quinta-feira, 3 de julho de 2014

Uma experiencia bio desagradavel - capitulo XX

Capitulo XX – Nova tentativa de resgate

Era final de tarde.
Tudo estava tranquilo.
Dra. Kátia estava trabalhando em seu pequeno lap top branco.
Vi entrar na UTI um jovem mirrado, de terno. Caminhou até Dra. Kátia.
Curioso, fiquei observando.
Escutei a conversa.  Ele se apresentou como advogada jovem. Disse que estava com uma importância  de dinheiro em espécie para entregar para ela. Mas que só entregaria com a condição de me levar embora, junto com ele. Estranhei. Eu nunca o tinha visto antes. Aos poucos fiquei sabendo que ele foi enviada pela minha cunhada Marilu, que tinha dado o dinheiro para que ela viesse me tirar do hospital.
Pensei: Que atitude legal da Marilu. Ela esta preocupada comigo e decidiu me ajudar.  Assim que eu gosto. Vai la e toma uma atitude, Não fica preocupada e não faz nada.Vou ficar devendo essa para ela.
Mariana estava próxima. Ouviu a conversa e se aproximou.
Disse que não concordava com minha saída. Mas, a Dra. Kátia ponderou que se queriam me tirar da UTI, que pelo menos ela ganhasse algum dinheiro com isso. Então ele aceitou a proposta.
Dra. Kátia pegou o envelope, enfiou no bolso do avental. Disse ao advogado que enquanto a equipe dela estivesse me preparando para sair que ela iria mostrar as dependências da UTI para que ele visse com os próprios olhos que ali era um local adequado para minha permanência, mas que se queriam que eu fosse embora ela não iria causar nenhum obstáculo.
Pensei: Não doutor, não vá. Ela vai enrolar você. Conheço a doutora Kátia. Por favor, tire eu daqui agora. E rápido, antes que ela mude idéia.
Mas, ele não captou meus pensamentos. Não teve jeito. A Dra. Kátia tinha uma lábia e tanto. Enrolou a advogada. Saíram caminhando pela UTI, enquanto ela ia mostrando os equipamentos e explicando sua utilização.
Quando voltaram do tour pela UTI, estava tarde. Já era começo de noite.
Dra. Kátia lamentou e disse que não podia dar alta á noite. Protocolo do hospital.  Concluiu dizendo que só poderia sair no dia seguinte, pela manhã.
O advogado aceitou as explicações e começou a se retirar da UTI, quando eu disse:
- Doutora Kátia... Doutora Kátia e o dinheiro? A senhora tem que devolver.
Ela ouviu o que eu disse. Imediatamente chamou uma  enfermeira e disse:.
- Maria, corre lá. Toma. Entrega esse dinheiro para a advogada. Aquele ali. Corre ele está indo embora. Corre lá.
Virou-se para mim  e disse:
 - Estava me esquecendo. Já devolvi. Quanto ao senhor, você continua conosco, ouviu senhor José Geraldo?
Pensei: Essa mulher é impossível. Ela não me deixa sair. Será que ela ganha uma porcentagem do que gastam comigo? Só pode ser. Ela deve ganhar comissão. Por isso ela me entope de remédios e não me deixa sair. Ela ganha com isso. Tenho certeza.
No dia seguinte o advogado retornou.
Enquanto a Dra. Kátia conversava com o advogado e eu aguardava minha saída, aproximou-se de mim um enfermeiro portando uma seringa com uma agulha curta e me aplicou uma injeção na coxa direita.
Perguntei para ele o que era. Ele respondeu:
- São bactérias.
- Como assim?
- Para você pegar infecção hospitalar.
- Não! O que é isso?. Eu não posso pegar nenhuma doença. Eu vou sair daqui hoje.
- Foi a doutora Kátia quem mandou.
- Suspende – gritou a Dra. Kátia.
O enfermeiro me aplicou uma outra injeção dizendo que era antídoto da anterior.
Passaram-se uns minutos e a Dra. Kátia ordenou:
- Aplica de novo.
E o enfermeiro me aplicou novamente a injeção contendo uma bactéria.
Essa situação de aplicar a injeção e depois aplicar o antídoto ficou por um bom tempo.
Como elas estavam negociando minha saída, quando parecia que eu ia sair, ela mandava aplicar a injeção. Quando parecia o contrario ela mandava dar o antídoto.
No corredor que ficava na frente da minha cama e ligava a outra unidade de UTI observei que havia uma faxineira parada há algum tempo. Estava encostada em um carrinho de lixo, segurando uma vassoura.  Olhava para o nada  absorta.. Quieta. Tinha ficado naquela posição a noite inteira.
Pensei: Coitada. Essa não descansa nunca. Que vida.
De repente ela veio em direção á minha cama e jogou todo o lixo que havia no carrinho. Ficou muito lixo espalhado em volta da minha cama.
Pensei: Eles querem me matar de infecção hospitalar! Primeiro a injeção, agora o lixo.
Perguntei para o enfermeiro:
- Porque isso?
- Se o senhor sair, sai infeccionado. Se ficar, não. – disse ele.
- Doutora Kátia. Por favor, doutora Kátia.
- Pois não.
- Eu não posso sair com infecção hospitalar. – disse.
- Pois então, senhor José Geraldo, é justamente isso que eu tenho dito sempre. Que o senhor não pode sair assim. Precisa se tratar.
