Capitulo XX – Nova tentativa de
resgate
Era final de tarde.
Tudo estava tranquilo.
Dra. Kátia estava trabalhando em
seu pequeno lap top branco.
Vi entrar na UTI um jovem
mirrado, de terno. Caminhou até Dra. Kátia.
Curioso, fiquei observando.
Escutei a conversa. Ele se apresentou como advogada jovem. Disse
que estava com uma importância de dinheiro
em espécie para entregar para ela. Mas que só entregaria com a condição de me
levar embora, junto com ele. Estranhei. Eu nunca o tinha visto antes. Aos
poucos fiquei sabendo que ele foi enviada pela minha cunhada Marilu , que tinha dado o dinheiro para que ela
viesse me tirar do hospital.
Pensei: Que atitude legal da
Marilu. Ela esta preocupada comigo e decidiu me ajudar. Assim que eu gosto. Vai la e toma uma atitude,
Não fica preocupada e não faz nada.Vou ficar devendo essa para ela.
Mariana estava próxima. Ouviu a
conversa e se aproximou.
Disse que não concordava com
minha saída. Mas, a Dra. Kátia ponderou que se queriam me tirar da UTI, que pelo
menos ela ganhasse algum dinheiro com isso. Então ele aceitou a proposta.
Dra. Kátia pegou o envelope,
enfiou no bolso do avental. Disse ao advogado que enquanto a equipe dela
estivesse me preparando para sair que ela iria mostrar as dependências da UTI
para que ele visse com os próprios olhos que ali era um local adequado para
minha permanência, mas que se queriam que eu fosse embora ela não iria causar
nenhum obstáculo.
Pensei: Não doutor, não vá. Ela
vai enrolar você. Conheço a doutora Kátia. Por favor, tire eu daqui agora. E
rápido, antes que ela mude idéia.
Mas, ele não captou meus
pensamentos. Não teve jeito. A Dra. Kátia tinha uma lábia e tanto. Enrolou a
advogada. Saíram caminhando pela UTI, enquanto ela ia mostrando os equipamentos
e explicando sua utilização.
Quando voltaram do tour pela
UTI, estava tarde. Já era começo de noite.
Dra. Kátia lamentou e disse que não
podia dar alta á noite. Protocolo do hospital.
Concluiu dizendo que só poderia sair no dia seguinte, pela manhã.
O advogado aceitou as
explicações e começou a se retirar da UTI, quando eu disse:
- Doutora Kátia... Doutora Kátia
e o dinheiro? A senhora tem que devolver.
Ela ouviu o que eu disse.
Imediatamente chamou uma enfermeira e
disse:.
- Maria, corre lá. Toma. Entrega
esse dinheiro para a advogada. Aquele ali. Corre ele está indo embora. Corre
lá.
Virou-se para mim e disse:
- Estava me esquecendo. Já devolvi. Quanto ao
senhor, você continua conosco, ouviu senhor José Geraldo ?
Pensei: Essa mulher é impossível.
Ela não me deixa sair. Será que ela ganha uma porcentagem do que gastam comigo?
Só pode ser. Ela deve ganhar comissão. Por isso ela me entope de remédios e não
me deixa sair. Ela ganha com isso. Tenho certeza.
No dia seguinte o advogado
retornou.
Enquanto a Dra. Kátia conversava
com o advogado e eu aguardava minha saída, aproximou-se de mim um enfermeiro portando
uma seringa com uma agulha curta e me aplicou uma injeção na coxa direita.
Perguntei para ele o que era.
Ele respondeu:
- São bactérias.
- Como assim?
- Para você pegar infecção
hospitalar.
- Não! O que é isso?. Eu não
posso pegar nenhuma doença. Eu vou sair daqui hoje.
- Foi a doutora Kátia quem
mandou.
- Suspende – gritou a Dra.
Kátia.
O enfermeiro me aplicou uma
outra injeção dizendo que era antídoto da anterior.
Passaram-se uns minutos e a Dra.
Kátia ordenou:
- Aplica de novo.
E o enfermeiro me aplicou
novamente a injeção contendo uma bactéria.
Essa situação de aplicar a
injeção e depois aplicar o antídoto ficou por um bom tempo.
Como elas estavam negociando
minha saída, quando parecia que eu ia sair, ela mandava aplicar a injeção.
Quando parecia o contrario ela mandava dar o antídoto.
No corredor que ficava na frente
da minha cama e ligava a outra unidade de UTI observei que havia uma faxineira parada
há algum tempo. Estava encostada em um carrinho de lixo, segurando uma vassoura. Olhava para o nada absorta.. Quieta. Tinha ficado naquela posição
a noite inteira.
Pensei: Coitada. Essa não
descansa nunca. Que vida.
De repente ela veio em direção á
minha cama e jogou todo o lixo que havia no carrinho. Ficou muito lixo
espalhado em volta da minha cama.
Pensei: Eles querem me matar de
infecção hospitalar! Primeiro a injeção, agora o lixo.
Perguntei para o enfermeiro:
- Porque isso?
- Se o senhor sair, sai
infeccionado. Se ficar, não. – disse ele.
- Doutora Kátia. Por favor, doutora
Kátia.
- Pois não.
- Eu não posso sair com infecção
hospitalar. – disse.
- Pois então, senhor José Geraldo , é justamente isso que eu tenho dito sempre.
