindo que eu respirasse normalmente.
Tentei afastar a máscara do meu rosto. Mariana impediu. 
Ela disse que eu precisava usar aquele aparelho para aumentar a ventilação dos meus pulmões.
Respondi que estava muito forte.
Ela disse que era assim mesmo.
Irritado, arranquei a máscara e gritei:
- Vou chamar a policia. Você tem que me respeitar. Não sou moleque. Estou dizendo que está muito forte. Quem você pensa que é?
Ela ficou me olhando espantada.
O pai dela, o médico de barbinha, olhou para mim. Movimentou a cabeça , devagar, para cima e para baixo, como a concordar com minha atitude.
Dra. Kátia escutou tudo, continuou mexendo em seu computador e não se manifestou.
Outros enfermeiros aparecerem para ver o que estava acontecendo
O médico de barbinha, então, movimentando uma das mãos para cima e para baixo, sinalizou para eu parar.
Entendi o recado e fiquei quieto.
Dra. Kátia levantou-se veio até mim. Pediu para me acalmar.
Estava cercado de pessoas.
Nisso se aproximou Evandro, portando uma seringa.
Disse algumas palavras para me tranquilizar.
Pensei: acho que exagerei. Bom, já foi. Agora é melhor ficar calmo, senão ele vão me amarrar novamente.  Isso eu não quero. Aqui não adianta ficar nervoso. Eles dominam a situação, Não tenho como reagir. Melhor eu entrar na dele.
Evandro, calmamente, me explicou sobre o porque de ter que usar o aparelho de respiração, enquanto o colocava novamente em mim.
Disse que iria me aplicar um calmante leve, para que eu ficasse mais calmo, enquanto já aplicava em minha coxa uma injeção.
Aceitei sem reagir.
Começou a me dar um sono e dormi.
Sonhei que estava em uma montanha bem alta e íngreme.
Via luzes de diversas cores, que piscavam. Parecia  reflexo de espelhos que estavam nas encostas com neve das montanhas que cercavam o local.
Estava  dirigindo um carro numa estrada estreita e perigosa, que beirava um abismo.
Sentia dificuldade para manobrar o carro, pois deslizava no gelo.
Consegui descer a ladeira e lá embaixo haviam hotéis, mas não conseguia entrar em nenhum, pois estavam lotados.
Era um sonho muito confuso.
Havia muito brilho.
Voltava para o lugar onde começara o sonho e tinha que descer.
Isso se repetiu várias vezes.   
Quando acordei estava cansado.
Olhei para  frente e vi Mariana, a fisioterapeuta com quem eu discutido, sentada na mesa da chefe da UTI.
Apurei meu ouvido e ouvi  ela reclamar para duas outras enfermeiras sobre meu comportamento. Dizia que eu era grosseiro e aquelas coisas todas. E concluiu dizendo que ela tinha ficado ofendida comigo.
Não gostei do jeito delas. Elas tinham um jeito de puxa-saco.
Uma delas disse para a Mariana:
- A sua mãe não é amiga da policia?
- É.
- Então... Manda prender o filho dele. Assim ele aprende a respeitar você.
Pensei: O que é que fui falar para essa turma que eu tinha filho. Dei o nome, disse onde trabalhava. Que língua comprida a minha. Agora eles sabem tudo da minha vida.
  - É isso ai. Vamos sumir com o garoto. – concordou Mariana.
 - Fala para prender e mudar para uma outra cidade. Assim, eles não vão achar o garoto nunca. – disse rindo a enfermeira que havia sugerido a idéia.
Mariana pegou o telefone e ligou para alguém conhecido dela da policia civil. Fez a solicitação sugerida.
Depois saíram da UTI rindo.
Fiquei apavorado. Imaginei o quanto a policia poderia fazer de barbaridades com meu filho e as dificuldades que imporiam para não o localizarmos. Não sabia o que fazer. Meu coração disparou.
Apareceu minha mulher para mais uma sessão de visita.
Nem bem ela se aproximou de mim, disse aflito:
- Liga já para o Ro.
- Como assim? Por quê?
- Cris, liga para o Ro, agora. – insisti nervoso por ela não entender o que se passava.
- Ge, não posso ligar daqui. É proibido.
- Cris, eles vão prender o Ro.