- Mas foram vocês que provocaram a doença.
- Que é isso, senhor José? Nós estamos aqui tratando do senhor. Não fale assim da gente.
- Mas, é verdade.
- Olha, se o senhor continuar falando desse jeito, as coisas vão piorar. Afinal. o senhor quer ou não quer sair?
Pensei: O importante é eu sair daqui o quanto antes. Não vou continuar  reclamando. Não adianta. O importante é eu sair daqui. Depois eu vou a um outro hospital e me trato da infecção hospitalar. É isso ai
- Lógico que quero.
- Está certo. Já combinei com a advogada. O senhor vai sair. – disse a Dra. Kátia,.
Em seguida ela mandou as enfermeiras me prepararem para eu sair.
Mariana não concordava com a minha saída. Alegava uma série de coisas para demover a mãe, mas acabou cedendo.
Pensei: É a filha que não quer me deixar ir. Mas, por quê sera?
Mariana pegou o aparelho de ventilação mecânica, colocou a máscara em meu rosto e falou para mim:
- Bem, senhor José, já que o senhor  vai embora, precisa antes receber oxigênio.
O vento que soprava da mascara era tão forte que fazia minha bochecha tremular.
 Pensei: Vou ficar quieto, pois é a ultima vez que ela me coloca essa porcaria!
- Limpem já essa sujeira aqui ao lado do senhor José. Vai vir gente da diretoria aqui – disse a Dra. Kátia.
A mesma faxineira que havia jogado o lixo catou tudo e colocou novamente no carrinho. E saiu da UTI.
Pensei: Essa faxineira não deve estar entendo nada. Uma hora mandam ela sujar. Na outra mandam ela limpar. Deve ficar confusa. Coitada.
Apareceu na UTI o Dr. Fernando Mauro Filho, que veio visitar um paciente amigo dele. Ao passar por mim, pois era o caminho para chegar a seu amigo, chamei-o e perguntei:
- Fernandinho, olha só o meu estado!
- Você está bem, Zé.
- Fernandinho, por favor, de uma olhada se o vento do aparelho não está muito forte?
Ele tirou a mascara do meu rosto, sentiu o vento, concordou comigo e regulou o aparelho para uma velocidade menor.
- Não falei que estava forte? O doutor Fernando...ele é meu amigo, ouviu? É...ele constatou que estava forte e diminuiu a velocidade. Eu falei que estava forte. – disse para Mariana.
Pensei: Ela sabendo que o Fernandinho é meu amigo vai obedecer.
Ela aguardou o Dr. Fernando se retirar, quieta.
Voltou-se para mim, aumentou a velocidade novamente e disse:
- Precisa ser forte.
Como o Dr. Fernando tinha ido embora, não teve jeito, tive que aguentar.
Pensei: Tenho que aguentar só mais um pouquinho. Vou ficar quieto. Paciência.
- Quem vai levar o senhor José embora? – perguntou Mariana para a mãe.
- A família dele.... Eles devem estar ai fora, esperando – respondeu Dra. Kátia, descontraída.
- Não! Quem vai levar é nosso amigo da policia.
- Não entendi. Como assim?– quis saber a Dra. Kátia.
- Deixa comigo, mãe. A família dele não vai levar, não. É a policia que vai levar ele. – disse ela rindo.
Pegou o telefone e ligou para um amigo dela, pedindo para vir me remover.
Pensei: Que é que essa mulher está armando? Carro de policia me levando para casa? Se fosse ambulância, tudo bem. Mas, carro de policia? Por quê?... Ah! É isso! Ela quer me matar! O motorista vai sair guiando como um louco, na velocidade máxima. Vai fazer curvas, de um lado para outro. Ai ele capota o carro e me mata. Depois diz que foi um acidente. É isso que essa filha da puta assassina esta tramando!
- Não, doutora Kátia. Quero ir com minha família. – disse, apavorado.
- Olha, senhor José, não pode. É um caso especial, tem que ser do nosso jeito.
Pensei: E agora? O que é que eu faço? Já sei! Aqui todo mundo é corrupto. Antes de o motorista sair desembestado, vou propor um valor para ele. Claro que ele vai topar. A Dra. Kátia deve pagar bem menos para ele me matar. É isso ai! Sou mais esperto que ela e a Mariana juntas.
Qual não foi minha surpresa, quando vi que o motorista da policia entrou na UTI e deu um beijo na boca da Mariana.  Era o namorado dela.
Pensei: Puta que pariu! Fodeu! Com essa não esperava. Que é que eu faço agora?
 - Doutora Kátia. Oi doutora Kátia. Então, pensei aqui comigo. Decidi que não quero mais sair. A senhora tem razão. É melhor, primeiro, eu ficar bom. Ai eu saio.
- Senhor José, o senhor precisa decidir. O que senhor quer? Uma hora quer sair... Depois não quer. Isso está ficando uma palhaçada. Afinal, o que o senhor quer?
- Quero ficar. Decidi
Pensei: Aqui pelo menos eu ganho um tempo para pensar em outra saída.
            O italiano que a tudo assistia disse:
- Fez muito bem.


                                      continua no próximo capitulo

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