Que o senhor não pode sair assim. Precisa se tratar.
- Mas foram vocês que provocaram
a doença.
- Que é isso, senhor José? Nós
estamos aqui tratando do senhor. Não fale assim da gente.
- Mas, é verdade.
- Olha, se o senhor continuar
falando desse jeito, as coisas vão piorar. Afinal. o senhor quer ou não quer
sair?
Pensei: O importante é eu sair
daqui o quanto antes. Não vou continuar reclamando. Não adianta. O importante é eu
sair daqui. Depois eu vou a um outro hospital e me trato da infecção hospitalar.
É isso ai
- Lógico que quero.
- Está certo. Já combinei com a
advogada. O senhor vai sair. – disse a Dra. Kátia,.
Em seguida ela mandou as
enfermeiras me prepararem para eu sair.
Mariana não concordava com a
minha saída. Alegava uma série de coisas para demover a mãe, mas acabou
cedendo.
Pensei: É a filha que não quer
me deixar ir. Mas, por quê sera?
Mariana pegou o aparelho de
ventilação mecânica, colocou a máscara em meu rosto e falou para mim:
- Bem, senhor José, já que o
senhor vai embora, precisa antes receber
oxigênio.
O vento que soprava da mascara
era tão forte que fazia minha bochecha tremular.
Pensei: Vou ficar quieto, pois é a ultima vez
que ela me coloca essa porcaria!
- Limpem já essa sujeira aqui ao
lado do senhor José. Vai vir gente da diretoria aqui – disse a Dra. Kátia.
A mesma faxineira que havia
jogado o lixo catou tudo e colocou novamente no carrinho. E saiu da UTI.
Pensei: Essa faxineira não deve
estar entendo nada. Uma hora mandam ela sujar. Na outra mandam ela limpar. Deve
ficar confusa. Coitada.
Apareceu na UTI o Dr. Fernando Mauro
Filho, que veio visitar um paciente amigo dele. Ao passar por mim, pois era o
caminho para chegar a seu amigo, chamei-o e perguntei:
- Fernandinho, olha só o meu
estado!
- Você está bem, Zé.
- Fernandinho, por favor, de uma
olhada se o vento do aparelho não está muito forte?
Ele tirou a mascara do meu
rosto, sentiu o vento, concordou comigo e regulou o aparelho para uma
velocidade menor.
- Não falei que estava forte? O doutor
Fernando...ele é meu amigo, ouviu? É...ele constatou que estava forte e
diminuiu a velocidade. Eu falei que estava forte. – disse para Mariana.
Pensei: Ela sabendo que o
Fernandinho é meu amigo vai obedecer.
Ela aguardou o Dr. Fernando se
retirar, quieta.
Voltou-se para mim, aumentou a
velocidade novamente e disse:
- Precisa ser forte.
Como o Dr. Fernando tinha ido
embora, não teve jeito, tive que aguentar.
Pensei: Tenho que aguentar só
mais um pouquinho. Vou ficar quieto. Paciência.
- Quem vai levar o senhor José
embora? – perguntou Mariana para a mãe.
- A família dele.... Eles devem
estar ai fora, esperando – respondeu Dra. Kátia, descontraída.
- Não! Quem vai levar é nosso
amigo da policia.
- Não entendi. Como assim?– quis
saber a Dra. Kátia.
- Deixa comigo, mãe. A família
dele não vai levar, não. É a policia que vai levar ele. – disse ela rindo.
Pegou o telefone e ligou para um
amigo dela, pedindo para vir me remover.
Pensei: Que é que essa mulher
está armando? Carro de policia me levando para casa? Se fosse ambulância, tudo
bem. Mas, carro de policia? Por quê?... Ah! É isso! Ela quer me matar! O motorista
vai sair guiando como um louco, na velocidade máxima. Vai fazer curvas, de um
lado para outro. Ai ele capota o carro e me mata. Depois diz que foi um
acidente. É isso que essa filha da puta assassina esta tramando!
- Não, doutora Kátia. Quero ir
com minha família. – disse, apavorado.
- Olha, senhor José, não pode. É
um caso especial, tem que ser do nosso jeito.
Pensei: E agora? O que é que eu
faço? Já sei! Aqui todo mundo é corrupto. Antes de o motorista sair
desembestado, vou propor um valor para ele. Claro que ele vai topar. A Dra.
Kátia deve pagar bem menos para ele me matar. É isso ai! Sou mais esperto que
ela e a Mariana juntas.
Qual não foi minha surpresa,
quando vi que o motorista da policia entrou na UTI e deu um beijo na boca da Mariana. Era o namorado dela.
Pensei: Puta que pariu! Fodeu!
Com essa não esperava. Que é que eu faço agora?
- Doutora Kátia. Oi doutora Kátia. Então,
pensei aqui comigo. Decidi que não quero mais sair. A senhora tem razão. É
melhor, primeiro, eu ficar bom. Ai eu saio.
- Senhor José, o senhor precisa
decidir. O que senhor quer? Uma hora quer sair... Depois não quer. Isso está
ficando uma palhaçada. Afinal, o que o senhor quer?
- Quero ficar. Decidi
Pensei: Aqui pelo menos eu ganho
um tempo para pensar em outra saída.
O italiano que a tudo assistia disse:
O italiano que a tudo assistia disse:
- Fez muito bem.
continua no próximo capitulo
continua no próximo capitulo
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