- Ge – disse minha mulher sorrindo – o Rodrigo está no trabalho dele.
- Eles vão prender ele lá no trabalho.
- Não, Ge, está tudo bem com ele.
- Cris, por favor, liga para ele. Já.
- Ge, é proibido ligar de celular na UTI. Se me pegarem não deixam mais eu entrar.  Para ligar vou ter que sair. Depois, não sei se vão me deixar entrar de novo. Eles são chatos.
- Saia e volte.
- E se depois eu não puder voltar?
- Não importa. É a vida do Ro que esta em jogo. Liga para ele, por favor. Avisa ele para se esconder por uns dias.
- Esconder de quem?
- Cris, eles vão prender ele. Eu ouvi tudo.
- Quem vai prender, Ge?
- A policia, Cris.
- Mas que policia. Por que?
- Os amigos da doutora Kátia..
- Esta bem, Ge, fique calmo que vamos dar um jeito. – disse Cris.
Ela saiu e voltou em seguida.
- Pronto. Falei com ele. Está tudo bem. Agora fique calmo.
- Falou para ele se esconder?
- Sim, falei.
            Pela reação senti que minha mulher havia entendido o meu desespero. Estava solidaria. Isso me tranquilizou um pouco, pois meu filho já estava avisado e saberia como se defender. 
- Cuidado você também, Cris. Eles podem prender você.
- Ge, está tudo bem. Fique calmo. Você está muito agitado.
- Cuidado. Vai embora. Fuja.
Estava muito inquieto e sonolento. Dormi.
Mais tarde, ainda preocupado com meu filho, ouvi a enfermeira, que havia dado a idéia de prender meu filho, comentar com Mariana que a policia tinha prendido uma outra pessoa por engano. Haviam confundido meu filho com outra pessoa.
- Não tem problema – falou a Mariana. – valeu o susto. Deixa para lá.
Fiquei aliviado pelo fato de não terem prendido meu filho, mas preocupado com a sorte do outro rapaz que fora preso.
- Parece que o rapaz que prenderam era bandido. – disse a enfermeira.
Pensei: Menos mal.
Ouvi as enfermeiras puxa-sacos comentarem que havia um rapaz preso no quarto da semi-UTI.
Soube que ele havia tentado estuprar uma enfermeira, de noite, na saída de serviço do hospital. Mas foi contido pelos seguranças. Foi anestesiado e preso no quarto.
Chegaram uns policiais militares para averiguação do caso.
Os policiais perguntaram quem havia tentado estuprar a enfermeira que foi atacada. A enfermeira puxa saco apontou para o italiano, que sem titubear disse:
- Eu não fui. Cortaram meu pênis. Como poderia estuprar? Não tenho pênis.
Ele quis mostrar que não tinha pênis, mas o policial disse que não precisava, pois ele era muito velho.
Não gostei da atitude dela.
Pensei: Que mulherzinha! Acusar o coitado do italiano. Só falta agora ela dizer que sou eu. Não quero nem pensar para não acontecer.
Pois não é que ela começou a insinuar que fui eu.
Pensei: Essa mulher é uma crápula. Quis prender meu filho e agora quer me prender. Como vou me defender?
Foi quando apareceu outra enfermeira que disse que eu não poderia ter sido o autor, pois estava acamado há muitos dias. Disse que, apesar de eu não aparentar a idade que tenho, quem atacou a enfermeira era uma pessoa bem mais jovem do que eu.
Respirei aliviado.
A enfermeira puxa saco não gostou.
Os policiais entraram no quartinho para ver o garoto. Ele estava inconsciente e dopado. Ficaram pouco tempo e foram-se embora.
Isso foi a minha realidade naquele momento.
De fato concreto, que só fiquei sabendo quando sai da UTI, é que quem estava naquele quarto da semi UTI era um rapaz chamado Christian. Ele tinha feito uma cirurgia de lipo aspiração mal sucedida. Como consequência, houve a perfuração do intestino e outros órgãos do abdômen dele. Ele era filho daquela senhora, que eu achava que tinha matado o marido. Daí a mulher ficar chorando todos os dias. Os policiais que estavam lá eram amigos dele. 

                                      continua no próximo capitulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é bem vindo!
Agradeço sua participação.